01 - O Noivo

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Sandra.

Conforto. Era algo que eu não fazia ideia do que era  a muito tempo. Apesar de viajar em carro não ser tão bom, achei devera confortável, tanto que adormeci parte da viagem. E a ida de trem para o Ceará, embora eu estivesse querendo muito conversar assuntos com minha mãe, como questionar sobre meu noivo, ou perguntar como estão os negócios da família. Mas eles eram muito reservados para isso. Quando finalmente chegamos, depois de uma longa viagem de trem, eu pude ver novamente pessoas, cores, mulheres, homens e crianças. O sol, o som, vozesbde pessoas andando na cidade até entrar novamente em um automóvel.

— Ah minha querida, eu mandei arrumar seu quarto com tanto carinho. Apesar de que irá ficar por pouco tempo.  — Finalmente uma palavra.

— Mamãe, agora que está a falar, me conte mais sobre meu futuro marido. Estou curiosa.

— Ah minha querida toda curiosidade será revelada quando vocês se conhecerem, será em breve. Não se preocupe.

Eu não fazia ideia de quem era meu noivo, isso não me incomodava. Na verdade eu só queria dar orgulho aos meus pais. Sempre quis dar orgulho a eles.  Netos, respirei fundo, eu estava a um passo a felicidade e orgulho para eles. Chegar em casa, voltar para casa, onde cresci e fui criada até meus quinze anos. Tantas recordações boas e ruins ressurgiram, lembranças de minha amiga Clara me veio em mente. Uma antiga amiga de juventude, ela era muito mimada, as vezes irritante mas extremamente leal, não sabia se já havia casado, se já havia tido filhos, me entreguei em um abraço gentil de minha mãe, que pela primeira vez desde que nos reencontramos ela me abraçou, e demonstrou algum afeto.

— Vá se arrumar querida, seu noivo está para chegar.

Noivo misterioso qual eu estava prometida. Ainda nem sabia quem er mas estava intrigada,  quando subi as escadas, olhando cada detalhe e relembrando de minha vida, a alegria se estampa em meu rosto ao entrar em meu antigo quarto, ao ver minhas roupas, ao sentir minha antiga vida voltar.

Agora sozinha em meu quarto, trancando a porta, olhando me em frente ao espelho, levantava a saia de meu vestido e via as cicatrizes, sim as cicatrizes que haviam ficado de tanto ajoelhar-me ao milho. Eu não gostava de sofrer, mas a ideia de punição me satisfazia de uma maneira estranha. Uma forma que eu ainda não compreendia. Não era a dor que me agradava, e sim a ideia do castigo. Que Deus me perdoasse. Mas, também me castigava severamente pois sabia que era o correto. E que eu poderia esperar isso de meu marido. Não podia esperar menos de qualquer homem.

A noite chegou, coloquei então um vestido azul claro, um colar de pérolas que me foi dado aos meus quinze anos, eu estava bem vestida, elegante. Mamãe não havia vindo me ver e isso havia me deixado triste mas não era inesperado, orei pedindo a Deus que me abençoasse com um bom marido. E que meu ventre  o desse bons filhos. 

— Ele chegou, minha menina. —Disse mamãe por de trás da porta.

A então hora qual fui preparada toda vida havia chegado. Conhecer meu futuro marido.

Desci as escadas ao lado de mamãe, com meus cabelos soltos para trás.a cada passo meu coração anseava de curiosidade, mas quando desci vi um rosto familiar.

Não podia ser ele, não!

Em toda minha vida sempre fui conformada na ideia em me casar, ter filhos e servir a um homem, mas aquele homem?

Alto, cabelos grisalhos, não muito magro nem gordo, com seus cinquenta anos, olhos claros. Seu nome era Batista. Um coronel famoso por sua crueldade,  mas ele não era casado?

— Sandra, é um prazer lhe ver finalmente como minha noiva. — Ele se aproximava de mim e se curvou, com timidez encolhi as mãos e olhei para mamão.

Inesquecível SandraOnde histórias criam vida. Descubra agora