"APRENDEMOS DA PIOR maneira que ninguém nos decepciona. Nós é que colocamos expectativas altas demais sobre as pessoas."
Essa frase está cada vez mais ganhando sentido em minha vida.
Faz um ano eu venho me relacionando às escondidas com Dylan, o melhor amigo de meu irmão mais velho, Bradley. Eu deveria estar feliz e realizada, mas não estava.
Sei que Bradley não aceitará de bom grado caso descubra, ainda mais pelo fato de Dylan já ter sido tão cafajeste como meu irmão é até hoje. Porém, sendo bem sincera, eu duvido que ele aprove qualquer relacionamento que eu venha a ter. Eu amo meu irmão, mas às vezes ele me sufoca
Desde o colegial ele implica com todos os meus interesses amorosos, os colocando para correr tão logo demonstrassem interesse em mim. Por culpa de Bradley, o resultado da minha vida romântica teve um saldo de foi de um total de zero experiência em relacionamentos, pelo menos até Dylan me notar.
Depois de ter se formado em medicina, assim como nosso pai, meu irmão traçou sua própria carreira optando por se mudar para Nova York se tornando um cardiologista em um dos hospitais mais importantes da cidade.
Não querendo ficar para trás, Dylan seguiu os passos de Brad e foi trabalhar como neurocirurgião no mesmo hospital.
Sem aguentar a ausência de meu irmão, convenci meus pais a me deixarem ir morar com ele. Com muito custo, e depois de muita chantagem emocional, consegui a tão aguardada permissão, mas não sem antes prometer tomar um rumo na vida, já que aos 19 anos eu não pensava sequer em fazer faculdade.
No final eu acabei me decidindo, porém não pelo caminho que esperavam.
Junto com a ex-namorada do meu irmão, Bárbara Andrews, abri uma empresa especializada em confecção de lingerie, com o diferencial de que as peças não eram tradicionais e sem graças.
Bárbara, além de amiga e sócia, era também a pessoa por trás dos desenhos dos modelos exclusivos capazes de deixar qualquer mulher se sentindo desejada, sexy e irresistível.
No inicio contamos com uma ajudinha dos pais de Babi e de meu irmão, que injetaram uma certa quantia para começarmos. Mesmo pensando em desistir algumas vezes, a teimosia em vencer foi nosso combustivel para atingir um propósito maior. Hoje, nossa marca "Diamonds Secrets" era um sucesso, nos possibilitando a abertura de algumas franquias pelo país.
Saio do meu estado reflexivo com Dylan andando de um lado para o outro do seu apartamento vestindo somente calças. Ele pragueja algo enquanto tenta se equilibrar para calçar seus sapatos.
— Droga! Estou atrasado — resmunga, abotoando os botões da sua blusa social branca de mangas compridas.
Olha para meu corpo enrolado no lençol branco e suspira.
— Tina, levanta. Tenho que ir agora, estou atrasadíssimo. Hoje vai ter uma reunião com o diretor do hospital. E você não pode ficar o dia todo aqui, então quando sair tranque a porta — fala apressado por cima do ombro.
Nem sequer um beijo de bom dia ou de despedida.
Nada!
Com o resto de energia que me sobra, faço o caminho da vergonha para o banheiro. Um banho gelado deverá me ajudar a criar vergonha na cara e ir trabalhar.
Dfe banho tomado e dpois de trocar de roupa, vou direto para a loja.
— Bom dia, Mirtes! — cumprimento minha secretária e também braço direito.
— Bom dia, senhora Valentina! Dona Bárbara já lhe aguarda em sua sala.
— Obrigada, Mirtes. Já falamos sobre isso. Só Valentina, ok? — Sorrio.
— Sim se... Valentina. — Sorri sem graça.
— Certo. Só providencie meu café, sim? Eu não comi nada ainda.
Me despeço de Mirtes e ao entrar em minha sala vejo Babi esparramada em minha cadeira, com os saltos agulhas em cima da minha mesa.
— Isso são horas, dona Valentina? — pergunta, semicerrando os olhos. Me aproximo e afasto seus pés folgados.
— E a senhora não tem o que fazer não? Ao invés de ficar controlando os meus horários? — pergunto séria, com as mãos na cintura.
— Nossa, Tina, que mal humor do cão. Já sei! O doutorzinho não anda lá essas coisas na cama. Acertei? — indaga, levantando-se da cadeira e me dando espaço para sentar
— Sério que vai começar a implicar logo cedo com o Dylan? — pergunto sem muita paciência, ligando meu computador e checando alguns e-mails.
— Você é minha amiga e sabe minha opinião sobre ele. O cara te enrola há um ano, Tina. E nem vem dizer que é por causa do Brad, isso não cola, afinal os dois são farinha do mesmo saco. Nenhum deles presta e...
Fulmino Babi com um olhar mortal.
— Tá! Não está mais aqui quem falou — diz com as mãos para cima em rendição.
— Ok! E que tal começarmos a trabalhar e esquecermos desse assunto? — sugiro. No fundo sei que Babi está coberta de razão. Um cara que enrola a mulher há um ano, claramente não quer nada sério com ela. Mas sou orgulhosa demais para admitir, até para a minha melhor amiga. É humilhação demais.
— Desculpa, Tina. Eu quero sua felicidade, só isso. E falando de trabalho... Vou terminar de desenhar a nova coleção. Estou tendo várias ideias, ficará linda, você vai ver! Só precisamos da modelo certa para as fotos — diz empolgada e sorrio vendo sua animação.
