Capítulo 4 (final)

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Capítulo IV

Uma presença; uma entidade; um ser; uma respiração no cangote; e um friozinho na barriga. Luciano sentiu alguém ao seu lado. Sabia quem era e tinha medo de olhar. Prensou os lábios e os olhos, sentindo toda sua pressão cair. E se ele fingisse um desmaio? Será que aquele brutamontes o deixaria de lado? Iria tentar. E se ignorasse Glodoaldo? Será que poderia sair limpo dali?

"Já sei, vou fingir que sou cego! " – Pensou Luciano.

E então passou pela porta da sala, de olhos fechados, imaginando que ficaria tudo bem. Mas e se batesse com a cara em alguma coisa? Então resolveu colocar as duas mãos para frente, para apalpar a possível coisa que entrasse em sua frente, evitando bater o rosto em alguma parede.

Foi nesse momento que sentiu algo nas mãos. Algo que não se parecia com uma parede. Muito menos algum objeto. Sendo algo duro e macio ao mesmo tempo, ficou curioso, o que era isso que estava pegando?

Abriu os olhos para saber o que era, mas abriu com cuidado. Apenas um e bem devagarzinho. Foi quando notou estar com as mãos no peito de Glodoaldo, e ele não parecia nada, nada feliz com aquilo. Com o susto, deu dois passos para trás.

- Jesus... que susto que você me deu! Sabe, acho que talvez se a gente tentar firmar uma amizade né... Não sei, o que você ach... – Glodoaldo não lhe deu a chance de terminar de falar, pois rapidamente empurrou Luciano ao chão. – Argh... – Grunhiu de dor ao sentir suas costas baterem no chão. – Olha, eu acho que você não está me parecendo muito com alguém que quer fazer amigos, veja bem, eu... – Não terminou sua fala de novo, pois Glodoaldo, sentiu-se ultrajado ao ser tocado pelas mãos daquele garotinho, então abaixou-se para ficar mais perto de Luciano e então pegou nos mamilos do garoto e o puxou para cima novamente. Luciano já não sabia se gritava de dor ou gritava para tentar retardar o cérebro de Glodoaldo para ver se havia alguma saída.

Após ser levantado, Luciano levou suas mãos até seu próprio peito, massageando-os, a fim de se livrar da dor. Entretanto, o brutamontes não estava satisfeito.

Rodeou o garoto que era bem menor que si e deu-lhe o maior empurrão, fazendo Luciano cair no chão como se fosse a coisa mais leve desse mundo. Caiu de barriga para baixo, com suas mãos rente ao peito. Foi ai que quis gritar mais, sua mão machucada havia sido prensada ali. Mas segurou o grito, pois havia acabado de lembrar de sua ideia inicial: Fingir um desmaio.

E foi isso que fez, ficou ali, parado, tentando fingir que já havia partido desta para a melhor, esperando que Glodoaldo desistisse de bater em si.

Mas o seu plano saiu pela culatra sentiu aquele coturno tamanho 44 pisando com força em suas costas. Quase que pode ver seu espírito se esvair de seu corpo. Onde estava seu caixão? Que tipo de flor gostaria de ter em seu velório?

Reclamou alto com a dor de suas costas, somando com a dor na mão machucada sendo prensada no chão, com mais seus mamilos que ainda estavam doloridos. É, podem começar a cavar a cova.

- Espere só. – Clodoaldo disse com sua voz grave e logo saiu, deixando Luciano agonizando de dor ali no chão.

Ficou um bom tempo ali, pensando na vida, e o que havia feito de bom até agora. Mas, contando seus pensamentos, escutou passos. Passos leves demais para ser o brutamontes novamente.

- Luciano! Luciano! – Ouviu Papp, seu amigo, vindo até ele. – Eu não acredito! Olha o que aquele troglodita fez! – Ajudou-o a levantar.

- Ele levou meus mamilos no bolso!

- Como é que é? – Papp não entendeu.

- Eu vou morrer! Eu vou morrer, entendeu?! Se eu já não morri... eu preciso ir embora! Cadê a minha mãe?!

Só alegriaOnde histórias criam vida. Descubra agora