Evan - DOMADO PELAS SOMBRAS - Livro Primeiro (PAUSADO)

《•》Capítulo Dois《•》

Era dia, um lindo dia embora não importasse para as crianças daquele orfanato, quem sabe nem sabiam o significado dessa palavra.

Logo um sino é ouvido, hora do café da manhã. Eram 6h30... As coisas eram difíceis, sem perdão. E caso não levantasse por bem, era castigado.

Para Evan era mais fácil, ele não dormia... As vozes em sua cabeça não o deixavam, segundo seu testemunho. No máximo longos cochilos durante o fim da tarde.

As freiras encaminhavam as crianças até o refeitório e a cada uma era oferecido seu café da manhã. Algumas torradas passadas e um copo de leite. O suficiente para passarem a manhã até que chegasse o almoço.

Evan estava sentado, separado das demais crianças que eram dispostas em grupos de mesas redondas, cada uma comportavam até seis cadeiras.

Preferiam manter-se afastados no caso de ser "contagioso sua doença". Ninguém queria e/ou fazia questão de sua companhia. As freiras não faziam questão de incluí-lo também.

Ele estava sozinho em sua mesa, com seus cabelos como o ébano despontando de forma escorrido um pouco abaixo de suas orelhas. Em um movimento frequente jogava a franja para o lado, ela insistia em saltar para a frente de seu rosto tapando sua visão.

Seus olhos grandes e redondos tão escuros e brilhantes quanto um céu à meia noite repleta de estrelas, fitava seu copo de leite sem graça a sua frente.

Ele odiava leite.

Seu olhar se alternou para as torradas ao lado, podia jurar que vira um ponto de mofo.

Ele também não gostava de torradas.

Odiava a textura em sua boca e o barulho que faziam ao se quebrarem, além de esfarelar com facilidade e sujar toda suas roupas.

- Oi...

Ele estava tão entretido com os itens a sua frente que não percebera quando uma criança se aproximou.

Suas palavras o assustaram, ele não esperava que alguém falasse com ele.

Ergueu sua cabeça e jogou a franja para os lados e encarou uma garotinha a sua frente. Cabelos longos e negros como os seus, olhos curiosos em tom de mel esverdeados, como 'uma colina de gramas pisoteadas após a chuva' foi o que passou por sua cabeça. Ela mantinha um sorriso curto nos lábios, não um sorriso de felicidade, mas um sorriso simpático.

Usava um vestido em tom de verde, 'horrível' pensou ele, que ia até a altura de seus joelhos. E segurava seu pratinho com torradas.

- O gato comeu sua língua? - ela perguntou inocente e sentou-se na cadeira a sua frente.

Ele semicerrou seus olhos com a audácia da garota.

- O que quer? - perguntou baixo e ríspido.

- Meu nome é Alina.

- Não perguntei seu nome.

- Qual o seu? - perguntou a garota o ignorando.

Evan se calara achando ela totalmente estranha. E, observando ela, que ele não iria falar nada... Prosseguiu.

- Eu cheguei ontem aqui, fui transferida do orfanato Saint José.

Evan apenas ergueu uma de suas sombrancelhas para a garota enquanto inclinava um pouco a cabeça.

- Vi que todas as mesas estão cheias e você é o único que está sozinho. Achei curioso.

- Se fosse inteligente o suficiente também se distanciaria.