O Despertar de Sophie

IV Henry

Acordei exatamente no horário como sempre acontecia. A noite que tive ontem regrada a bebida e sexo não me impedia de cumprir com os meus compromissos. Sempre fui muito centrado e dedicado ao trabalho da empresa. Meu pai, George Mitchell sempre me ensinou a colocar os negócios em primeiro lugar. 

Perdi minha mãe muito jovem e desde então fui criado pelo meu pai que me treinou para ser um grande líder e assumir a empresa. Aprendi a ser um homem racional, frio e calculista. Meu pai nunca foi um pai amoroso e me ensinou a ser assim. Não tenho tempo a perder. Tudo na vida são negócios. Aos 38 anos de idade minha vida se resume apenas a empresa. Só tenho um amigo em quem confio, Matt Collins que trabalha como advogado da  empresa. 

Nunca tive um relacionamento sério e para mim as mulheres são apenas para dar prazer. Nunca saí com a mesma mulher duas vezes. Três ou quatro vezes na semana vou á bares e boates onde sempre  saio acompanhado por uma ou mais mulheres. Sempre as levo a um motel onde as uso do jeito que eu quero durante toda a noite e sempre vou embora antes do amanhecer. Nunca durmo com elas, nunca digo meu nome ou deixo meu telefone. Era só sexo. Se elas souberem quem eu sou, elas tentarão  tirar algum proveito do meu dinheiro. Afinal, eu sou um dos solteirões mais cobiçados do país.

Caminho em direção a sala da presidência. Meu andar firme e confiante intimida os trabalhadores da Mitchell Company por onde passo. Sinto os olhares femininos sobre mim mas nunca dei bola. Não misturo prazeres com trabalho.

Aquela era uma semana agitada na empresa. Meu pai resolvera que, depois de 20 anos no comando da empresa era hora de se aposentar. Seu projeto de descanso, segundo ele, era morar em uma fazenda onde pudesse criar seus amados cavalos. Dali há exatos 2 dias meu pai me entregaria a presidência da empresa. Eu ansiava por este momento.

_ Bom dia senhora Alvarez, meu pai está na sala dele?

_ Ele está a sua espera senhor Mitchell.

Entrando na sala de meu pai o encontro de cabeça baixa olhando para uma foto. Era difícil decifrar seus pensamentos.

_ Bom dia pai. Posso saber  por que tanto olha para essa foto?

_ Oi meu filho. Estava a sua espera. Este comigo na foto é o meu grande amigo Arthur Andrews. Ele faleceu ontem e estive no velório com sua filha. Lembra que te contei a nossa história?

_ Claro que me lembro. Fundaram uma empresa juntos. Me lembro dele naquele evento em que fomos apresentados. É uma fatalidade sua morte.

_ Sim, sim. Uma grande perda. Mas vamos aos negócios. Nosso tempo é curto. Te chamei aqui hoje para te pedir um último desejo antes de me aposentar.-  o ouço com atenção.- Você sempre soube que meu maior arrependimento foi ter desfeito a sociedade com meu amigo Andrews. Jamais irei me perdoar pois era o nosso sonho e eu o desfiz. No nosso reencontro tivemos a ideia de unir nossas empresas novamente mas o conselho jamais permitiria uma fusão,  então tivemos a ideia de não só unir nossas empresas como também nossas famílias.

_ Não entendo aonde quer chegar.

_ Bom, eu tenho um filho e ele tem uma filha. Ambos solteiros e herdeiros das empresas. Nada mais prático do que unir vocês em matrimônio para unir as empresas e para gerarem os herdeiros legítimos para os impérios.

_ O quê? Mas que ideia foi essa? A filha dele tem o que, uns 20 anos??

_ 18.

_ Pai! É uma criança. Não posso me casar. Nunca tive ideia de ter uma família um dia. Você mais do que ninguém sabe que não acredito nessa história de amor e felizes para sempre. O que deu em vocês?

_ Meu filho, são apenas negócios. Justamente por você não acreditar em romance que você é perfeito para isso. Imagina unir as maiores empresas de publicidade do país! É uma fusão multimilionária! Você comandaria tudo!Pense bem! É uma grande oportunidade. Casamento não é um bicho de sete cabeças. Você se acostuma.

Não conseguia acreditar no que ele me falava.

_ Quais são minhas opções?

_Se você se casar, você tem a presidência de duas grandes empresas nas mão mas, se não se casar não tem nenhuma...

-- Quer dizer que se eu me recusar a casar eu perco a presidência da Mitchell Company?

-- Exatamente.

_ Aceito o acordo mas saiba que isto é golpe baixo.

-- É claro que é.