Pela janela do avião Isabela viu aquele emaranhado de prédios e a paisagem cinzenta de São Paulo. "Será que me acostumo a morar aqui?" ela pensou suspirando. A cidade parecia não ter fim e isso a deixava com medo.
No aeroporto ela sentiu que o tempo ali parece correr de forma diferente, todos andavam com pressa e nervosa ela saiu a procura de um táxi. Tinha anotado o endereço do hotel e entregou ao motorista, acomodando-se no banco do passageiro do carro.
Respirou fundo tentando reunir coragem mas parecia que seria quase impossível ela se acostumar àquela cidade. Enquanto observava a cidade pela janela do táxi, percebeu que o motorista estava conversando com ela.
"Desculpa, estava distraída" Isabela disse sorrindo.
"É sua primeira vez aqui?" o motorista perguntou.
"Sim" disse num murmúrio desanimado. Estava animada com a idéia de poder morar ali algum dia, mas naquele momento ela se sentia intimidada.
O motorista percebendo a situação riu. "São Paulo pode ser intimidante a primeira vista, mas não se preocupe. Aqui você pode encontrar tudo que esteja procurando. Essa cidade não para! E acolhe à todos que chegam" ele disse encorajando Isabela.
"Obrigada pelas palavras, confesso que estava com medo mesmo" ela respondeu sorrindo. "Se a cidade for simpática como o senhor está sendo, tenho certeza que vou gostar".
No hotel, Isabela guardou sua mala e pediu uma refeição para comer no quarto. Ela tinha conversado com Cláudia um dia antes, então sabia que a amiga ia trabalhar até as 14hs. Antes da refeição chegar, ela tomou um banho e se preparou para sair mais tarde.
Olhou, mais uma vez, o endereço na Internet e se certificou que o restaurante ficava à cinco minutos dali. Então perto desse horário, ela foi para a porta do restaurante e estava ansiosa esperando a amiga sair.
Ouviu algumas vozes saindo e fingiu olhar para o outro lado, onde o manobrista recebia os carros. Cláudia passou por ela e Isabela fingiu derrubar sua bolsa, Cláudia voltou para se desculpar achando que havia sido ela quem tinha esbarrado, quando viu Isabela e soltou um grito.
"Não acredito!!" exclamou tampando a boca. Depois gargalhou e abraçou a amiga. Ficaram pulando abraçadas e rindo.
"Por que não avisou que vinha Bela?!" perguntou.
"Quis fazer uma surpresa" Isabela respondeu sorrindo enxugando uma lágrima.
"Onde está hospedada?" ela perguntou e Isabela mostrou o hotel ali perto. "Você mora por aqui?".
"Não muito perto, mas é um lugar legal, eu gosto" Cláudia disse.
"Então vamos lá para o hotel, podemos colocar a conversa em dia lá" Isabela sugeriu e abraçadas atravessaram a rua e foram embora.
……
Bruno morava em São Paulo, próximo à principal avenida da cidade. Adorava a região, era arborizada e cheia de pessoas diferentes.
"Gosto muito de viajar, mas nada como chegar em casa" pensava se jogando no sofá. Sua família tinha se mudado para o interior, então ali ele era sozinho.
Tinha muitos amigos, mas fazia tempo que não tinha uma namorada. Não sabia quando alguém se interessava nele pela popularidade, pelo dinheiro ou por ele mesmo.
Resolveu deixar esse assunto de lado há muito tempo. Sempre encontrava alguém para passar um tempo e isso era o suficiente por enquanto.
Fazia uma semana que tinha voltado de viagem e resolveu passar no restaurante do amigo Lohan para almoçar, ele tinha enviado uma mensagem querendo conversar com Bruno, mas ele ainda não tinha retornado. Foi caminhando de sua casa, estava um dia bonito.
Estava chegando perto do restaurante, parou para atravessar a entrada do estacionamento, onde o manobrista entregava um carro, quando ele viu um par de olhos verdes brilhantes à poucos passos de onde ele estava.
Seu coração parou de funcionar por um segundo. Ele levou um susto quando a viu. Ela parecia uma entidade, que aparecia de vez em quando, nos lugares mais inusitados.
O carro já tinha passado mas ele não conseguia atravessar. Ficou a observando. Ela estava sorrindo, virada de frente pra ele, mas não tinha o visto. Uma mulher caminhava na sua direção e quando passou por ela, a entidade jogou a bolsa no chão, fazendo a outra voltar se desculpando.
Então ouviu um grito e as duas se abraçaram. "Ah, essa era a amiga que estava com ela no dia da palestra" lembrou. Ouviu as duas conversando e então atravessaram a rua, para outra direção.
Bruno passou as mãos pelo cabelo, confuso e assustado pelo encontro. Olhou ao redor e viu que o manobrista ria, olhando para as duas. Foi até ele e perguntou se ele as conhecia.
"Conheço a Claudia só, ela trabalha aqui no restaurante" ele falou.
"Qual delas é Cláudia?" ele perguntou e ficou sabendo que era a amiga, de cabelos cacheados. Suspirou e foi pro restaurante, estava faminto.
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A Disputa
RomanceIsabela, após se formar em Gastronomia, foi para fora do país em busca de autoconhecimento. Ela é boa cozinheira, mas sua baixa autoestima e insegurança se mostram um obstáculo a ser vencido. Após algum tempo fora, ela retorna com as energias renov...