Ao abrir os olhos, Beomgyu reparou imediatamente que havia algo errado. Ou melhor, tudo estava errado. Estava em algum lugar terrivelmente escuro; suas pupilas buscavam avidamente por alguma fonte de luz — a primeira de muitas missões falhas.
Quando percebeu que suas mãos e pés estavam acorrentados ao que identificou ser uma cadeira desconfortável de madeira, desistiu de se mover após a primeira tentativa frustrada, só iria se ferir mais. Sua cabeça latejava continuamente na parte de trás, decerto, resultado da última coisa que se lembrava: um nocaute.
Seu coração estava se atropelando nas batidas, uma crise de ansiedade crescente só piorava toda a situação do pobre garoto. Sem mais outras opções restantes, ele se pôs a gritar o mais alto que pôde, a plenos pulmões, na tentativa de que alguém o escutasse. Novamente, falhou.
O medo o assombrava com fúria. Ninguém lhe escutava, estava no completo escuro, com muito frio e fome. Tentou desesperadamente se soltar das correntes uma última vez, enquanto gritava com a voz embargada, sentindo um soluço preso à garganta e os olhos ardendo em lágrimas que começavam a cair em abundância.
Depois de alguns minutos, uma porta se abriu escancaradamente para o lado de dentro de onde estava. Luzes foram acesas repentinamente, obrigando-o a fechar os olhos com força, até eles se acostumarem com a incômoda luminosidade, o que não demandou muito tempo.
Após longos segundos que pareceram minutos, Beomgyu conseguiu levantar as pálpebras. Em seguida, varreu seu olhar pelo local desconhecido, e pôde ver também um homem jovem parado com a mão na maçaneta. Tinha o cabelo vermelho como fogo, perfeita e elegantemente penteado, vestido em um fraque azul Royal com uma gravata cinza claro.
O rosto bonito parecia ter sido feito a partir de uma pintura de traços delicados e bem trabalhados. Seu nariz parcialmente grande se sobressaía de uma maneira cômica em relação aos seus outros traços, e seus olhos grandes só não denunciavam uma possível descendência não-coreana por conta de seus outros inegáveis aspectos típicos.
A pele bronzeada brilhava tanto quanto seus fios escarlates sob a recente luz, que entrou invasiva no quarto. O ar de imponência era óbvio, e, caso não fosse, seria perceptível através de sua cabeça levantada e a pose segura.Ele se aproximou de Beomgyu em passos rápidos, parecendo assustado com a situação do garoto; marcas arroxeadas estavam distribuídas por todo o corpo pequeno que tremia sobre a cadeira, fazendo as correntes tilintarem em um som baixo.
ㅡ Moço, me tira daqui! Por favor! ㅡ suplicou, Beomgyu. O homem desconhecido colocou as mãos sobre os joelhos do garoto, que ainda estava chorando, mesmo que agora tivesse um fantasma de sorriso de puro alívio em seu rosto. Alguém havia lhe escutado. Ele iria sair dali. ㅡ Por favor, solte estas correntes!
O homem ruivo suspirou, elevou sua cabeça para encarar o Choi nos olhos e abriu um sorriso perverso lentamente, sua expressão de preocupação havia desaparecido de seu rosto.
ㅡ Eu adoraria, mas, infelizmente, não posso te soltar. ㅡ o sorriso do mais novo imediatamente desapareceu de seus lábios e seu peito se apertou novamente em medo e desespero. ㅡ Tenho coisas a resolver, e preciso de você para isso.
ㅡ D-de mim? ㅡ soltou um soluço entre as palavras, intensificando o choro de novo. Seu corpo começou a ter fortes espasmos, que o fizeram pular na cadeira; a crise de ansiedade estava piorando. ㅡ O q-que eu fiz?
ㅡ Você não fez nada, mas seu pai fez. ㅡ respondeu amargamente.
Beomgyu viu a mandíbula do homem trincar, enquanto ele olhava para o nada, sua feição parecia furiosa.
Quando seus olhos voltaram a fitar o garoto, ele se abaixou em frente a cadeira, o observando sem esboçar nenhuma emoção, conforme levava sua destra aos fios escuros. Beomgyu tentou, mesmo preso, se afastar do toque do ruivo e como já repetido antes, falhou.
