A Viagem, parte 3

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- Felipe... Acorda. - minha mãe me acorda no dia seguinte e eu começo a abrir os olhos e olho pra ela.- A Cristina -mãe do Gustavo- nos convidou pra almoçarmos com eles. Vai se vestir.

- Ta mãe, depois eu lavo a louça. - digo, me viro e volto a dormir

- Quê? - minha mãe fala - É bom tu levantar logo ou vou te jogar água.

- Ta mãe.- resmungo ainda tentando dormir.

- Felipe... Acorda - ouço um sussurro no meu ouvido e sinto um toque no meu braço. E em seguida um grito - FELIPE ACORDA -

- AI O QUE QUE É? - me viro, vejo Gustavo na minha frente sorrindo e não consigo conter o sorriso. - Que tu ta fazendo aqui Gus?

- Te acordando...

- Me acordando? Acho que ta mais pra me deixando surdo né?! - ergo uma sobrancelha

- Desculpa, mas foi a única maneira de te acordar, vamos lá pra casa... Tu e a tua família vão almoçar lá em casa.

- Ta bem... - digo ainda um pouco sonolento.- Só vou tomar um banho ta? - Gustavo dá um sorrido malicioso e eu pergunto. - Que é?

- Nada... Só tava me lembrando de onte-ontem.. - ele sorri e eu suspiro, olhando sério pra ele.

- Aham... Eu tô com uma puta dor de cabeça, então me leve a mal, mas... Cala a boca. Por favor ta? Vem, vamos lá pra baixo - ele ri e eu me levanto, pego minhas roupas, minha toalha e a escova de dentes, chegando lá embaixo eu entro no banheiro e vou pro banho.

Depois de tomar banho e me secar, eu visto uma calça preta, uma camisa preta escrita "what's your name again?", escovo os dentes e saio do banheiro, vou pro quarto, largo minhas roupas e quando desço de novo minha mãe me olha estranho e eu pergunto.

- Alguma coisa de errado Dona Paula?

- Tirando que ta 30 graus lá fora e tu ta vestido todo de preto? Não... Nada - eu bufo e digo.

- Três anos... Me visto assim todos os dias, há três anos e tu ainda não se acostumou? - minha mãe solta um risinho e Gustavo segura minha mão, quando eu olho pra ele, ele sorri e pisca pra mim, eu sorrio e digo- Vamos?!

Então fomos pra casa onde Gustavo e seus pais estavam ficando durante a viagem deles, quando entro vejo meu pai e o pai dele conversando, minha irmã  Amanda com Laura no sofá vendo TV, minha mãe vai ajudar Cristina a fazer o almoço e eu vou pro quarto do Gustavo com ele, ele fecha a porta, eu me sento na cama e ele se senta ao meu lado e pergunta.

- Tu tem celular? - ele me olha

- Tenho, mas minha mãe não me deixou trazer... - respondo olhando pra ele

- Por quê?

- Longa e chata história... Vamos pular isso. Mas por que a pergunta?

- Não queria que o fim da viagem, fosse o fim do nosso contato. - eu sorrio

- Não vai ser - respondo sorrindo e avisto um notbook na estante e digo. - Tu tem facebook ou conta de algum site que dê pra gente conversar?

- Tenho, por quê?

- Pode me adicionar... - ele pega o notbook, liga ele e entra no facebook, põe a senha e passa pra mim, eu entro no facebook dele que já estava aberto, procuro o meu perfil e envio o convite. - Quando chegar em casa eu aceito

- Ta bem... E... Vai me passar teu número?

- Aham... Pega o celular... - ele pega e eu dito o meu número pra ele, ele tira uma foto minha e salva nos contatos, ouvimos a mãe de Gustavo nos chamar pro almoço, então descemos, nos juntamos a eles na mesa, depois que todos se servem, eu pego meu prato, me sirvo e me sento ao lado de Gustavo e então Cristina pergunta.

- Não vai querer carne, querido?

- Ah, não. Obrigado, é... que eu sou vegetariano.- sorrio pra ela e então todos começamos a comer, meus pais começam a conversar sobre religião com os pais do Gustavo e então meu pai diz.

- O Felipe sim, tem argumentos fortes contra a religão, apesar de ser "livre de preconceitos".- Então eu digo.

- Eu não sou contra a religião pai e tu sabe disso... A única coisa que eu quero e outra que prezo bastante é o respeito e a igualdade... E eu sou contra a igreja e os falsos padres e pastores que roubam e manipulam as pobres pessoas que vão ali querendo apenas demonstrar seu amor à Deus, pessoas que muitas vezes ficam minadas de preconceitos pelo fato de serem manipuladas por pessoas que dizem estar ali apenas pra "pregar a palavra de Deus". - Então percebo que todos estão olhando pra mim e a mãe de Gustavo diz

- Nos de exemplos disso Felipe.- ela sorri após de me fazer o pedido e fica me olhando.

- Bom... A bíblia foi a primeira coisa falsa. Originalmente setes pecados foram feitos e agora a bíblia tem muito mais que isso, na bíblia alegam que ser negro é pecado, assim como ser gay e padres ou pastores como Marco Feliciano e muitos outros... Eles fazem o favor de promover a guerra manipulando as pessoas e dizendo que ser negro é pecado, que ser gay é pecado... Um deles teve um programa na TV sobre RELIGIÃO e teve a cara de pau de dizer que negros vieram do inferno e que se as pessoas vissem gays na rua deveriam matar, mas Deus é o criador de tudo, por que ele criaria pessoas e  gays e negras se fosse algo tão ruim assim? As pessoas criam um falso Deus pra roubar e dominar o mundo e deixar do jeito que eles querem, simplesmente porque eles tem uma vida tão ruim que não conseguem deixar que cada um siga com a sua vida e seja feliz, não conseguem promover a paz no mundo, só a guerra. Uma vez eu ouvi um padre falar "Deus é amor", se Deus é amor, porque as pessoas que deveriam pregar a palavra dele, criam falsas palavras, milhões de pecados e promovem a guerra e ódio entre as pessoas? É disso que eu sou contra, não contra a religião, mas contra a mentira, a ignorância, a violência e contra um Deus que não é real.  Eu não sou escravo de um Deus que não existe. - Digo isso e todo mundo fica me olhando, Gustavo sorri, quando olho pra mãe e pro pai do Gustavo eles aparentam estar pasmos, eu dou um sorrisinho e volto a comer.

- Realmente... Argumentos fortes. - diz Paulo (pai do Gustavo) - E pior que faz sentido, difícil ouvir um garoto de 16 anos falar algo do tipo... - ele olha pra mim e sorri, eu aceno com a cabeça pois ainda estava com comida na boca...

Duas horas depois e eu fiquei na casa de Gustavo conversando com ele e então ele diz.

- Não sabia que tinha 16 anos, tô me sentindo um pedófilo agora

- Pois é... Mas quanto tu tem? - eu olho pra ele e sorrio.

- Dezoito... Tenho dezoito anos. - ele sorri pra mim

- Bom, tu só seria pedófilo se tivesse dez anos a mais do que eu, então pode se acalmar - eu solto um risinho e começamos a ver o filme que passara na TV.

Just Give Me A ReasonWhere stories live. Discover now