Capítulo 06🌼

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O medo tomou conta de Perseu naquela rodoviária onde todo mundo era desconhecido, corria daquele homem drogado recordando dos crápulas que o abusaram. 

Esbarrou em alguém e ambos caíram no chão da rodoviária. 

_ Oh perdão  !

Era uma senhora que tinha nas mãos compras de mercado. Perseu ajudou a senhora a se levantar. Sua pele era morena e com certeza tinha ascendência indígena. 

_ Me perdoa senhora se machucou  ?

_ Não meu jovem eu tô bem mas porque essa correria toda estava fugindo  ?

_ É eu tenho fugido de muita coisa. 

O semblante deprimido do bonito rapaz chamou a atenção da senhora que com curiosidade perguntou :

_ Você é brasileiro né  ? Reconheço esse sotaque maravilhoso em qualquer lugar o que faz aqui meu jovem  ?

_ Vim do Brasil em busca de uma vida nova quero trabalho agora. 

_ Quer um trabalho  ? Tu sabe mecher com computador  ? 

_ Sei sim porque  ?

_ Meu patrão Aristeu Jimenez está precisando de alguém que saiba usar essa máquina pra trabalhos de escritório, talvez você possa servir.

Pela primeira vez em dias um sorriso apareceu na face de Perseu. 

_ Nossa se a senhora puder me apresentar seu patrão eu agradeceria. 

_ Claro que possa senhor Aristeu é um bom homem ele tem uma fazenda de soja nas margens do lago Ypacaraí e qual teu nome  ?

_ Perseu Vargas. 

_ Sou Juracy e vamos logo antes que alguém pegue a vaga. 

Parece que nem todo mundo tinha um coração ruim e Juracy era uma senhora muito gentil. Os dois foram pra fazenda de Aristeu Jimenez que ficava as margens de um dos maiores rios do Paraguai. 

A fazenda ficava situada a leste de Assunção. 

Perseu achou bonita os vazos de ceramica que os moradores vendiam na porta de suas pequenas casas. Fazia calor e algumas crianças parecendo indiozinhos corriam descalças pelo solo vermelho. 

Ao longe podia se ver o famoso lago e Perseu desejou se banhar ali afugentando todo o cansaço. 

Se aquelas águas pudessem também lavar sua alma sofrida  . . . .

Durante todo o caminho Juracy veio contando dos moradores e empregados da fazenda. 

Cecília era a empregada uma jovem de 24 anos bastante atrevida.

O capataz Ramon também era jovem porém muito metido e orgulhoso. Havia também Kauê um rapaz filho de uma paraguaia com um brasileiro gaúcho .

_ Kauê Lozano é o rapaz mais bonito da região as meninas ficam loucas por ele e ele nem liga. 

Contava Juracy com um sorrisinho e Perseu ficou calado. De homens bonitos ele queria distância. 

Uma vez deu seu coração a um homem atrante e pegou um preço alto por isso. 

Aliás Perseu não queria saber de homen nenhum .......

Se recordou do estupro brutal que sofreu aquele bando enfiando seus membros com força  ....... Eles pisaram na sua cara e ........

_ Chegamos mi angel venha entre vamos conversar com meu patrão. 

Juracy falou tirando Perseu de suas lembranças amargas. 

A casa do fazendeiro era grande estilo colonial dentro era decorado rusticamente.

Perseu foi recebido por Aristeu Jimenez e sua esposa Rosário ambos muito simpáticos e Perseu sentiu-se bem ali.

Aristeu gostou muito de Perseu apesar de o achar triste, contratou para auxiliar de escritório. Perseu ficou contente por ter conseguido aquela oportunidade de trabalho. 

Juracy o levou para uma casinha debaixo de uma pé de manga na frente havia uma plantação de mandioca que os paraguaios usavam em muitas receitas. 

_ A casa é simples garoto mas tem um banheiro bom com água quente e um rádio. 

_ Está ótimo Juracy tô muito satisfeito obrigado por tudo te encontrar foi uma bênção. 

_ E que encontro hein   ?  Tira essa tristeza meu bem não tem porque ficar assim você é tão jovem tem uma vida inteira pela frente. 

Ah se Juracy soubesse o real motivo de sua tristeza  ....... Perseu era um sobrevivente. 

Ela segurou a mão dele falando :

_ Vou te deixar arrumando suas coisas depois te chamo pra almoçar. 

Perseu assentiu e quando ficou só sentou naquela cama com o olhar perdido. 

Assim era sua vida agora. Perseu era uma pessoa com um passado marcado pela maldade humana.

                                   👨👨👨

Os empregados da fazenda fizeram um jantar naquela noite para confraternizar. 

Pelo menos uma vez por semana eles se reuniam ao redor de uma fogueira, tocando harpa paraguaia e conversando em guarani. 

O céu estava límpido e repleto de estrelas. 

Juracy colocava uma boa porção de bori bori no prato. Aquela comida típica do país composta de galinha caipira e verduras era saborosíssima.

_ Pra quem é este prato Juracy  ?

Indagou Ramon um rapaz moreno de cabelos longos e lisos. 

_ Pro Perseu o jovem brasileiro que vai começar a trabalhar conosco. 

_ E porque ele não janta aqui como todos nós ta achando que é melhor que a gente  ? !

_ Aí Ramon não comece com as suas palhaçadas. 

Juracy foi levar o prato pro Perseu e Ramon ficou olhando feio .

Cecília uma moça magrinha e morena de cabelos cacheados negros dardejou :

_ Não vi este brasileiro ainda será que é bonito pelo menos, só sei que não pode ser mais bonito que você Kauê. 

Este que tocava harpa fez que não com a cabeça. Ele realmente era muito bonito. 

Filho de uma paraguaia com um gaúcho seus traços másculo beiravam a perfeição. 

Kauê Lozano fitou a casinha onde estava o novo empregado da fazenda com curiosidade. 

Lá Juracy entregou o prato fumegante para Perseu que agrdeceu com um leve sorriso. 

_ Por que não fica com a gente lá na fogueira estamos conversando e ouvindo Kauê tocar harpa  ?

_ Muito obrigado Juracy pelo teu convite estou muito cansado só quero comer e dormir cedo. 

_ Tá bom mi angelito até amanhã. 

Ela se foi e Perseu comeu ouvindo o som da harpa e das vozes em guarani. 

Mais tarde Perseu orava pedindo ajuda aos céus em sua nova jornada quando o vento que agitava a cortina chamou sua atenção. 

Levantou para fechar a cortina. 

Se deteve com o que viu  ....... 

Um homem o fitava ele tinha olhos e cabelos negros  ....... alto e forte ele o olhava fixamente. Um olhar que pareceu atravesar todo corpo de Perseu. 


Perseu fechou a cortina rapidamente e deitou na cama. Uma sensação estranha ..... Uma força poderosa naquele olhar. 

Quem era ele ? 

_ Isso não interessa devo me concentrar no trabalho. 

Pouco depois ele dormia profundamente. 

Anjo Ferido Onde histórias criam vida. Descubra agora