Nova Melhor Amiga?

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Depois da aula, quando minha mãe foi me buscar durante seu intervalo na clínica veterinária em que trabalhava, eu avisei á ela que iria sair. Nem dava pra calcular seu sorriso, tamanha a sua alegria ao ver que sua querida filhinha anti-social finalmente iria agir como uma humana quase normal. Acho que ela pensou que depois dessa tortura pela qual eu iria passar (sair com a Melissa e a Samanta), eu iria começar a mudar, ser popular, fazer compras até estourar o cartão de crédito e também começar a ir em festas. Mas eu sabia que isso não iria acontecer, visto que eu estava indo meio que obrigada, indo por um bem maior, que, no caso, era salvar a Melissa da Samanta.

Dramático, não é. Deixa que eu respondo :NÃO. Vocês não têm idéia de como Samanta podia ser malvada pra conseguir o que queria. Nesse caso, eu não sabia muito bem o objetivo de Samanta, mas ao ver o seu sorrisinho sínico depois de saber que eu iria na lanchonete com ela e sua turminha, só porque não queria prejudicar Melissa, eu já sabia que ela estava tramando alguma coisa. Provavelmente contra mim.

  -Já falou com a sua mamãe, Cecília? –Samanta falou, chegando do meu lado. Reparem que ela deu ênfase á palavra mamãe. É porque ela devia estar adorando a minha situação embaraçosa. Sei lá, deve aumentar o ego dela. Não entendo essas patricinhas.

  -Onde está Melissa? –respondi ignorando sua pergunta.

Ela bufou. Devo ter ferido seus sentimentos, não respondendo á sua pergunta. Bem, problema dela.

  -Já está com o pessoal, só estávamos esperando você pra podermos ir. – Agora ela respondeu impaciente.

Ela girou em seus calcanhares e começou a ir em direção ao grupinho dos seus amigos populares. Pensem comigo, se eu já odiava pessoa classificadas normais, imaginem como eu me sentia em relação aos populares.

  -Pronto, gente. Ela já terminou de falar com a mamãe.- Samanta disse naquele tom arrogante. De novo.

  -Ela tem nome. –Eu respondi sem perceber. Mas também não me arrependi.

  -Tem mesmo? Não sabia!-Uma palavra pra Samanta: arrogantefalsafingidavagaba.

  -Perde os dentes mas não perde a piada, né, Sabrina. –Eu fiz questão de errar seu nome, e, em troca, ganhei seu olhar de fúria.

  -É Samanta, sua...

  -Então, gente, vamos logo. To com fome. –Melissa interrompeu e eu fiquei grata. Não gosto de perder saliva com quem não merece.

  -Vamos.

O bando começou a andar. Não sabia em que lanchonete iríamos. Pra falar a verdade, nem estava com fome. Nem sabia o que estava fazendo lá.

Foco, Cecília, foco. Melissa precisa de você.

Comecei a seguir o grupo. Tinha mais ou menos umas dez pessoas. Algumas estavam sussurrando coisas como "Quem é ela?" ou "O que ela está fazendo aqui?" e até mesmo "Quem foi o chato que a convidou?"

Nos corredores da escola raramente as pessoa sussurravam sobre a garota estranha e isolada (eu). Mas quando acontecia, eu realmente não ligava. Estava alheia aos comentários e opiniões. Pra mim não passava de besteiras, como se um sinal apontasse pra cada pessoa que sussurrava, achando que não iria ser escutada, e jogasse um certo foco com ela, de modo que eu sempre sabia quando estavam falando de mim. Mas como já disse, não me importava.

Chegamos na lanchonete. Eu achei o lugar muito fofo e aconchegante. Era parecido com uma cabana, com flores nas janelas, as mesas eram cobertas por uma toalha xadrez estilo de piquenique, e a decoração dava um ar camponês para o local. Amei.

A Magia está no ar. - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora