- Fique calma. - disse Dean antes de sair para a patrulha da manhã. - Voltarei em segurança.
- Mas e se não voltar? - questionei.
- Eu sempre volto. - sorriu ele. - Eu prometo.
- Não prometa o que está fora do seu controle.
- O que quer que eu faça?
- Quero que fique.
- Mas eles precisam de mim. Preciso contribuir.
- Contribua dentro dos muros.
- Não tem nada para mim aqui, você sabe. Sou bom lá fora e é isso o que eu quero.
Fiquei em silêncio. Não havia nada que eu pudesse dizer para convencê-lo a ficar. Vi meu marido sair pela desgastada porta de madeira da nossa velha cabana emanando toda a sua coragem. Mas eu sabia que aquela poderia ser a ultima vez.
...
Ao cair do entardecer, o grupo que havia partido para buscar suprimentos havia enfim retornado, mas Dean não estava entre eles.
- Onde está o Dean?! - questionei Edd, o lider da patrulha. Eu já sabia a resposta, mas precisava ouvi-lo dizer.
Edd deixou escapar um suspiro cansado e triste.
- Ele não conseguiu. - respondeu-me por fim. - Eu sinto muito.
- Onde e como? - perguntei, mordendo a bochecha em uma tentiva desesperada de não desmoronar ali mesmo.
- Próximo ao supermercado, dez quilometros ao norte. Foi encurralado.
- Nem ao menos trouxeram o corpo para um enterro digno?
- Sinto muito, Ellen. Não havia como.
- Como ele estava?
- Não o vi. A horda invadiu, nós corremos e ele ficou para trás.
- Então ele ainda pode estar vivo, não é? Sem corpo, sem testemunhas... É totalmente possível.
- Olha.... Eu sinto muito, mas não acho que seja possível. Havia muitos deles.
- Precisamos voltar para busca-lo! Nem que seja para dar a ele um enterro digno, porra.
- Ellen, Dean era importante para mim e para comunidade, mas não posso arriscar perder mais gente por uma causa perdida. Já perdemos sete só este mês.
- Então eu vou sozinha.
- Não posso permitir isso.
- Ele faria o mesmo por mim. E com certeza faria por você.
- Eu sei disso.
Dei meia volta e adentrei a velha cabana. Peguei o velho rifle de caça de meu pai que há muito estava aposentado no alto da parede e a 9mm na gaveta do criado-mudo ao lado da cama. Tanto as armas quanto suas caixas de munições se encontravam encrostadas de poeira. Havia anos que eu não cruzava os portões da comunidade para patrulhar ou buscar suprimentos, estava cansada de ver a morte tão de perto. Ao menos dessa vez existia a possibilidade de se encontrar a vida ao invés de só a morte.
Reuni alguns suprimentos basicos em uma mochila, limpei as armas, verifiquei as munições e parti para o velho celeiro.
- Boa tarde, Mike. - cumprimentei o responsável pelos cavalos da comunidade. - Tem algum disponível?
- Olá, Ellen! Você vai sair? Quero dizer... já faz um tempo, não é?
- É... preciso de um desfecho sobre o Dean. Seja para salva-lo ou dar a ele um enterro digno.
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Creepypastas (Originais)
HorrorDiversos contos macabros sobre o oculto. Cuidado, nem tudo é mera fantasia.