Aquele com o elogio

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- E você simplesmente o deixou ir embora, sem perguntar mais nada sobre ele?

Cometi o erro tosco de contar para Cat sobre a "visita" de Gabriel ao palácio.

- Ele disse que era um funcionário e eu acreditei. - Dei de ombros enquanto terminava de ler mais uma página do meu livro. - Além do mais, o que eu ia perguntar?

- Se ele era solteiro, onde ele morava...

- Cat, desculpa, mas eu acho que você é a única pessoa que pergunta se alguém é solteiro na primeira vez que o vê.

Ela soltou uma pequena risada ao que eu disse.

- Mas você o descreveu como um príncipe. Olhos azuis, misterioso, educado... - Minha amiga colocou a mão no peito e fechou os olhos. - Já estou apaixonada e nem o vi ainda.

Dessa vez quem riu foi eu.

- Pode ficar. Eu estou dando um tempo com garotos. Aliás, eu não vou seguir seus conselhos sobre relacionamentos nunca mais.

Ela olhou para mim com uma falsa expressão de mágoa.

- Não é culpa minha se, na hora que eu disse pra você ir atrás do Felipe, a doida da sua irmã resolveu ir atrás dele também. Como eu ia saber?

Na hora que eu iria fazer um comentário sarcástico, a professora entrou na sala, mandando todos abrirem os livros.

Me aproximei discretamente de Cat.

- Só pra você saber, o rapaz do jardim me fez esquecer o Felipe por dez minutos seguidos.

Isso significava que ele era tão lindo que o meu crush mais recente e avassalador tinha saído da minha mente pela primeira vez em meses.

Cat ficou boquiaberta a aula inteira.

Quando cheguei em casa, decidi ir direto até minha mãe para falar a ela sobre o misterioso garoto que surgiu no jardim de papai.

Entretanto, quando entrei em seu escritório, vi o mesmo sentado na poltrona em frente de minha mãe.

Fiquei um pouco assustada, porém aliviada de vê-lo casualmente no palácio.

- Então você realmente trabalha aqui. - Soltei um suspiro de alívio. - Ainda bem, fiquei assustada por um minuto.

Gabriel apenas ficou me encarando com um sorriso divertido no rosto.

- Não trabalhava. - Minha mãe quem me respondeu, esperava um tom de raiva, mas este não veio. Ela estava tão serena como sempre. - Mas agora trabalha. Gabriel ficará responsável por ajudar os pintores do palácio a renovar a decoração sempre que necessário.

- Acontece de eu apreciar muito a arte e a pintura, igual a sua mãe. - Foi a primeira vez que eu vi algo inocente nos olhos dele.

- Isso, e como ele não tem nenhum lugar para ficar, vou realocá-lo em um dos aposentos dos servos de antigamente. Lá no porão. Ele disse não se importar. - O garoto balançou a cabeça em afirmação. - Agora, querido, se me dá licença, eu gostaria de falar com minha filha a sós.

Gabriel se levantou e fez uma reverência extremamente exagerada e saiu da sala.

Minha mãe apontou a cadeira, agora vazia, com a cabeça, indicando para que eu me sentasse.

- Por que não me contou que havia encontrado alguém estranho no palácio no meio da noite?

Ela realmente não parecia zangada, mas a minha mãe tinha um jeito intimidador, que geralmente nos fazia confessar qualquer coisa.

Quem é ela - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora