A irmã do Nathaniel

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Mesmo á uma certa distância, consegui ouvir Nathaniel e sua irmã conversando, uma coisa boa de ser um alfa é  ter uma audição realmente privilegiada. Ele estava contando a irmã que me trouxera para fazer o trabalho em dupla e tentava explicar para a mesma os seus motivos e ela, por sinal, não parecia ter compreendido ou gostado muito da idéia. Tudo o que posso dizer, é que com certeza eles não se davam muito bem, até eu que estou apenas escutando uma (das provavelmente muitas ou não tantas assim) conversas deles, consegui perceber que ela não gostava dele e o sentimento era recíproco 

Nathaniel voltou para o quarto com a expressão cansada, como se ele já não aguentasse mais aquilo, ele tentava disfarçar e fazia isso muito bem, mas eu sempre fui bom em ler os sentimentos das pessoas, não querendo o desgastar ainda mais, não falei nada, nem o perguntei o que aconteceu

-Castiel... Minha irmã quer conhecer você,  vem comigo para eu te apresentar a ela?- deu um sorriso amarelo e eu fingi não perceber que ele não queria que eu a conhecesse e o segui até estar diante da menina, que supostamente seria a irmã dele. Não posso negar que ela era bonita e  atraente, ela era uma beta, seus cabelos eram loiro, só que encaracolados, diferente dos de Nathaniel que eram lisos e seus  olhos eram de um verde vivo muito bonito, realmente chamavam a atenção de  quem a olhasse, mas nem de longe seus olhos chamavam tanta atenção como os de Nathaniel, que possuia os olhos intensos e em um lindo tom de azul. Ela até podia ser bonita, mas se comparada ao irmão não parecia nada além de uma fuinha desajeitada. A voz de Nathaniel cortou o silêncio que havia na sala e eu voltei meu olhar para o mesmo, aproveitando a oportunidade para analisar cada detalhe do loiro, que aos meus olhos parecia cada vez mais perfeito 

-Castiel, essa é minha irmã, Ambre- disse tentando soar normalmente, mas consegui sentir o nojo em sua voz, já estava o conhecendo melhor - Ambre, esse é Castiel- falou terminando de nos apresentar, virei novamente para olhar a garota, que corava enquanto olhava para mim. É só o que me faltava, ter a pirralha  provavelmente piranha apaixonada por mim

-Você parece ser legal- disse ela para mim sem parar de me olhar e me deu um sorriso de canto, não demorou muito para ela continuar a falar- O que um cara legal como você esta fazendo perto dessa pessoa ridícula e inútil que eu tenho que chamar de irmão? Você deveria largar ele aí sozinho, ele termina o trabalho de vocês dois e coloca seu nome, o que acha de dar uma voltinha comigo?- Ela mordeu o lábio numa tentativa falha de ser sexy, o que a deixou ainda mais repugnante na minha opinião.

Não sei porque isso mexeu tanto comigo, mas ao ouvir o que ela disse para mim perto de Nathaniel, (que eu percebi que se encolheu na hora, como se tivesse medo), senti meu sangue ferver dentro de mim, eu iria responder o que ela me disse, porém ela não ia gostar nenhum pouco da resposta

-Olha aqui, não sei qual é o problema entre você e o seu irmão, mas você não tem esse direito!- minha voz estava em um tom baixo porém assustador- Não tem o direito de humilhar ele na frente de alguém, você já parou para pensar em como ele se sente?- ela estava ficando cada vez mais pálida conforme eu ia falando- Ah! E respondendo a sua pergunta, NÃO, eu não vou deixar ele terminar o nosso trabalho sozinho e NÃO eu não vou sair com você, pessoas da sua laia, que precisam inferiorizar os outros para se sentir melhor, me dão é repulsa- Quando eu terminei de falar percebi que ela estava chorando, mas estranhamente não senti nenhum remorso, isso é muito estranho, mas não me sinto mal por isso

Ambre saiu correndo nos deixando á sós, me virei para ele e quase ri quando o vi paralisado, de tanto que ele havia ficado surpreso, ah! Que se foda que ele é um alfa Lúpus, meu desejo de proteger ele é maior do que qualquer classificação, não sei porque, mas uma vontade começou a crescer em mim, eu queria ver o seu sorriso, não aqueles sorrisos casuais ou gentis que ele sempre dava, mas seu sorriso de alegria, no qual dava para ver que estava alegre até á quilômetros de distância, sorriso esse que nunca vi em seu rosto, Nathaniel já tinha voltado a prestar atenção em mim, suas bochechas estavam levemente coradas, esse ser adorável que estava a minha frente nem parece o Alfa Lúpus dominante que havia me agarrado antes da pirralha nos interromper. Sem me importar com qualquer coisa ou pensamentos coerentes que pudessem me impedir de fazer aquilo, segurei a mão de Nathaniel e o guiei até o seu quarto, fomos até lá em um completo silêncio, que estava começando a ficar desconfortável, nos sentamos na cama e eu olhei para ele, me surpreendi ao perceber que Nathaniel também estava olhando para mim, ele não desviou o olhar quando eu comecei a fitar seus olhos

-Podemos conversar sobre o que aconteceu? -Eu tentava passar confiança na voz- Sei que não nos conhecemos a muito tempo, mas...- engoli em seco- eu.. eu quero te ver bem, me conta, você tem alguma idéia do que possa ser o motivo dela te tratar daquele jeito?... olha, eu não quero ser intrometido, só quero te ajudar- Eu realmente queria ajudar aquele alfa, queria ver ele bem, não menti em nenhuma palavra

Ele ficou pensativo por um bom tempo, como se estivesse pensando se poderia ou não me contar aquilo, cheguei até a achar que ele não iria me responder, mas quando abri a minha boca para falar algo ele me interrompeu 

-Eu também quero que você fique bem, e... eu sei porque a Ambre não gosta de mim- Esperei que ele continuasse, mas ele não o fez, então eu tomei coragem para pergunta-lo o motivo 

-Qual o motivo?- Eu tinha que saber o porquê disso, mesmo não sendo da minha conta

-Talvez você me odeie por isso, mas eu sou Gay, Ambre sabe disso e por isso me acha uma aberração, nossos pais também sabem  e assim como ela me desprezam, mas eu sou útil para eles então ainda me aturam, isso é tudo que eu posso contar, não insista- Resolvi não insistir, saber mais um pouco da vida dele me partiu o coração, eu queria destroçar quem o fez sofrer, queria consolar ele e ao mesmo tempo eu estava um pouco feliz, se ele era gay, então eu tinha uma chance, né?

 Mas em que merda eu estou pensando!? Eu não sou gay... ou sou? Não, eu nunca tinha me sentido assim por um alfa antes de ter o conhecido, mas também não posso negar que o quero mais do que como amigo

Por fim, decidi dar uma trégua na minha guerra interna e abraçar Nathaniel, ele era a prioridade naquele momento

-Você não esta com raiva de mim por ser gay? Se esta fazendo isso por pena eu dispenso, nunca fui e nem quero ser digno de pena- Ele estava sério, e eu também, novamente reuni toda a coragem que eu tinha no momento para responde-lo

-Eu não tenho raiva de você, eu não sei mais o que eu sou, não sei se sou Hétero, Bi ou Homo- suspirei, não poderia correr para sempre, eu precisava encarar os fatos- E quanto a sentir pena- Fitei seus olhos, que retribuiram o meu olhar na mesma intensidade- Não é questão de estar ou não, eu só... não posso deixar que alguém te faça mal- Desviei o olhar levemente corado

-Você gosta de mim? Como Alfa - Me surpreendi com a pergunta, desviando o contato visual e ficando levemente corado, meus batimentos aceleraram feito loucos, Nathaniel não parou de me olhar nem por um minuto e continuou esperando que eu o respondesse. Eu não conseguiria falar aquilo cara a cara com ele, então abaixei minha cabeça e falei bem baixo que achava que sim, baixo o bastante para ninguém ser capaz de ouvir, mas como ele é um Lúpus, deveria ter conseguido me escutar

-Vou ser sincero, você merece isso, eu não quero me apaixonar por ninguém, se quiser ter algo comigo, vai ser puramente físico, a gente pode deixar às coisas irem acontecendo aos poucos, não vou te forçar a nada que você não queira- Então era isso, pensei comigo 

Não posso negar que eu me sinto atraido por ele, talvez se nós tivermos sexo isso passe, ou se não passar, com eu mantendo algum tipo de relacionamento com ele vai ser mais fácil de conquista-lo, então a minha melhor opção é aceitar, fiz que sim com a cabeça, vi ele dar um leve sorriso e logo em seguida me beijou como se sua vida dependesse disso, sua língua explorava toda a minha boca em movimentos uma hora rápidos outra lentos, quando terminamos de nos beijar eu já estava duro e percebi que ele também, parece que não fui só eu que fiquei animadinho com o beijo, antes que ele percebesse, cobri minha ereção e me despedi dele dizendo que já estava tarde demais e que eu precisava voltar para casa, o que não era mentira

Andei a pé até chegar em minha casa, que não era muito longe da dele, entrei, tranquei a porta e me deitei em minha cama  pensando em tudo que aconteceu

Será que eu havia fechado um acordo com o diabo?

Fechei meus olhos, de repente escuto meu celular tocar, o pego e vejo que recebi uma mensagem de Nathaniel; "Boa sorte com a ereção"- Maldito! Então ele percebeu, pensei comigo e corei fortemente, me abraçando ao travesseiro 

Amanhã eu vou ve-lo novamente, espero essa noite passe rápido, esse foi o meu último pensamento coerente antes de dormir




                                  Continua...

Dois Alfas, um amor (Nathaniel x Castiel)Onde histórias criam vida. Descubra agora