Acordo sentindo alguns incômodos, meu corpo todo dói. Abro os olhos e não reconheço o quarto onde estou. Tento puxar na memória os acontecimentos da noite anterior.
Como um faixo de luz na escuridão as cenas da noite passada vem na minha mente.
Não pode ser!! Eu fiz sexo com um estranho! Como eu pude fazer isso. Com que cara eu vou olhar para as pessoas na rua. Todo mundo vai saber que eu não sou mais virgem. Deixa de ser idiota Sophie!Tento me levantar da cama e vejo minhas roupas no chão. Preciso me vestir antes que o cara me veja nua. Ah não! Ele já me viu! Começo a vestir minhas roupas e olho para o meu corpo cheio de marcas. Sinto vergonha ao me lembrar como essas marcas foram feitas.
Termino de vestir as minhas roupas e olho para os lados a procura do homem misterioso. Ele deve estar no banheiro. Eu devo ter dormido por muito tempo pois até suas roupas ele já vestiu. Vou esperar por ele aqui.
Como será que devo agir quando ele sair? O que eu vou dizer? "Oi, meu nome é Sophie, nós transamos ontem e eu gostaria de saber o seu nome". Que ridículo. Não posso dizer isso. Nenhum livro que li me preparou para esse momento.
Fico presa em meus pensamentos e nem vejo o tempo passar. Percebo que se o homem estivesse dentro do banheiro ele já deveria ter saído. Resolvo ir até lá e conferir. Com delicadeza e medo de ser pega , abro a porta devagar. Ele não está aqui. Não há nenhum sinal dele. E agora? Onde ele poderia ter ido?
Pego todas as minhas coisas para sair do quarto. Percebi que o meu broche não está em lugar nenhum. Me sinto triste por tê-lo perdido. Era um presente que minha mãe deixara para mim. Era algo que nos conectava.
Desço até a recepção e pergunto pelo homem que estava comigo. A recepcionista me olhou com pena e disse que ele havia deixado o local durante a madrugada e que já tinha pagado tudo.
Apenas dou um aceno e saio dali. Meu coração está apertado. Estou sufocada. Tento segurar as lágrimas mas é impossível. Ele foi embora enquanto eu dormia. Depois da noite que tivemos ele teve coragem de sair sem dizer nada. Eu me entreguei a ele. Não pode ser. Que cretino. Eu nunca mais quero ver ele na minha frente. Só de pensar que eu cheguei a cogitar a ideia de termos algo. Como sou ingênua. Talvez ele até seja comprometido. Isso só prova o quanto eu preciso amadurecer. A vida é muito diferente dos livros.Preciso deixar de ser a menina em seu castelo protegida pelo pai. Preciso me lembrar que agora estou só e tenho que me reerguer. A vida não é um mar de rosas. Eu errei em confiar em alguém que não conheço e essas são as consequências. Que isso me sirva de lição.
Já são quase dez da manhã e preciso correr atrás do meu futuro. O primeiro lugar que vou é a faculdade. O primeiro semestre já havia finalizado e só faltava realizar uma prova que não pude concluir devido ao falecimento do meu pai.
Caminho pelo campus e penso o quanto amo esse lugar. Foi aqui que o meu pai se formou em Publicidade. Eu estudava Administração para um dia poder assumir a presidência da nossa empresa. Eu sempre gostei de estudar. O conhecimento é a força que move o mundo. Me dói muito pensar na possibilidade de não poder estudar mais.
Espero por algum tempo para poder conversar com o reitor. Assim que entro em sua sala ele se levanta e me dá um abraço e diz sentir muito por meu pai. Explico para ele toda a situação e digo que precisarei de uma bolsa de estudos até que consiga pagar as mensalidades.
-- Sophie querida, sinto muito em não poder ajudá-la. Você é uma ótima aluna assim como o seu pai foi. Infelizmente o programa de bolsas é iniciado todo primeiro semestre então o desse ano já se encerrou e não temos mais vagas. No ano que vem terei o maior prazer em recebê-la novamente.
-- Entendo. Obrigada por tudo de qualquer forma. Tentarei encontrar algum emprego para pagar a faculdade.
-- Sei que conseguirá. Boa sorte.
Saio da sala e respiro fundo. Nem tudo é como a gente quer não é mesmo? Não posso desanimar. Por mais difícil que seja eu não posso desistir. Me lembro de um livro que li na infância em que a protagonista sempre tentava ver o lado bom das coisas. É isso aí. Bola pra frente.
O próximo lugar da minha lista é a empresa. Talvez esse seja o lugar mais difícil. Saber que algo que tanto sonhei jamais será meu me dói profundamente. Tentarei falar com o Alfred, ele sempre foi um funcionário de confiança do meu pai. Talvez ele saiba de algum lugar onde eu posso ficar por uns dias e até mesmo algum emprego.
Me dirijo ao prédio já com uma dor no coração. O lugar é magnífico. Sempre me encantou. Passei boa parte da minha infância correndo pelos corredores. Conheço todos os funcionários e admiro o trabalho de cada. Meu pai sempre me ensinou que a maior riqueza de qualquer empresa são seus funcionários. Entro pelo saguão e logo Antony, o segurança, vem ao meu encontro. Ele me parece aflito.
-- Senhorita Andrews! Eu sinto muito por tudo que aconteceu com seu pai.
-- Obrigada Antony. Eu preciso subir para conversar com o Alfred. É importante.
-- Me desculpe senhorita. Mas não posso permitir a sua entrada. São ordens da senhorita Taylor. Ela assumiu a presidência ontem e uma das primeiras medidas que ela tomou foi proibir a sua entrada. Me perdoe. Eu só cumpro ordens.
-- Mas que vaca! Eu vou matar essas duas! Isso é um absurdo. Quando ver o Alfred peça a ele para entrar em contato comigo por favor.
-- Sim senhorita.
Saio do prédio morrendo de raiva. Minha vontade era invadir a empresa e puxar aquela loira oxigenada pelos cabelos e jogar na rua. Elas fariam da minha vida um inferno. Disso eu não tenho dúvidas. A questão é o que eu fiz para elas.
Já havia passado da hora do almoço e eu ainda não comi nada. Estou com muita fome. Talvez seja hora de dar uma pausa nas desgraças e me alimentar um pouco antes que tudo piore e eu morra de fome. Quanto drama Sophie!
Do outro lado da empresa tem uma lanchonete simples e aconchegante. Já havia passado na porta muitas vezes mas nunca entrei lá. Resolvo ir até lá fazer um pequeno lanche. Meus recursos estão acabando não posso me esbanjar.
Entro na lanchonete e escolhi me sentar em uma das mesas do fundo. Vejo uma senhora de cabelos brancos e semblante leve caminhar em minha direção com o que penso ser o cardápio. Assim que ela chega perto de mim, ela para, me olha nos olhos e com um sorriso acolhedor ela diz:
-- Você tem os olhos dela!
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O Despertar de Sophie
RomanceSophie é uma jovem ingênua e sonhadora. Foi criada pelo pai como uma princesa. Sempre teve tudo o que queria. Ela vivia cercada de livros e fantasia, não estava nem de longe preparada para viver no mundo real. Aos dezoito anos ela perde tudo e se vê...