Mais Pobre Que Tudo

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Era exatamente uma e trinta da tarde quando Katia Toshiba desceu do seu carro particular. Se quer disse adeus ao chover. O homem de baixa estatura que se esticava para poder enxergar a estrada já não se importava com isso, estava completamente acostumado com a personalidade tóxica da filha de seu patrão.

Os cabelos louros quase brancos, cortados em chanel balançavam lindamente enquanto ela caminhava para entrar na universidade. Katia vestia um blazer branco com uma blusa azul simples e uma calça jeans lavada. Os acessórios eram os enormes óculos de sol que lhe conferiam a aparência de uma mosca, uma bolsa verde de mão e brincos grandes de diamante que pendiam de suas orelhas.

Não se pode dizer que todos os Toshiba's tinham um péssimo gosto de moda, mas ela e o pai eram com toda certeza excêntricos no modo de vestir. Roupas pouco chamativas quando separadas, mas a união de todas não acabava muito bem. O problema é que se alguém quisesse lhe criticar teria de enfrentar um enorme fila de quase cem mil pessoas e quando chegasse sua vez de falar ainda teria de ter pulso forte e habilidades de luta, pois aquela garota não costuma levar desafora para casa.

O toque toque dos seus saltos de camurça vermelho, ressoavam entre as paredes da USP, como que um relógio contando os minutos até a hora que sua pilha acabará. Aquele barulho não estava contando os minutos, mas contava algo do qual Katia nunca se esqueceria e que mudaria sua história para sempre.

Era quatro de março de dois mil e vinte, a jovem Toshiba se encaminhava para a primeira aula do dia, algo como Cálculos blábláblá.... afinal quem precisa estudar alguma coisa quando se tem milhões no banco? Qualquer de seus colegas sabia, embora não ousassem dizer, que ela só chegara ao terceiro trimestre do curso de Engenharia Mecânica graças aos "presentes" que o pai dava ao diretor da universidade.

Como de costume Kátia se sentou sozinha na última cadeira da sala, os colegas não ocupavam as carteiras próximas já que ela não era muito simpática. Sacou o telefone da brega bolsa verde e começou a mandar mensagens. Tinham se passado vinte minutos desde que ela tinha pego o celular, mas por algum motivo ninguém chamou sua atenção para o homem com bigode grande que explicava a matéria na frente da turma.

- Pessoal desliguem o celular! – disse o professor, quando um celular, que não era o de Kátia, vibrou próximo a porta.

Sem desviar completamente o olhar do seu celular, a mulher encarou o professor, pegou o celular que repousava no canto da carteira. Logo outras pessoas começaram a pegar os seus celulares que também passaram vibrar. Parecia uma sinfonia desordenada onde o único instrumento era o "plim" de várias mensagens sendo recebidas.

Se Kátia não fosse tão soberba, talvez tivesse percebido o cochicho dos colegas - e até mesmo do professor que agora checava seu celular - um pouco mais cedo. Mas foi só quando a pior mensagem de sua vida atravessou diversos aparelhos e ondas para chegar no seu telefone foi que ela percebeu os olhares e risadinhas.

Não era possível. A mensagem só poderia estar errada, nada poderia explicar a prisão repentina de seu pai. Ela não fazia ideia do porquê, o pai nunca se envolvera com coisas ilegais, pelo menos até onde ela sabia sua fortuna teria vindo de investimentos na bolça de valores e de um bilhete de loteria. Ela releu pela segunda vez a mensagem:

"Kátia, tenho péssimas notícias, seu pai foi preso, preciso que venha até a delegacia ás três horas... ele quer falar com você."

A mensagem era de Hipper, o secretário pessoal de seu pai.

Agora já eram duas e vinte. Pegou o celular e ligou para o chover que não atendeu. O que poderia estar acontecendo? Tentou mais duas vezes e nada. Foi então que percebe que estava de pé em meio a sala de aula.

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⏰ Última atualização: Jun 20, 2021 ⏰

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