ㅡ Ei, ei, ei! Fica calmo! ㅡ pediu a Beomgyu, com um tom irônico na voz, como se o garoto estivesse apenas sendo rebelde.
ㅡ O que vai fazer comigo? ㅡ quase gritou, sentindo os dedos do homem se enroscarem nos seus fios, puxando sua cabeça para trás com brutalidade.
ㅡ Não pretendo fazer nada ainda, docinho, mas se continuar com a gritaria eu posso reconsiderar.
O homem o encarou por alguns segundos, o silêncio sepulcral que se iniciou era a confirmação de que Beomgyu não abriria a boca, provavelmente assustado o bastante para ser incapaz de fazê-lo.
A mão nos fios do garoto se afrouxou e deslizou até o rosto jovial. Os dedos gélidos encostando suavemente em sua bochecha fizeram Beomgyu engolir em seco, tentando de alguma forma acalmar as batidas descontroladas de seu coração.
ㅡ Tão bonito e inocente… ㅡ o ruivo murmurou, provavelmente mais para si mesmo do que para Beomgyu. ㅡ Tsc, é realmente uma pena que você seja filho daquele desgraçado.
De repente, antes que Beomgyu pudesse pensar em uma resposta à altura, atravessaram pela porta mais cinco homens; quatro deles com coletes a prova de balas, visíveis por cima das roupas que pareciam um uniforme, e armados até os dentes. O que sobrou estava vestido em um smoking preto, e ele caminhou até estar a poucos passos do ruivo, se curvando para o mesmo em seguida.
ㅡ King. ㅡ cumprimentou, se endireitando e voltando a posição que estava anteriormente, similar a um mordomo, com os braços juntos na parte de trás do corpo, destacando o peito musculoso. Os fios loiros penteados para o lado deixavam à mostra o belo e invejável rosto que possuía; ele era alguns invejosos centímetros mais alto que o ruivo, e sua voz era mais suave, cautelosa, ao falar.
ㅡ Levem ele para a parte protegida da Medusa, vou interrogá-lo depois. ㅡ decretou e se virou, aproximando-se do loiro, tocando suavemente seu braço para que ele o acompanhasse até um canto mais afastado do cômodo. ㅡ Posso saber por que ele está todo roxo, Yeonjun? ㅡ questionou, ríspido. ㅡ Não me lembro de ter adicionado o detalhe de tentativa de assassinato na hora do sequestro. Preciso dele vivo!
ㅡ O garoto começou a correr assim que percebeu que estava sendo seguido, esbarrou em várias coisas que tinha pelo caminho. Quando o alcancei, apenas o desmaiei, da maneira como pediu. ㅡ respondeu simplista.
King confiava em tudo o que Yeonjun falava. Ele nunca havia mentido e era seu leal braço direito, que o acompanhava há anos. E também, não se importava tanto assim com a situação deplorável de Beomgyu.
ㅡ Certo... ㅡ disse apenas, voltando para perto dos demais, encarando o menor nos olhos. ㅡ Na verdade, ao invés daquela sala, deixem-no em meu quarto, acorrentado apenas pelas pernas. Fiquei sabendo que é espertinho, mas vai ser o suficiente.
ㅡ V-Você vai me m-matar? ㅡ a pergunta saiu quase inaudível, com a voz falhando. Dois dos guardas haviam soltado-o da cadeira e o arrastado até parar diante de King.
ㅡ Não sei… talvez, Beomgyu. ㅡ o mais novo sentiu um arrepio lhe percorrer a nuca, que fez companhia a uma imensa aversão ao ouvir seu nome saindo da boca dele. ㅡ Já que você não deve me reconhecer como King, penso que seria mais apropriado me apresentar como Kang Taehyun.
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MEDUSA • Taegyu
FanficKang Taehyun é um dos maiores e mais famosos empresários da Coreia do Sul, reconhecido pelo enorme carisma e compaixão pelas pessoas. E ele seria o homem perfeito se não fosse chefe de uma das maiores máfias da Coreia, a Medusa. Seu único empecilho...