Aquele com a bomba

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O dia amanheceu e a luz do sol invadiu a janela do meu quarto, refletindo diretamente no meu rosto.

Noites do pijama com Cat são sempre divertidas, porém, com o clima de ontem, não conseguimos fazer nada que não ficar em silêncio e dormir.

Medo não era exatamente a palavra que usaríamos para descrever o que sentimos em relação a aparição da tia de minha mãe no baile de ontem.

Para dizer a verdade, não tinha certeza da palavra exata que usaríamos para esse sentimento. Nenhuma parecia adequada. Medo, indignação, tristeza por eles... tudo ao mesmo tempo.

Sem falar de Gabriel. Ele era um deles, um psíquico da morte. Havia nos enganado e eu ainda não tinha certeza de suas intenções.

Mesmo assim, o dia ainda surgiu.

Olhei no relógio ao meu lado e vi que ainda era cedo. Muito cedo. Mas a movimentação do palácio fora do meu quarto já estava começando.

Bem alto, deve-se notar.

– Eu não me lembro de eles serem tão altos de manhã. – Cat murmurou ainda dormindo da rede que eu havia estendido para ela.

– Nem eu, na verdade.

Levantei-me, vestindo a primeira roupa que vi pela frente. Alguma coisa não estava certa lá fora e eu tinha que saber o que era.

Assim que saí do quarto, vários guardas correram pelo jardim que ficava no meio do palácio, alguns esbarraram em mim e emitiram um pedido de desculpas apressado.

Olhei ao redor, procurando alguém que pudesse explicar para mim o que estava acontecendo e, sem sorte, caminhei na direção do escritório do meu pai, onde ele estava logo em frente, conversando com o general do exército psíquico que minha mãe havia fundado para que adolescentes treinassem seus poderes para enfrentarem alguma ameaça que pudesse surgir. Todos os jovens haviam escolhido participar, é claro.

Me aproximei de meu pai, sentindo o coração acelerar em um crescente nervosismo que se estendia dentro de mim. O que teria acontecido para haver tantas pessoas se movimentando no palácio a essa hora da manhã?

– Papai. – Chamo assim que chego perto o suficiente para ele me ouvir.

O rei e o general param de falar e dirigem o olhar até mim, que acabei de chegar até eles.

– O que está acontecendo?

Meu pai olhou para o general e depois para mim.

– Querida, eu pensei que você estivesse dormindo, ainda é tão cedo.

Ele está tentando mudar de assunto. O que faz o meu nervosismo aumentar substancialmente.

– Eu sei que é cedo. – Respondo, apenas, encarando-o profundamente em busca de respostas. – O que aconteceu?

Ele respirou fundo, sabendo que eu sou tão teimosa quanto minha mãe e vou insistir que ele me dê uma resposta.

– Uma bomba explodiu no acampamento do exército de jovens psíquicos.

E, simples assim, ele passou por nós.

Gabriel.

Não como ele passou pelos corredores antes, dessa vez, ele estava algemado e sendo levado por dois soldados.

O rapaz dirigiu os olhos azuis até mim enquanto passava, ele não estava nervoso.

Meu pai percebeu que eu o observei até que ele dobrasse em um dos corredores. Para as celas, eu notei.

Quem é ela - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora