Capítulo 14 - Caso encerrado? Parte II

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ISABELLA GRAMACHO

Antes do Greg levá-la, troquei algumas palavras com a própria.

- Ámbar, onde está o Raphael? - Cruzo os braços e forço a voz para transparecer intimidadora.

- Espero que você se culpe por ter me entregado aquele garoto, afinal, foi por sua culpa que agora o mesmo está morto. - Percebo algumas lágrimas saindo dos seus olhos, mas não entendo o porquê, pois ela é uma psicopata.

- Tire essa garota daqui. Leve diretamente para a delegacia. Alias... - Apliquei um soco bem forte no seu rosto, pois ainda era muito grande a raiva que eu sentia por essa desgraçada.

Minha raiva aumentou ainda mais quando ela se virou novamente para mim e disse: "Sinto muito pelo seu pai. Espero que descanse em paz."
Me atirei outra vez em sua direção, até porque perdi a paciência, mas meu amigo não permitiu me lembrando que isso não é necessário. Essa desgraçada já vai pagar pelos crimes cometidos.

Puxei o Scott, chamei as meninas e o Isaac para irmos na sua casa...
Assim que chegamos, a Sr. Suffolk alertou seu filho sobre o celular que está tocando a algum tempo.
Então o próprio foi rapidamente pegar para atender.
Assim que subiu, ouço seu grito me chamando de repente.

- O que aconteceu? - Perguntei toda desesperada.

Ele apenas me entrega o celular sem dizer nenhuma palavra.

*Olá Isabella... Sinto lhe informar que seu plano não deu certo.* Outra vez aquela voz distorcida.

*Impossível. Como conseguiu escapar?* Respiro profundamente.

*Só quero dizer que estamos na etapa final do jogo. Pessoas serão desmascaradas, segredos serão revelados.*

A ligação acabou. No exato momento um vídeo é enviado do número desconhecido.
É a aquela figura novamente na frente da câmera com o Raphael estirado e ensanguentado, enquanto o restante do vídeo mostra essa pessoa matando meu amigo Greg.
Não aguentei ver aquilo. Apenas apertei pause e começo a chorar.
Scott me abraça tentando me consolar, mas não funciona porque tudo o que faço acaba dando errado. Essa desgraçada está sempre um passo na minha frente. Eu não consigo vingar a morte do meu pai.

- Ei... Não precisa chorar. - Seus dedos tentam enxugar minhas lágrimas.

- Mas nem ao menos tenho capacidade de te ajudar a solucionar esse caso. Como não ficar em prantos? - Dou uns soluços involuntários.

- Por sua causa nós descobrimos tantas coisas nesse caso. Foi você que desvendou a verdadeira identidade dela. Se não estivesse me ajudando, com certeza algo já teria acontecido de grave comigo, tanto mentalmente quanto fisicamente. - Suas palavras e seu lindo sorriso vão me acalmando.

- Era para nós termos ido com o Greg. - Abaixo minha cabeça. - Mas para ela fugir, só pode significar... - Meus olhos se arregalam.

- O que Isa? Você parou do nada! - Lanço meu olhar até seu rosto.

- Como não percebi isso antes. Desde sempre eram duas pessoas. Duas mentes com intelecto alto, me deixando um passo atrás. - Noto a cara de espanto do Scott.

- Por favor, vamos conversar sobre isso depois. Minha cabeça está quase explodindo com tanta informação de hoje. - Sua expressão facial demonstra cansaço mesmo.

- Então está bom... Mas eu queria... Uh... - Entrelaço meus cabelos com as pontas dos dedos. - Posso dormir aqui hoje, porque não quero ficar sozinha na minha casa. -

- Ah... Claro que pode. Eu arrumo um lugar para você dormir. - Ele desvia seus olhos dos meu e suas bochechas ficam avermelhadas.

Scott desceu, se despediu das meninas e do Isaac. Depois me chamou para jantarmos, mas preferi não comer nada. Só bebi apenas um suco de laranja. Ficamos ali mesmo na mesa conversando um pouco com sua mãe até dar o horário de dormir.
Na hora que subimos até seu quarto, ele arrumou sua cama, me deu uma de suas roupas para me banhar. Ficou um pouco grande aquela calça moletom junto com uma camiseta, afinal não quero ficar com calor, mas serviu para ir dormir.

- Isa, pode dormir aqui na minha cama e eu durmo aqui nesse colchão. - Ele cedeu seu lugar confortável para mim, enquanto vai dormir no chão.

- Não precisa... Posso deitar no... - Fui interrompida.

- Quero nem ouvir. - Novamente lança um sorriso. - Pode ficar aí mesmo, sem problema nenhum. - Apenas consentir com a cabeça.

Como não tinha tomado banho até agora, Scott foi até o banheiro para isso.
Fiquei de trás da porta sem motivo nenhum, mesmo assim escutei vindo de lá de dentro ele chorando baixo.
Acho que o mesmo não queria demonstrar que estava para baixo no momento de meus prantos horas antes.
Quando escuto o chuveiro sendo desligado, fui rapidamente para a cama.

Na hora que a porta se abre, fico impressionada com o que eu via...
Aquele corpo másculo, os cabelos que costumam ser um castanho escuro, estavam totalmente negros por conta da umidez, combinando perfeitamente com os olhos da mesma cor. O que me chama atenção também são os contrastes de seu rosto, alguns detalhes que me chamam atenção como sua mandíbula que estão sempre tencionadas.

- Ah... Desculpa. Fiquei tão distraído lá dentro que me esqueci de sua presença no meu quarto. - De novo aquelas bochechas rosadas ficam vermelhas, enquanto cobria seu corpo com a toalha.

- Sem problemas, afinal só o seu torso está despido. Se quiser ficar assim não tem mal algum. - Dou um pequeno sorriso.

Ficamos deitados conversando sobre assuntos bem aleatórios até um de nós dois acabar dormindo. No entanto ficamos horas dialogando sem perceber o tempo passar até que os primeiros sinais de sono foram aparecendo, através de seu bocejo.
Então ele me deu boa noite e fechou os olhos, enquanto fiquei observando-o por mais um tempo, porém não demorou muito. Acabei adormecendo.

[...]

Quando os primeiros raios de sol entram pelo quarto, acabo acordando e vejo que Scott já havia levantado mais cedo. Ele estava ali no colchão mexendo em seu celular sem fazer nenhum barulho, acredito que é para não me acordar.

- Bom dia Isabella, dormiu bem? - Meu corpo gela, pois não percebi que ele tinha me visto.

- Ah... Sim e você? - Só consegui dizer isso.

- Claro! - Seus olhos encontram os meus. - Quer conversar um pouco agora sobre ontem? -

E foi assim a partir daí que falamos sobre meus pensamentos, minhas ideias e deduções sobre tudo isso.
Expliquei que realmente a Ámbar se tornou minha suspeita principal após devolver o celular nas mãos dele.
Lhe disse que estou começando a sentir crise existencial. A morte do meu pai me casou um trauma enorme, mas não é motivo de muito alarde, pois estou me recuperando de pouco em pouco.
Mas não passava pela minha mente a possibilidade de ter um cúmplice da Ámbar ou possa ser o contrário e ela está apenas ajudando algum psicopata a fazer essas atrocidades por um motivo que não descobrimos.

Não podemos dizer nada a polícia, afinal não sabemos quem é a outra pessoa. Sabemos apenas a identidade de uma.
Ontem antes de dormimos, pensei um pouco sobre o Luke... Ele estava usando uma máscara semelhante a essa da Ámbar. Não são totalmente iguais, mas faz lembrar a dela.

- Isa, vamos procurar saber... - Scott começa a falar, mas para de repente.

- Qual foi o motivo de parar? - Franzi a testa. - Procurar o que? -

- Não é necessário dizer agora. - Seu dedo aponta para o próprio celular e então entendi o porquê de não complementar a fala.

Isso me faz lembrar uma coisa... Temos que analisar o aparelho por completo para identificar qual o aplicativo ou outra coisa que está sendo capaz de gravar nossas vozes.

Parece que voltamos a estaca zero, porque nunca conseguimos agir da maneira correta e acabamos falhando, fazendo alguém morrer.

- Scott, você vai precisar de qualquer jeito descobrir sobre seu pai. - Digo na seriedade, enquanto fito seus olhos.

- Falta pouco tempo para o acampamento que antecede as férias de inverno. Temos que conseguir isso até lá. - Ele chega muito próximo a mim. - Vamos conseguir nos vingar está bom? -

Os cantos de minha boca curvaram-se involuntariamente. Consenti enquanto arrumava meu cabelo num rabo de cavalo para cuidar de minha higiene pessoal e tomar um café.

- Eu tenho uma escova que é nova. Pode pegar para você. - Seu dedo aponta para o porta escovas na bancada próximo a sua cama. - Depois pode descer para se servir... Vou estar te esperando lá. -

[...]

Entre no Jogo - Atenda ou MorraOnde histórias criam vida. Descubra agora