Babi é talentosa demais. Tudo que se dispõe a fazer sempre sai perfeito.
— Sei que irá! Confio no seu bom gosto — comento.
Conversamos por algum tempo sobre algumas coisas da próxima coleção, e de outros tópicos de trabalho, mas decido voltar mais cedo pra casa por conta de uma enxaqueca horrível.
Chegando ao apartamento que divido com Bradley, eu escuto vozes masculinas vindo da sala.
Reconheço a voz de Dylan, Augusto e Paulo, também médicos e amigos do meu irmão. Pelo visto está tendo alguma reunião do clube do Bolinha.
Droga! Estou morta e sem forças para conversar com ninguém e tento me esgueirar e passar despercebida por eles.
Enquanto penso no que fazer, fico estática ao perceber do que estão falando.
— Então Parker, ainda está pegando aquela vizinha da frente? — Paulo pergunta para Dylan com um tom malicioso na voz.
Oi? Será que escutei o que acho que escutei?
— O que você acha? — pergunta sorrindo com os braços abertos. Nojento! Me corneando o tempo todo.
Meu corpo amolece e me sento no terceiro degrau da escada tentando me esconder.
— O que eu acho é que você tem uma sorte do caralho. Queria eu ter uma vizinha como aquela... Loira, peitão. Sem falar naquele bumbum... — Paulo diz de um modo quase indecente e sorri.
Filho da puta. Desgraçado. Cafajeste!
Não sei se tenho mais raiva dele ou de mim em ser tão idiota em cair no papinho de Don Juan dele. Sempre ocupado, nunca disposto a sair comigo para lugar nenhum, sempre com a desculpa de estar cansado.
Arg!
— Cara, mas e a Tina? Você não namora ela? — pergunta Augusto, que estava calado até o momento.
Dylan cai na gargalhada e o som dela se propagando na casa me deixa enojada.
— Fala sério, Guto. Eu? Namorar? Ainda mais com a Valentina! Até parece que não me conhece — responde e sinto vontade de estrangulá-lo.
— O que tem demais namorar ela? A Tina é linda. Uma ruiva doce, gentil, sensual... — Guto comenta e me surpreende com suas palavras, afinal nunca imaginei que ele achasse isso de mim.
— Sério, Guto? Pensei que já havia superado essa paixonite pela Tina — Dylan fala em tom rude, cruzando os braços.
Ponho as mãos na boca surpresa, fazendo de tudo para não fazer barulho algum. Do ponto em que estou, consigo ver que Augusto fica sem graça e abaixa a cabeça.
— A Tina não é mulher para se levar a sério. Muito carente, grudenta, sempre buscando agradar. Odeio mulheres assim! É gostosinha na cama, mas não passa disso. Sexo. Ela não tem atitude... Faz o que quero e isso é chato pra cacete. — Dylan torce os lábios em desdém. — Ariana é o oposto. Gostosa ao extremo, safada na medida certa, selvagem como uma mulher deve ser. Só não estamos nos pegando porque viajou a trabalho. Mas assim que essa gostosa voltar, aquele prédio irá tremer — ele se gaba sorrindo para os amigos.
Meu estômago se embrulha com as palavras de Dylan flutuando em minha mente.
Aquele desgraçado me usou o tempo todo. Nunca quis nada sério comigo.
Às lágrimas de ódio começam a descer livremente pela minha face.
— Você não vale nada, Dylan. Se o Brad souber que você só estava se aproveitando da Tina, ele acaba com sua raça — Guto vocifera irritado.
— Cara, eu não queria estar na sua pele. O Miller arrancaria sua cabeça. — Paulo completa.
— Shhh! Ele não vai saber, ok? Além do mais, a Tina não reclama nem um pouco quando está embaixo de mim se contorcendo de tanto prazer... Pelo contrário, geme sempre pedindo mais — diz sorrindo e minha humilhação não poderia ser pior.
Esse escroto está se gabando para os amigos idiotas e ainda por cima me expondo ao ridículo.
Subo as escadas correndo, com lágrimas rolando sem parar.
Alcanço a maçaneta da porta do meu quarto, entro com pressa, e vou direto ao banheiro me ajoelhar diante do vaso para colocar pra fora todo o café da manhã que estava no meu estômago.
Escuto algumas batidas na porta.
— Tina, o que houve? Você está bem? — Brad pergunta.
Me levanto e lavo meu rosto e boca. Enxugo meu rosto e respondo:
— Sim, Brad, não se preocupe! Comi algo que me fez mal, mas já estou melhor. — Minto. A sensação de ser traída, usada, e suja está apenas começando.
— Tem certeza? — insiste ele.
— Sim, não se preocupe.
— Ok. Estou voltando para o hospital, hoje estou de plantão. Qualquer coisa é só ligar. Te amo, baixinha.
Sorrio, e apesar de odiar a raça masculina no momento, amo demais meu irmão.
— Pode deixar. Também te amo, grandão.
Brad se despede, levando consigo a trupe de idiotas. Agradeço mentalmente. Apesar de ouvir Guto falar aquelas coisas de mim, não faz diminuir minha raiva. Decido tomar um longo banho de banheira e dormir. Nada melhor para clarear as ideias que uma boa noite de sono.
Capítulo Degustação.🌹
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LUXÚRIA (Completo na Amazon)
RomanceValentina Miller é uma jovem doce, delicada e ingenuamente sedutora. Sua vida controlada e confortável a leva a um lugar onde ninguém deseja chegar: a traição. Enfurecida e desapontada, por casualidade acaba conhecendo Jackson Carter, um misterios...