Como Tudo Aconteceu

16 2 4
                                    

_ALICE_

- Haley! Me deixa ir! Eu não...Eu não.... Eu não posso mais viver aqui!

- Não! Por favor...não me deixa Alice!

- Você não entende.. Eu não posso... ele vai me matar! Desculpa Haley, isso acaba aqui.

Na minha cabeça, uma contagem regressiva.
Cinco, me virei.
Quatro, fechei os olhos.
Três, respirei fundo.
Dois, dobrei os joelhos pra pular.
Um, pulei. Mas ao invés de sentir meu corpo colidir com a gélida correnteza, senti uma forte dor no pulso e o mundo desacelerou. Olhei para cima. Valeu estava segurando meu pulso. As lágrimas que caiam de seus olhos se misturavam com aquela chuva fria, caindo no meu rosto.

- A-Alice...Eu preciso de você....por favor.... me dá a sua mão!

O olhar de desespero nos olhos dele fez meu coração doer. Estendi a mão pra ela, e quando me dei conta estava sentada no velho assoalho da ponte, Haley estava ofegante, abraçada ao meu pescoço enquanto chorava.

- Haley...

- Me perdoa... Eu não te protegi... eu não pude te ajudar...

As mãos dela apertavam minhas costas. Senti meu corpo perder parte do peso quando ela me ergueu do chão.

- Haley! Me põe no chão!

- Suas pernas estão sangrando. Eu vou te levar no colo até em casa.

- Mas...seu pulso está machucado. Você me segurou na ponte! Isso vai te machucar, para por favor!!

Ela me ignorou e colocou minhas mãos ao redor do pescoço dela. Senti os braços dela passarem por baixo das minhas coxas.

- Você é impossível...me solta logo... Eu não quero você machucada.

- Eu vou te levar pra casa, depois te solto.

Por todo o caminho eu insisti, mas ela me ignorou e me carregou, ainda que as pernas dele falhassem a cada pedaço cheio de lama ou pedra pontiaguda que surgisse no caminho.
Depois de cerca de 40 minutos, com minha consciência se esvaindo, ela finalmente me pois no chão, e eu notei que estávamos na varanda dela. Como pude chegar até aqui sem nem sequer notar?

- Haley! Minha filha! O que aconteceu com vocês duas??

- Mãe... -minhas pernas falharam e dessa vez eu caí - ai... cuida da Alice. Rápido.

Eu observava a cena confusa. Os sons estavam abafados pelo zunido no meu ouvido e o som da chuva. Tentei caminhar, mas meus pés doíam. Só não caí porque uma das duas me segurou.

Quando recobrei a consciência, estava na cama da Haley. Meu corpo estava cheio de curativos e eu estava apenas de cueca. Tentei me sentar, mas pelo visto eu tinha costelas quebradas, e esse esforço me rendeu um belo gemido de dor.

- Alice! Não se move...você tá muito ferida!

Vi os olhos preocupados de Haley, e estendi a mão pra ela, que logo foi agarrada em resposta.

- Haley... por que eu estou aqui?

- A gente considerou uma má ideia te levar pra um hospital agora... e pra não ter risco de alguém te machucar, você tá aqui comigo e minha mãe está na cozinha, com a arma do meu pai.

- Por que seu pai tinha uma arma?

- Ele era militar. Mas, me diz. O que aconteceu?

- Eu não....não quero contar ...

- Alice, confia em mim. Eu preciso saber como te ajudar.

- Tudo bem...

Me sentei e respirei fundo. Ela me abraçou e acariciou meus cabelos.

My GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora