Capítulo 2: É estranho te ver novamente

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Ser um bruxo deveria ser um diferencial. De que adiantava ter a magia a seu favor se você fosse obrigado a passar um dia inteiro entrando em uma dúzia de casas que não chegavam nem perto de algo aceitável?

Draco Malfoy chamava aquilo de incompetência.

Pamela Smith, uma corretora ruiva de meia-idade, já havia lhe mostrado casas para todos os gostos. Bem, não para todos. Pois nenhuma delas passava nem perto do gosto dele.

A primeira delas tinha sido um apartamento. Completamente vazio. A bruxa tivera a coragem de lhe dizer que o lugar era um paraíso, balançando os cabelos ruivos e levantando o óculos pela ponte do nariz.

— Esse belíssimo apartamento está sendo fotografado por revistas do mundo bruxo inteiro! — Ela sorriu, mostrando dentes artificialmente brancos demais.

— Sim. Faltou apenas a mobília — ele respondeu entre os dentes.

Um dos imóveis era uma cobertura no estilo industrial. O maldito sofá não tinha sequer um encosto completo. Draco fez uma carranca.

— Estou pressentindo um não — A mulher disse, ajeitando as vestes.

Draco apenas a encarou com um olhar gelado.

Ela então os aparatou para um apartamento que era completamente decorado nas cores vermelho e dourado. As fodidas cores da Grifinória. Alguém claramente pagara aquela mulher para lhe atormentar.

— Esse lugar normalmente não estaria disponível ainda, mas o casal se mudou para o Brasil, então é uma sorte de ouro que ainda não tenha sido alugado.

Ela estava animadíssima, parecendo inconsciente da referência que acabara de fazer.

Draco simplesmente saiu do apartamento e desceu as escadas, decidido a finalizar aquela merda de dia. A corretora incompetente aparatou ao seu lado no instante em que ele colocou os pés na calçada do prédio.

— Sr. Malfoy, eu não entendi bem o que está procurando. Talvez se conversássemos mais um pouco... Se pudesse me contar um pouco sobre você. Seu trabalho, sua famíl...

— Eu não quero falar sobre isso — ele a interrompeu.

Aquele era um assunto que Draco evitava completamente. Até mesmo pensar sobre ele o deixava alterado. Agora aquela mulher estava fazendo com que ele revisitasse memórias que com tanta dificuldade empurrara para o fundo de sua mente.

Seu pai havia morrido. Dois anos após ser sentenciado à Azkaban. O Ministério não se empenhara na investigação de sua morte, mas tudo indicava que o Malfoy mais velho havia sido assassinado.

Sua mãe, que já não era a mesma desde a guerra, se tornara uma pessoa reclusa depois da prisão de Lúcio e, após sua morte, entrara em uma profunda depressão. Mesmo com as poções e tratamentos com psiquibruxos, ela não se recuperara, vivendo anos naquela condição.

Era uma noite de sábado quando Draco encontrara sua mãe na mesma sala onde sua família presenciara tantas atrocidades sendo cometidas por Voldemort e Belatriz. Narcisa estava no chão, um frasco ainda em sua mão direita. Morta. Por envenenamento, descobriu-se mais tarde.

Draco se viu incapaz de continuar morando na Mansão. E na Inglaterra. Ele fizera as malas poucas semanas depois do sepultamento de sua mãe e fora para Nova York, cidade para a qual já fazia viagens frequentes. O loiro gostava da cidade. Talvez fosse um recomeço apropriado, apesar de tudo o que estava experimentando naquele dia infernal.

— ... talvez devêssemos parar de procurar alguns dias e recomeçar em algum outro momento. — Ele percebeu que Smith ainda estava falando, olhando ansiosamente para ele.

Igual ao Paraíso [ Dramione ]Onde histórias criam vida. Descubra agora