Capítulo 5

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Ele veio para mim em meus sonhos na noite passada. Como costumava estar de volta ao St. Patrick's. Enquanto me revirava na cama, em um estado de meia vigília, percebi que vi Josh crescer. Eu o vi como um estudante do ensino médio com cabelos espetados e um uniforme amarrotado e sujo que sempre acabava em detenção. Embora naquela idade ele fosse mais baixo do que todos os professores, ele ainda se elevaria sobre eles com sua atitude de foda-se. E então, ele ficou mais alto. Ele literalmente cresceu durante a noite e ficou maior do que todo mundo, não em sentido literal, mas com ua postura. Praticamente todo mundo tinha que inclinar o pescoço para olhá-lo e enquanto isso, ele mal olhava para eles.Eu o vi quando ele estava nos corredores da escola. Grande e despreocupado. Rebelde com a gravata virada por cima do ombro e os dois primeiros botões da camisa do uniforme abertos. Ele nunca teve seus livros com ele. Ele estaria sempre de mãos vazias. Como se seu memorando tivesse sido extraviado no correio de que isso deveria ser uma escola e você deveria carregar livros didáticos. E então, eu o vi me observando. 

Ele me viu ser humilhada com um rosto sem expressão. Às vezes, quando eu revidava e dizia insultos, seus lábios se contorciam. Às vezes se esticavam e ele sorria. Como se eu fosse colocada nesta terra para ser sua diversão. Eu o vi em sua moto. Seus cabelos e gravata ao vento e a fumaça saindo de sua boca graças ao cigarro. A aceleração de sua moto está gravada no meu cérebro. Então, sim, ontem à noite, vi recordações de sua vida, entrelaçadas com a minha.

Fico feliz quando a manhã chega e tenho que acordar. Ele está realmente de volta. E sabe que estou aqui. Estou tão compenetrada que eu não vejo onde estou indo e na entrada da sala dos funcionários, esbarro em alguém.

- Ei, você está bem? - É Noah. Ele é do meu antigo bairro e eu o conheço a vida toda. Ele trabalha em Plêiades como motorista há cerca de dois anos. Agarro o tecido do paletó em seu bíceps. 

- Opa - Eu rio - Desculpa. Acho que não vi onde estava indo.

Ele sorri. Ele é apenas alguns anos mais velho que eu e sempre achei a presença dele reconfortante.

- Tudo bem - Ele me estabiliza - Você está se sentindo bem? Sabe, depois do que aconteceu ontem à noite.

Em seu lembrete, o corte na palma da minha mão pulsa como se alguém estivesse enfiando o dedo bem no centro da ferida. Fecho a palma machucada ao meu lado e lanço para Noah um sorriso brilhante. 

- Não, eu estou bem. Eu não sei o que aconteceu ontem à noite. Estresse, talvez. Mas estou me sentindo ótima agora.

- Fico feliz em ouvir isso - ele diz, sorrindo calorosamente.

- Ok, tenho que ir. Não posso irritar a Sra. S duas vezes seguidas. - Já estou passando por ele quando ele me para.

- Any eu, uh. - Ele coça a testa - Eu queria saber se você gostaria de ir a um encontro comigo.

- O quê? - Eu grito.

- Encontro. Comigo? Se você quiser ir?

Ele acabou de me convidar para sair? Eu? Any Gabrielly? A garota de cabelos armados e estranha. Aconteceu apenas uma vez, com Lamar, e fui eu que o convidei para sair. E bem, todos nós sabemos como isso terminou.

- Any?

- Sim. Desculpa. Eu só, hum, você quer ir a um encontro comigo? - Ele ri timidamente. 

- Bem, sim. Se você não quiser, então...

- Não. Quer dizer, não é que eu não queira. Sempre achei você gostoso e... - Eu arregalo meus olhos porque, porra, o que estou dizendo? Não é que eu esteja mentindo, no entanto. Para ser honesta, sempre tive uma queda por ele. Especialmente enquanto estávamos crescendo. Sabina e eu, nós duas tivemos. Nós nos revezávamos em casar com ele quando brincávamos juntas. Ele era tão fofo e seu sorriso costumava me deixar toda quente e confusa. Noah ri novamente, mas o som perde sua caraterística embaraçosa. 

Badboy BluesOnde histórias criam vida. Descubra agora