🗝A CASA

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Desde criança ouvi histórias sobre fantasmas e entre outras coisas que me tiravam o sono na época. Mas depois de crescida, passei a acreditar que essas histórias não passam de contos para pôr medo nos idiotas.

Bom... era o que eu achava! Acabei de me mudar para a casa nova, e fazem 6 dias desde que coisas estranhas começaram a acontecer por aqui, portas batendo, vultos passeando pela casa durante o dia e a noite, tipo um filme de terror mesmo. Nunca cheguei a morar sozinha, essa é a primeira vez sem ter meus pais por perto ou minha melhor amiga pra compartilhar o apê.

A casa tem uma boa localização, na parte de trás da casa, tem uma vista linda para a floresta, e sempre gostei bastante da natureza, acho que foi um dos motivos pelos quais eu decidi investir minhas economias. A casa é grande, tem um primeiro andar, e toda uma arquitetura amadeirada, ela me encantou sem dúvidas.

O primeiro dia foi tranquilo, arrumei 60% das minhas coisas, que nem chegam a ser muitas, e estava cansada o suficiente para apagar rapidamente em meu quarto.

No segundo dia me levantei e fui preparar o café da manhã, estava feliz pela casa ser toda minha. Enquanto preparava uma omelete, ouvi a porta de trás abrir, pensei eu que seria alguma vizinha querendo desejar boas vindas, então abaixei o fogo e corri para ver quem seria, ao chegar lá não vi ninguém, " foi apenas o vento" -pensei eu .

Virei-me de costas para a porta, para voltar para a cozinha, já que o fogo estava ligado. Ao passar pelas escadas, vejo uma sombra de uma pessoa subindo depressa e indo em direção ao meu quarto, o que particularmente me apavorou. Corri até a cozinha e desliguei o fogo, que estava quase queimando o meu café da manhã, e peguei uma faca que para mim estava afiada o bastante.

Subi as escadas em passos silenciosos, mas minha respiração ofegante e a mão trêmula deixava explícito o meu medo naquele momento. Em frente à porta do meu quarto, paro e respiro fundo tomando coragem para abrir a porta e enfrentar seja lá o que estivesse lá dentro.

Fechei os olhos e abri a porta, meu coração quase saltava para fora do peito, reabri os olhos e rapidamente olhei em cada canto do quarto, notando que não havia nada ali, olhei embaixo da minha cama e nos outros cômodos, mas não havia nada ali.

"Estou delirando, devo ter dormido mal, ou pode ser o complexo por estar sozinha, essas coisas nunca me assustaram, por que assustariam agora?!" -Falei para mim mesma, tentando me convencer disso.

Voltei para a cozinha, mas não estava mais com fome o suficiente para comer tudo, então guardei o resto no microondas e fui ajeitar o resto das minhas coisas. No fundo do guarda roupa havia um pedaço de papel, o peguei para jogar fora e limpar o guarda roupa, mas percebi que havia algo escrito, forcei a vista e finalmente pude entender o que aquelas letras minúsculas diziam.  "Saia agora!"  

Deixei isso para lá, amassei o papel e continuei arrumando tudo, no fim do dia estava exausta mais uma vez, então decidi ver uma série na tv, mas peguei no sono não muito tempo depois. Ouço passos pela casa, então me acordei e resolvi olhar o que  mais uma vez tirava minha paz, porém não havia nada ali, comecei a cogitar a possibilidade de que todas as histórias de fantasmas são reais.

Dias se passaram, e não houve um santo dia que eu fosse amedrontada seja lá pelo que estiver aqui. O mais estranho é que sempre via alguém passando pela casa, ou a porta dos fundos abrindo sem explicação.

No quinto dia, finalmente uma vizinha veio me visitar, ela parecia gentil, mas estranhei seu comportamento ao se recusar a entrar, deixando apenas uma cesta de pães em minhas mãos. Ela parecia saber de algo, mas antes que eu perguntasse, ela virou-se depressa, e hesitei em perguntar, apenas gritei um obrigado.

Coloquei a cesta no balcão e fui até o mercado fazer algumas compras que estava precisando, foi tudo tranquilo, por um momento esqueci que estava sendo atormentada por algum "fantasma" naquela casa.

Cheguei em casa e me dirigi até a cozinha para pôr as chaves em cima do balcão, foi quando percebi que a cesta de pães que havia deixado sob o balcão, agora estava no chão. Obviamente aquilo me assustou, até porque, o vento não teria como ter sido o culpado.

Como sempre, ignorei aquilo e fui tomar um banho, preparei a janta e assisti ao noticiário. Enquanto estava concentrada, algo passou a mão em meu cabelo de uma forma rápida, virei assustada para ver o que havia sido e não tinha nada nem ninguém alí. Desliguei a TV e fui para o quarto, achei que se eu dormisse o dia chegaria logo.

No meio da madrugada, sinto uma respiração próxima ao meu ouvido, então me acordei rapidamente e olhei ao redor, mas não via nada. Aquilo me tirou o sono por alguns minutos, então voltei a dormir, porém, mais uma vez fui interrompida, algo puxou minha perna, eu senti e juro por tudo que há de mais sagrado na terra... Alguma coisa puxou a minha perna! Me encolhi no canto da cama, e enquanto estava trêmula, não piscava uma vez sequer.

Enquanto tateava meus olhos no escuro do quarto, vejo uma mulher parada atrás da porta, sem muita demora ela correu em minha direção, me fazendo gritar muito alto, na tentativa de um pedido de ajuda.
Abri os olhos e novamente, não havia nada ali.

Assim que amanheceu, resolvi ir atrás da senhora que veio até minha casa, ela parecia saber de algo, e o ocorrido da noite passada foi o suficiente.

Ela pediu desculpas pelo mal comportamento durante sua última visita, mas não suportava ficar naquela casa. Perguntei o porquê de todo esse medo, e se ela poderia me dizer o que tinha acontecido .

Ela contou que naquele terreno era um cemiterio, mas uma empresa de imobiliária, resolveu construir aquela casa no mesmo local, o que segundo ela, foi uma tremenda burrice, já que isso era um desrespeito aos mortos.

Comentei com ela, o que tinha acontecido na noite passada, e ela disse que o último morador da casa, morreu faz 3 meses, acharam o corpo dele no final da escada, e a perícia falou que o corpo teria sido arrastado até lá. Isso me apavorou, me despedi da senhora e voltei para casa, resolvi me mudar na manhã seguinte. Arrumei minhas coisas, apenas o necessário.

Ao terminar, me virei para ligar para um uber e sair deste lugar. Mas já é tarde... todos eles estão aqui, a minha volta, me vendo paralisada pelo meu próprio medo, e acho que eles estão gostando disso, pois estão todos sorrindo em minha direção...

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⏰ Última atualização: Sep 13, 2020 ⏰

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