efêmero

Bem me quer? Mal me quer.

- Novembro de 2015 -

Era uma noite de sábado, não estava nem tão frio nem tão quente. Louis estava caminhando em direção a festa que haveria na casa de um menino de sua escola. Ele estava animado, aquele era o último mês de ensino médio, depois disso finalmente estaria livre. Chegando perto da casa, ele conseguia entender o porque todo mundo queria que a festa fosse lá, o imóvel era enorme. Tinha um jardim na entrada com alguns arbustos, havia alguns degraus que levavam até a porta. A casa tinha três andares, com uma varanda no último, provavelmente ali era o quarto dos pais do garoto. A festa já estava bastante movimentada, dava para ouvir a música alta e os gritos a uns 10m da casa. Louis entrou na sala tentando achar seu namorado Adam, que já deveria estar ali, até que ele avistou o mais alto perto da lareira conversando com outro menino.

- Oi, amor! - Louis disse e em seguida deu um selinho em Adam. - Tudo bem? Chegou que horas?

- Oi, cheguei aqui eram umas 22h senão me engano. - Falou Adam sorrindo para o mais baixo. - Esse aqui é o Gabriel. - Disse apontando para o menino com quem estava conversando.

- Eu acho que tenho alguma aula com você, certo? Química? - Perguntou Louis.

- É, acho que sim. Louis certo?

- Sim! Eu mesmo.

- Bom, já que vocês dois já se conhecem, Gabriel você pode nos dar licença um minuto? Preciso falar com ele. - Falou Adam puxando Louis para um canto menos movimentado da festa.

- Que foi? O que aconteceu? - Perguntou Tomlinson confuso.

- Eu já não disse pra você não me beijar e não me chamar de amor na frente dos outros? Toda vez eu tenho que falar a mesma coisa, Louis, toda vez. - Falou Adam bravo.

- Desculpa, é que a gente ta numa festa, então pensei que... - O mais baixo respondeu cabisbaixo até ser interrompido pelo namorado

- Não, Louis, você não pensou, você não pensa. Eu já cansei de falar isso, mas tu continuas fazendo isso. Parece que faz isso justamente pra me irrita, pois não é possível que você esqueça toda vez. 

- Você tem que acreditar em mim, eu não fiz por mal. Foi um impulso, desculpa. Não vai acontecer novamente, prometo. - Disse Louis se perguntando porque concordou em ir a aquela festa.

- Esta bem, que seja. Eu vou pegar uma bebida. - Concluiu Adam antes de deixar o mais baixo no canto sozinho. Ele foi em direção a cozinha e Louis o perdeu de vista. Tomlinson queria voltar para casa e chorar em paz, ele não queria ter brigado com seu namorado, ainda mais em uma festa, era para os dois supostamente estarem se divertindo juntos, mas ele tinha que estragar tudo. Antes de alcançar a porta de entrada, Louis ouviu seu nome sendo gritado vindo da direção das escadas, era Eleanor, sua melhor amiga. Ela estava com um copo vermelho na mão e já parecia meio alterada por causa da bebida.

- Hey, já ta indo embora? Nem vi você chegando. - Falou Eleanor.

- Eu tive uma briguinha com o Adam e agora não estou mais com humor para isso aqui. 

- A mas você não vai embora mesmo. Tu vai ficar aqui comigo, vamos beber, dançar e nos divertir. Não é todo dia que estamos no final do ensino médio e, entre a gente, também não é todo dia que podemos ficar em uma casa que mais parece uma mansão. Quem o Adam pensa que é pra estragar nossa noite? 

- Sei lá, acho que meu namorado. Pelas minhas contas faz o que? 1 ano? Bom acho que isso faz dele um tanto quanto importante. - Falou Louis com um tom de ironia em sua voz.

- Bom, você sabe a minha opinião sobre esse relacionamento, Louis. Você merece mais, bem mais do que aquele feio tem a te oferecer. Merece alguém que te ame e que faria de tudo por ti. - Disse Eleanor séria, com toda a sinceridade que havia nela.

- Mereço mais? E esse mais seria você, por um acaso? - Questiona Tomlinson dando um sorriso sugestivo para sua melhor amiga.

