04 - Professora

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O coronel Batista não havia ficado satisfeito com a atitude do Jovem João, mas devo admitir que havia me divertido com seu atrevimento. Ele parecia sim interessado em mim, e eu estava pensando nele.  Em seus olhos castanhos, em sua pele bronzeada e sua maneira diferente de se portar.

Quando chegamos em casa, após a missa sem nos despedirmos de ninguém, Batista me segurou no braço e buscou falar comigo.

— De onde a senhorita minha noiva conhece aquele rapaz?

— Perdão?

— Aquele rapaz ousou toca-la em minha frente, beijou sua mão como se fosse corteja-lá e ainda teve a audácia de questionar sobre sua felicidade em estar comigo ou não. De onde você o conhece Sandra?

Geralmente em situações complicadas eu costumava a pensar como Jesus, mas nesse caso eu pensei: O que Pedro Faria? Negaria.

— Eu nunca vi aquele homem em toda minha vida. — Pelo menos não até hoje cedo.

— Jura?

— Senhor Batista eu não conheço aquele rapaz e nem se quer sei como ele se chama, eu acabei de sair de um convento, deve ser um libertino qualquer.

— Entendo. — Ele se vira de frente para mim, e levanta meu véu vagarosamente. — Sandra.. És tão linda.

— Agradecida meu noivo. —respondi em respeito. Mas sentia nojo daquele toque.

— Sabe, eu sei que tem medo de mim porque matei a minha primeira esposa, mas quero que saiba que jamais faria nenhum mal a você.

Vireimeu rosto para a esquerda evitando ao olhá-lo.

— O senhor diz que nunca me faria mal mas hoje mais cedo tentou passar a mão entre minhas pernas e também me obriga a usar este véu em público.

— Eu fiz isso porque eu desejo você, oxe. E o véu porque eu te amo. Amo você Sandra, e não quero que ninguém veja sua beleza, quero te proteger dos maus olhares dos homens.

— Me ama?

— Sim, a amo.

— O senhor tem uma maneira estranha de demonstrar seu afeto.

— Eu imagino que entenda errado, mas apenas quero lhe proteger. Ouça, não fale mais com esse rapaz, ele é um libertino, provavelmente ele quer desonra-lá e a abandonar, mas eu não. Eu quero casar, quero que me dê filhos e dou meu nome a você.  Vou te mostrar que posso ser gentil.

— Compreendo, tenha boa noite Batista, irei entrar não fica bem eu ficar falando com o senhor aqui no portão. Boa noite.

Eu estava confusa
Isso era amor? Na minha cabeça era algo tão mais diferente. Tão mais puro, porém ele era mais velho e mais experiente, talvez compreendesse melhor do que eu. Eu não sabia de nada, ele era um homem conhecido por ser violento, e dona Julieta apanhava todos os dias, e no final das contas ele a matou. Mas, eu não conhecia o rapaz não sabia quem era o João, não sabia o que ele queria comigo e muito menos suas intenções, apenas dei as costas para Batista e passei meu portão de minha casa e entrei, não queria passar muito tempo sozinha com ele, tinha medo que me assediasse novamente.

Bom, eu fui me arrumar para jantar com meus paiz e fazer minhas orações, e antes de dormir, mas antes de deitar eu pensei nele, naquele cavalo preto, e naquele sorriso na igreja, em seu perfume e em imaginar fechei meus olhos.

João Victor

Não pensei que veria ela novamente, a mulher mais inteligente que tive o prazer de cruzar. Sim inteligente, pois a diretora do convento me contou que Sandra sabia falar outros idiomas, ler, escrever, iria dar aulas para as crianças voluntariamente, e além do mais era linda. Mas ver que seu destino estava a prendendo a alguém que provavelmente a violentar ia, e que matou a primeira esposa me deixava desconfortável. Quando cheguei em casa junto a mamar pude sentir o peso de um tapa em minha cabeça.

Inesquecível SandraOnde histórias criam vida. Descubra agora