Capítulo 5: Há fragmentos em minha mente

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Ela se sentia... desorientada.

Estava ouvindo em silêncio desde que ele começara a falar. Tentara manter a calma e apenas absorver, de modo clínico, as informações sobre sua vida que ele compartilhava com ela.

Mas não foi nem um pouco fácil.

Tudo aquilo que ele relatava parecia ter saído de um livro de ficção. A tal guerra, os amigos dela, a escola em que estudara... A única parte em que não se surpreendera nem um pouco foi quando ele afirmou que ela era uma bruxa. Porque, de alguma forma, ela já sabia disso. Era algo inerente a ela, como o fato de ser uma humana ou de saber falar.

Mas o restante... a deixou absolutamente atordoada.

E, de uma certa maneira, mais aliviada, também.

Os últimos dias tinham sido um borrão. Tudo o que se lembrava é de ter entrado em seu apartamento e encontrado um homem em sua sala de estar. Loiro, alto, praticamente bêbado. Ela concluíra se tratar de um mendigo invasor, apesar de sua boa aparência. Tentara, então, expulsá-lo de sua casa, mas sem sucesso. Onde quer que ela fosse dentro do apartamento, lá estava ele.

Tomando banho no chuveiro dela.

Comendo a comida da geladeira dela.

Colocando um copo de bebida e manchando a mesa de mogno dela.

Dormindo na cama dela.

Ela não conseguira tirá-lo de lá de modo algum. Tinha sido frustrante.

Ele lhe afirmara não ser um mendigo, garantindo que havia alugado o apartamento. Mas ela tinha certeza de que isso não era possível, pois era ela quem morava ali. Não, ela estava convicta de que ele era nada além de um bêbado desequilibrado com uma ideia fixa na cabeça.

Ela acreditou nisso até o dia em que tentara pegar o pó de flu e chamar os aurores. No momento em que não conseguira pegar o pó, ela cogitou que alguma coisa estava errada consigo mesma. E depois, na noite seguinte, sua mão simplesmente atravessara o rosto dele quando tentara lhe dar um tapa e, ao tentar empurrá-lo, ela caiu através da janela fechada. Sim, definitivamente algo estava errado.

Tudo isso sem mencionar o fato de que não dormia, não comia e não se lembrava de quem era! Ela não se recordava nem mesmo de seu nome. Sequer sua família. Seu emprego, se é que tinha um. Era... desesperador.

O homem, que afirmara se chamar Draco Malfoy, havia lhe dito que ela estava morta. Que deveria ir para a luz.

"Vá para a luz, Granger!"

Granger.

Ele a chamava assim às vezes. Era como se a conhecesse. Mas, independentemente disso, a questão é que não havia luz alguma. E ela não se sentia morta, portanto não iria seguir nenhuma luz hipotética.

Então ela descobrira se chamar Hermione Granger, por acaso, vendo seu nome em um pedaço de pergaminho. E ele perguntara o que ela fazia quando não estava ali. Mas ela estava ali o tempo todo!

Durante uma semana, ele trouxera diversas pessoas para o apartamento. Todas elas com o claro objetivo de mandá-la para a luz. Mas nenhuma daquelas pessoas conseguira vê-la ou ouvi-la. A não ser o último bruxo. O rapaz magro. Este se provara capaz de ouvi-la e dissera que ela não estava morta. Mas também não sabia o que deveria ser feito em uma situação como aquela.

Naquela noite, após ficar irritado com ela e sair para um bar, o tal Draco Malfoy havia bebido. Ela o seguira, não sabia dizer como, e tentara impedi-lo de continuar bebendo. Ela realmente possuíra o corpo dele ou aquilo havia sido um devaneio? Hermione não saberia dizer. Era tudo muito confuso.

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