[Reino dos Anjos]
O guardião, acompanhado de seu filho Phillip, buscavam rapidamente uma solução para o sumiço do herdeiro do trono. Não restava mais a opção de ocultar a notícia por mais tempo. O líder dos anjos mergulhava inexoravelmente na decadência quando sua vida eterna o foi retirada em um duelo com inimigos. Seria questão de alguns anos para que tudo começasse a desmoronar se não encontrassem um próximo sucessor.
[...]
— Preciso que resolva isso o mais rápido possível, sabe o que pode acontecer se não o encontrarmos. — enunciou o guardião, apreensivo, enquanto passava a mão pelos cabelos em sinal de preocupação.
— Ele era o único de alma pura o suficiente para governar, meu pai. O único herdeiro! Se ele optou por deixar o reino não há oque fazer.
— Pois bem! Encontre outro; não podemos colocar todos em risco. Como pude confiar esta função a você! — exclamou, frustrado e decepcionado, afastando-se mas antes ele para e volta seu olhar ao filho.— Você será responsável pela destruição do reino se não encontrar alguém para se tornar o herdeiro, não seja uma decepção.— logo partindo em direção ao superior.
— Ouvi corretamente? O herdeiro fugiu?— interrompeu o superior adentrando os salões do castelo dos anjos, com uma expressão séria.
— Infelizmente, senhor, parece que ele não se achava capaz de assumir seu lugar. — respondeu o filho do guardião, desviando o olhar, revelando uma ponta de tristeza.
— Entendo.— o superior previu que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, portanto já havia achado um jeito de resolver tal problema.— Vou dar uma última chance de corrigir esse erro, conheço uma alma tão pura quanto a dele. — afirmou o superior, deixando os dois curiosos e intrigados.
— E onde podemos achar "ele"? — perguntou o guardião, com um misto de determinação e ansiedade.
— Ele não. Ela. É uma jovem, recentemente ficou órfã e vem de uma família de reis e rainhas. Vão encontrá-la assim que saírem do portal para o mundo humano, no castelo mais alto.
— Estaremos indo hoje mesmo, vamos Phillip. — declarou o guardião, retirando-se com seu filho, ambos demonstrando urgência em resolver a situação.
[...]
Com o portal aberto para a jornada, Phillip segue ao lado de seu pai, não demorando muito para alcançarem o castelo onde a jovem se encontra. Ao longo do caminho, na busca pelo castelo, o guardião, pai de Phillip, desabafa suas preocupações e frustrações, enquanto o filho absorve esses sentimentos, como era de costume, o tornando menos agradável em personalidade que os demais no Reino dos Anjos.
Adentrando com calma, os dois ouvem uma suave melodia vindo da sala de estar. O castelo, já estava sem alguns de seus móveis, tesouros e demais pertences roubados pelos habitantes do vilarejo. Em meio ao silêncio material, estava a jovem princesa que apenas herdava a única herança que jamais poderia ser tirada dela, as habilidades de pintura que foram deixadas pelos seus pais, enquanto ela se entregava à melodia de uma caixinha de músicas para preencher seu vazio.
Ao entrar na sala encontram a mesma. Com seus cabelos escuros e seus olhos verdes que lembravam os olhos de sua mãe, a falecida rainha. O castelo ecoava a música da caixinha de som. Até que com um simples movimento de esbarrar em um vaso de flores a menina percebe a presença dos dois.
Ainda na tentativa de não assustá-la, o guardião resolve pedir a Phillip que converse com a menina, na intenção de convencê-la a ir com eles sem que tivessem que obrigá-la.
— Vamos, Phillip, não dispomos de muito tempo. Aguardarei à frente do castelo. — determina o pai do rapaz, não lhe dando opções.
— Não sei como convencê-la a ir, pai. — admite sinceramente, pois jamais havia interagido com pessoas que não pertencessem ao reino dos anjos.
— Isso é contigo, não me decepcione novamente. — retira-se da sala, deixando os dois sozinhos.
Gradualmente, o silêncio estende-se entre Phillip e a jovem. Cada tentativa de aproximação por parte do rapaz era abruptamente interrompida por vasos voando e se quebrando ao seu redor.
[...]
Após um longo período de tempo.
— Quer me machucar? — pergunta ele, fazendo-a parar. Em resposta, ele retira um vaso do chão, recolocando-o no lugar.
— Eu que pergunto. — ela responde ainda na defensiva.
— Não precisa ter medo. Prometo que jamais irei te machucar. — o rapaz afirma já irritado mas não demonstrando, tentando persuadi-la aos poucos.
— Estou muito bem aqui. Vá embora! — ela diz, claramente amedrontada.
— Sei que se sente sozinha. — ele afirma, procurando fazê-la sentir-se mais confortável.
— E como pode saber do que eu sinto? Sequer te conheço. Nunca vi você pelo castelo ou pelo vilarejo. — ela questiona, desconfiada, enquanto observa o rapaz.
— Todos aqui não se importam com você, nem mesmo seus próprios tios vieram buscá-la. Talvez não importe quem sou, estou aqui somente para te salvar. — ele responde, oferecendo uma mão amiga e um olhar solidário.
— Não tem direito de se dirigir assim. Já estou cansada. Não sei quem é você, apenas me deixe em paz. — ela retruca, expressando cansaço e frustração.
— Sou o Phillip e você? — ele se apresenta, buscando estabelecer uma conexão.
— A princesa, não é óbvio? — ela responde com um misto de sarcasmo e desconfiança.
— Qual é o seu nome? Isso que quis dizer. — ele insiste, tentando não perder o controle.
— Violet...Violet Pierce. — a mesma o encara tentando decifrar suas reais intenções.
Por alguns minutos o silêncio prevalece entre os dois, Phillip se encontra perdido pelo olhar de Violet.
— Desculpe se deixei a vossa majestade assustada.— Phillip diz sem querer ser rude mas algo incomoda a garota.
— Nunca, jamais me chame assim novamente... Só assim se dirigiam à minha mãe... Agora, fale logo o que quer... — ela é interrompida abruptamente por uma flechada em seu ombro, observando tudo girar ao seu redor.
— Phillip, você demorou demais. Vamos. — exclama o guardião, sem demonstrar preocupação com o estado da princesa.
— Qual é o seu problema, pai? Era necessário fazer isso? — Phillip expressa seu descontentamento.
— Isso realmente importa? Vem, temos que sair o mais rápido possível.
[...]
O portal se abre mais uma vez, e as paredes do castelo desaparecem com um gesto do guardião. Para Violet, o reino que um dia chamou de lar já não existe, pelo menos não da mesma forma.
Phillip a segura firmemente enquanto atravessam o portal, com a princesa ainda desacordada em seus braços.
No reino dos anjos, todos observam a abertura do portal, curiosos sobre quem está chegando. O que Violet não imaginava é que a visita dos dois a levaria a um mundo completamente novo e desconhecido.
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A HERDEIRA
FanfictionViolet Pierce, uma princesa arrancada de sua vida humana e da solidão de um castelo como órfã, vê seu destino dar uma reviravolta ao ser transformada em anjo. Diante da oportunidade de ocupar o trono do reino dos anjos, ela se vê diante de uma escol...