- É lógico que não, idiota. - Responde Eleanor dando um tapa de leve em Louis e gargalhando - Esse trem aqui já saiu da sua estação há muito tempo quando você terminou comigo. Agora que, pelo visto, você esta de bom humor. - Eleanor vira o copo que está em sua mão - Pode, por favor, ir buscar bebidas para nos dois? A minha acabou. - Conclui ela com um olhar pidão. Louis gargalha daquela cena e concorda. Ele caminha em direção a cozinha e pensa o quanto ele é sortudo em ter ela em sua vida. Eleanor já o havia ajudado tanto, dado suporte a ele quando o mesmo mais precisava. Quando chegou á cozinha, foi em direção a geladeira e pegou duas garrafas de cerveja. Antes de voltar para a escada, onde sua melhor amiga estava, ele decide passar no banheiro mas se detêm na porta ao ouvir duas vozes familiares. Elas estavam abafadas por causa da porta, mas era possível reconhecer quem era quem.

- A gente não devia estar fazendo isso. - Disse Gabriel entre respirações ofegantes.

- Por que não? É tão bom, uma coisa gostosa assim não deveria ser proibida, mas se você não quer mais podemos parar... - Falou Adam.

- Não é por isso e você sabe. Eu quero, mas você tem namorado, é injusto com ele.

- Querido, você esta pensando demais no Louis quando devia estar pensando em mim. Deixa que dele eu cuido, sempre cuido. Agora podemos voltar ao que estávamos fazendo? - Questiona Adam. Depois disso a única coisa possível de ouvir eram barulhos de beijos. Louis largou as cervejas na mesa ao lado e saiu correndo em direção a saída, passando por Eleanor, que ficou preocupada com seu melhor amigo e decidiu o seguir. 

Louis se afastou da casa o suficiente para mal estar escutando o barulho de música, sentou na calçada e começou a chorar. As lágrimas quentes desciam tão rapidamente que o mais baixo mal conseguia seca-las. Ele estava absorto em seus pensamentos, lembrou de todos os rumores que já ouvirá sobre Adam trair ele e não ser confiável, ele nunca acredita. Seu namorado não seria capaz de fazer isso, mas fez e Louis ouviu. Tomlinson se culpava por não ter sido melhor, por sempre dar motivos para Adam brigar com ele, era tudo culpa dele, ele não havia se esforçado o suficiente para fazer seu namorado querer ficar com ele e apenas com ele.

- Louis, o que aconteceu? Por que você está chorando? - A voz preocupada de Eleanor interrompeu seus pensamentos dolorosos.

- A culpa a minha, Eleanor. - Diz Louis entre soluços - Eu sei que é, se eu fosse mais bonito, mais carinhoso, se eu não brigasse com ele tantas vezes nada disso teria acontecido. Eu não sou bom pra ningu...

- Ei, ei. Não fale isso, não importa o que tenha acontecido, sei que não é culpa sua. - Fala Eleanor com um sorriso amigável em seu rosto olhando fixamente nos olhos azuis de Louis - Você é inteligente, lindo, caridoso, simpático, legal. Pelo amor de Deus, você é meu melhor amigo, você acha mesmo que eu seria melhor amiga de alguém assim? Apenas os melhores dos melhores entram no meu círculo de amizade e você conseguiu chegar ao topo dele. Conte-me o que aconteceu para eu saber como ajudar.

- Depois de eu ter pegado as cervejas, eu passei pelo banheiro e ouvi o Adam beijando o Gabriel. -  Contou Louis olhando para baixo com vergonha.

- Louis, olha para mim. - Tomlinson levanta a cabeça e com muito esforço não derrama mais nenhuma lágrima - Ele não te merece, o jeito que ele te trata é errado. Eu já te disse e repito: você merece alguém melhor, se bem que para ser melhor que o Adam não é tão difícil. Eu sei que você tem sentimentos por eles, mas esses sentimentos não te fazem bem, faz você enxergar os fatos de uma forma distorcida, de uma forma errada. Você é mais que esse relacionamento, eu sei que não parece haver uma vida pós-Adam, mas acredite em mim, há. E eu te prometo que ela é bem melhor do o que você está vivendo agora. Esse relacionamento já consumiu toda a sua luz, é hora de deixar ele ir.

As palavras de Eleanor assentaram na cabeça de Louis, mas ele só realmente tomou a decisão de terminar com Adam dois meses depois. Foi difícil. De alguma forma, Adam deixou o Louis dependente dele de uma forma nociva, ele não sabe quando começou mas foi aumentando de uma forma gradativa a ponto de fazer Tomlinson distorcer a sua realidade e ele mesmo. O término foi dolorido, mas preciso. De vez em quando, ter um novo começo é o melhor a se fazer, mesmo que tudo pareça perdido e sem esperança, há sempre um novo raio de sol pronto para iluminar seu caminho e aquecer seu coração.