LUXÚRIA (Completo na Amazon)

07 Capítulo

—    Isso! - Bato na mesa de madeira extremamente eufórico!

Sorrio olhando o porta-retrato a minha frente, coloco a mão no lado esquerdo do meu peito, sentindo meu coração pulsar sobre minha mão. A boate está cada vez bombando, prova disso é o alto faturamento por noite.

—    É por você mano. - Sussurro baixo, enquanto sou tomado por lembranças...

—    Meu sonho é ter uma boate e ser stripper nas horas vagas. - Julian diz enquanto termina de colocar seu terno.

—    Não fale besteiras, papai iria ter um colapso em testemunhar seu precioso caçulinha rebolando em um palco com apenas um fio-dental.- zombo jogando uma almofada que o filha da mãe com um ótimo reflexo, pega.

—    Jack, você é um pé no saco mesmo.
Você tem noção de quanta gostosa pegaria em apenas uma noite?- indagou me olhando através do espelho.

—    Nenhuma. - Solto e sorrio.

Ele se endireitou terminando de ajustar sua gravata .

—    Seu senso de humor é como sua vida... Sem graça. - fingiu uma tosse.

—    Você sabe que sou homem de uma mulher só, e sou feliz com a família que tenho. Rolo os olhos lhe acertando um soco na costela.
Ele revida me fazendo gemer de dor.

—    Você ainda bate como uma menina. - o provoco.

—    Sabe, Jack, mesmo você sendo esse pé no saco, te amo demais, irmão. Sempre lembre-se disso. - Julian diz e sua expressão se torna serena.

—    Cara, você anda estranho. Primeiro esse lance de stripper, e agora essa declaração repentina? - mais uma vez o provoco recebendo seu sorriso genuíno de sempre.

Dizem que Julian é uma versão mais nova de mim, menos a personalidade. A minha é como uma tormenta em dias calmos.
A sua, uma aprazível brisa fresca no outono.
 
Apesar de ser o mais novo, tem uma certa maturidade quando o momento precisa. É doce, prestativo, e acima de tudo, tem um coração maior que o próprio corpo.

Perder meu irmão foi como perder uma bússola em meio ao deserto escaldante.

Uma dor que me dilacera dia após dia. Perder o Brian também não foi fácil, não tive muito tempo com meu garoto e já o perdi. Não tem um santo dia que não me odeio por isso. Se eu não tivesse pegado a estrada daquele jeito, se não tivesse discutindo com ela... Aquele demônio, aquela mulher foi a pior coisa que aconteceu na minha vida. Foi como uma praga, erva daninha, que só se contentou, quando devastou e destruiu minha vida completamente.

—    Tenho orgulho de você, Jack. Foram essas as suas últimas palavras.
—    Jack? - Percebo Isabela, minha gerente e amiga de confiança parada à minha frente.

Isabela me olha com uma expressão de pesar, ela me conhece como ninguém, e sabe que por alguns minutos que seja, mergulhei de cabeça em meu passado amargo.

Temo que nunca conseguirei deixá-lo para trás, em hipótese nenhuma conseguirei ser feliz, embora, não acredito que mereça. Por minha culpa, duas vidas se foram. Estou condenado à infelicidade e perecer, sem amar e ser amado, e aceito essa condição de bom grado.