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- Corre Anna, Corre mais rápido!

A voz gritava atrás de mim, minhas pernas já estavam trêmulas , a fraqueza dominava meu corpo por inteiro, as gotículas de suor escorriam pela minha testa e pelo meu pescoço. Minha respiração estava ofegante fazendo com que o cansaço tomasse conta de mim fazendo meu corpo entender e diminuir a velocidade.

Me apoio em uma das árvores na tentativa de estabilizar minha respiração, sinto o ar fresco bater contra meu rosto fazendo com que todo meu corpo se arrepiasse com o choque térmico. Ajeito minha postura sentindo todos os meus músculos doerem me fazendo soltar um gemido de dor, sinto a presença que estava correndo atrás de mim e me viro para olha-la.

- Tão rápida como uma tartaruga. - A voz ofegante ironiza me fazendo revirar os olhos.

- Como você é engraçada Bella, meu Deus!. - digo em um tom debochado em seguida ouço sua risada.

Desde quando a conheci já havia percebido que seríamos amiga, melhores amigas. Isabella e eu nos conhecemos na faculdade, no primeiro semestre desde então não nos desgrudamos mais.

- Sou um poço de humor, quanto mais fundo pior. - a mesma diz me fazendo rir a acompanhando na caminhada.

Estávamos nos exercitando no parque, como sempre fazemos nas segundas de manhã antes de irmos para o estágio que aliás me deixa mais nervosa do que nunca.
Caminhamos até um carrinho de sorvetes onde pedimos dois de chocolate, nossos preferidos.

- Está animada pra hoje? - pergunto a ela que sentou em um dos bancos do parque, faço o mesmo ficando ao seu lado.

- Muito, e você? - a mesma ironiza começando a tomar seu sorvete.

- Sim, não vejo a hora de ter meu crachá em mãos. - abro um sorriso animada.

- E o diagnóstico de loucura também né! Tantos hospitais psiquiátricos você me escolhe logo aquele Anna?

Bella diz me fazendo revirar os olhos, eu sei que ela se preocupa comigo mas não iria acontecer nada de ruim.

- Para de ser exagerada Isabella, lá não é tão ruim assim....

Minha amiga gargalha ironicamente me fazendo revirar os olhos e encara-lá, o que fez ela ficar seria e parar de rir.

Bedlam como era chamado causa arrepios em qualquer pessoa que escuta esse nome, lá vive dos doentes mais severos aos mais graves e são esses que especificamente atraem minha atenção. Sou corajosa? Não, mas sou curiosa e teimosa demais para me aprofundar em cada história daquele lugar.

O professor da faculdade nos instruiu a fazer pesquisas sobre os pacientes que ali habitavam, e cada vez que eu mergulhava em cada história me sentia no dever de ajudá-los a terem um diagnóstico. Muitos dos pacientes estão ali sem qualquer tipo de relatório onde comprova sua doença psicológica, e eu quero dar uma solução a eles.

2 horas para o estágio.

Poderia muito bem dizer de onde eu vim ou o que aconteceu para que eu gostasse tanto da mente humana, e a resposta é bem simples....

Traumas.

Uma infância destruída por um pai que sofria de alcoolismo, onde revelava seu verdadeiro monstro quando bebia.

Flashback on.

- Venha meu bebê, sente-se no meu colo. -papai pedia sorrindo.

- Não quero papai. - meu olhos estavam cheio de lágrimas, não posso chorar se não vou apanhar.

Psychotic Blood | Tom Holland Onde histórias criam vida. Descubra agora