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Se o destino nos empurrasse mais uma chance eu te teria em meus braços mais uma vez, nós viveríamos o sonho de amor que nos foi roubado onde eu seria então unicamente seu.
Eu te encararia com a devoção sôfrega de um homem perdidamente apaixonado por cada um de seus traços, eu deixaria nossos olhares se perderem um no outro e seria como se nada além de nós existisse no mundo.
Seria apenas verde no azul.
Seria nós.Eu tomaria seus lábios como um direito meu, calaria seus gemidos com minha língua ansiosa por explorar o céu da sua boca e entre beijos desesperados de duas almas que foram proibidas de amar eu pronunciaria o quanto adoro cada um de seus detalhes recebendo de volta um sorriso travesso e um falar de sotaque arrastado que me garantiria em uma promessa nossa, e só nossa, que a recíproca é verdadeira.
Verde no azul.
Apenas nós.Nós que compartilhamos uma história fadada à tragédia, redigida em páginas que desbotaram de sua essência porque nossos parágrafos foram apagados, riscados e ignorados em edições descuidadas feitas por terceiros que nos roubaram o conteúdo original, que mudaram o final.
Nós que fomos privados de existir, engolindo nossas próprias palavras enquanto sorrisos juravam nos apoiar em contrapartida das mãos que nos empurravam para lados opostos, mantidos em um segredos que nos roubava tudo que um dia poderíamos ser.
Nós que fomos impedidos de viver nossa história trancados dentro de um armário de fama, escondidos atrás de uma cortina de mentiras, vestidos em negação e sorrisos que não nos pertenciam, presos à correntes que machucavam não nossa pele, mas nossas almas.
E se acaso pudéssemos nos reescrever antes que as vozes deles ficassem mais altas que as nossas, eu teria fugido. Eu teria abandonado tudo se você me pedisse e correria ao seu lado para longe das vozes, para longe dos gritos, das mentiras e da dor.
Para longe das correntes da nossa vida.
Em nossa fuga você me abraçaria, as mãos pequenas afagando minhas costas curvadas perfeitamente para me encaixar em seu corpo. Eu sentiria seu cheiro viciante, com leves resquícios do cigarro que você teria fumado minutos atrás. Você falaria que tudo acabaria bem e eu acreditaria porque com você não haveria como ser o contrário.
Seria apenas eu e você.
Mas a realidade bate em minha porta toda vez que abro os olhos pela manhã e pensamentos longíquos viram em minha mente relembrando onde paramos.
Não houve fuga, nem abraço, nem tudo acabou bem. Não há mais eu e você.
Porque na realidade eu não posso ser seu.
Na realidade eu não posso beijar seus lábios, nem mesmo pronunciar o quanto adoro seus detalhes enquanto toco cada centímetro deles, querendo memorizar com as pontas dos dedos cada traço seu.
Em nossa história real, eu não posso mais admirar seu sorriso sabendo que esse sorriso é para mim, nem ouvir com deleite seu sotaque arrastado ao pé do ouvido me garantindo que está ao meu lado, porque eu sei que a recíproca não é verdadeira.
Nunca será novamente eu, nunca será novamente você porque o destino não nos oferecerá outra chance para sermos nós.
Então, eu torço.
Torço para que exista outra vida e se existir, eu torço para te encontrar de novo, torço para que nos esbarremos em um banheiro, esquina, parque ou onde quer que seja, desde que seja nós.
Porque em outra vida eu poderei ser unicamente seu.
Em outra vida serei eu a andar de mãos dadas com você pela rua enquanto sorrisos idiotas enchem nossos rostos.
Eu poderei te abraçar sem medo, ter seus beijos para mim e traçar sua pele com a minha enquanto nos amamos.
Em outra vida, com sorte, não haverão gritos, outras vozes calando as nossas vozes, não haverão segredos e nem mentiras, nem fuga porque não precisaremos ter medo.
Não haverão tantos contras, nem sacrifícios, nem tanta dor..
Será finalmente apenas verde no azul e a nossa história será mais que boatos sussurrados de um romance morto.
Em outra vida seremos nós.
Seremos eu e você.
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another life | larry stylinson
Romance"- O destino deve estar nos olhando com aquela cara de quem diz 'Eu tentei juntar vocês dois' O destino deve estar nos olhando decepcionado, que pena."