Capítulo 8

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Josh pov

Há uma pequena garrafa no balcão. Deixando Joalin para trás, eu vou pegá-la. Laxante. Provavelmente pertence a ela. Suspirando, inclino minha cabeça antes de guardá-la.

- Cai fora - digo a Joalin.

- O quê? - Ela pergunta, confusa. Eu me viro e a encaro. 

- Cai fora.

- Mas Josh...

- Dê o fora daqui.

- Você está fazendo isso por causa dela? - Joalin pergunta, olhando para mim com olhos suplicantes. Houve uma época em que meu pai queria que eu me casasse com ela. Isso foi motivo suficiente para eu apenas transar com ela, roubar sua virgindade em um quarto de motel barato e deixá-la dormindo na cama. Apenas para irritar meu pai. Qualquer coisa para irritar meu pai. Mas eu subestimei a princesa loira virgem. Ela nunca foi embora realmente. Ela ficou por ali, ano após ano, me viu foder outras garotas. Sempre outras, nunca ela. Eu nunca entendi porque, mas acho que entendo agora. Ela me ama. À sua maneira, ela estava me dando tempo para aproveitar minha juventude. Ela ainda acha que vamos acabar juntos um dia. Pobre Joalin.

- Isso não é mais St. Patrick's - eu digo.

- O que isso significa?

- Significa deixar de ser uma puta e crescer. - Seus olhos incendeiam. 

- Como é? - Eu sacudo a cabeça. 

- Jesus, quanto você bebeu? - Joalin recua como se eu tivesse batido nela.

- Você está... você está do lado dela? -  Ela quase grita como resposta - Você viu como ela estava? Ela ia me atacar.

- E acho que não deveria tê-la parado. - Joalin está ferida. Seus lábios carnudos tremem. 

- Por que parou, então?

- Ela teria sido demitida e você não vale a pena. - Uma lágrima de verdade desliza por sua bochecha. Não é que eu queira ferir Joalin deliberadamente. Ela não fez nada que não teria feito na escola. É só que eu não quero nada com ela ou a galera antiga ou todas as coisas que fizemos na escola. - Joalin escuta..

- Você mudou - ela me interrompe, olhando para mim como se eu tivesse duas cabeças ou algo assim - Não consigo acreditar depois de todos esses anos, você a defenderia. Ela. Any Gabrielly. Você se lembra do quanto a odiamos? Como ela não é uma nós? O jeito que ela responde? E ela não está melhor agora. Ela é uma maldita empregada. Uma empregada, Josh. Nada nela mudou.

Sim, nada sobre ela mudou. Gaby ainda é a mesma. Estridente, corajosa... brilhante. Cheia de tanta vida que é difícil olhar para ela. Mas ainda olhei. Eu a vi ser humilhada por anos. Eu a observei sendo empurrada, insultada, ridicularizada. Durante anos, fui seu valentão. Eu não sou fã de palavras ou escrever ou qualquer coisa. Nunca fui. Mas valentão é a palavra que eu mais odeio. Eu odeio tanto que poderia muito bem ser uma pessoa viva, respirando. Uma pessoa que eu quero estrangular e tirar a vida.

- Eu não a estou defendendo. Eu nunca a defendi - digo a Joalin - Só estou te informando como as coisas são.

- O que eles fizeram com você em Oxford?

- Esse é o problema. Eu nunca estive em Oxford. Eu nunca estive no Reino Unido. Eu estava em Nova York, dormindo em sofás de estranhos.

E percebendo que o mundo é um lugar muito maior do que meu pai me fez acreditar. Um lugar onde as pessoas olham para mim como se eu valesse alguma coisa, mesmo que eu seja apenas uma pessoa que largou a escola. Meu pai vai enlouquecer quando souber disso, que eu divulguei o segredo. O filho pródigo não estava em Oxford, mas escondido em prédios como um vagabundo desabrigado. 

"Você não está se esforçando o suficiente, Josh. Você é realmente burro, não é? Você nunca conseguirá nada se não conseguir soletrar seu nome corretamente." 

Mas isso não é novidade, é? Ele está louco desde que descobriu que seu filhinho perfeito tem rachaduras longas e profundas. Eu sei que a equipe ainda está aqui, assistindo tudo. Em Plêiades, é difícil manter segredos. Faço contato visual com uma pequena de cabelos castanhos. 

- Acompanhe-a até a porta. Ela está um pouco bêbada demais para andar sozinha. - Joalin chama meu nome e eu giro para encará-la uma última vez - Nunca venha aqui sem ser convidada. E não assedie os funcionários. Você não vai gostar de como eu reajo da próxima vez. Apenas um aviso justo.

Com isso, eu saio. Enfio a mão no bolso e envolvo meus dedos no frasco de laxante. Eutenho uma dor de cabeça chegando; preciso de um maldito cigarro. Mas adivinha o que? Eu não posso ter nenhum. Porque alguém os roubou de mim. Meus dedos apertam a garrafa em frustração. Ladra de merda.

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⏰ Última atualização: Sep 11, 2020 ⏰

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