01. Pôr do Sol

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O grafite 2B arrastava-se sobre o papel rígido. Apertava o lápis de modo que calos já tomavam seus devidos formatos, tornando a derme espessa, ocasionados pelo atrito repetitivo. A armação esférica constantemente deslizava acima do nariz escorregadio, levando-o a ajeitá-la com a ponta do indicador esquerdo. Seu grau ampliava sua visão, deixando os objetos de aparência mais nítida e clara. Pressionava o músculo meio úmido contra o interior da bochecha, demasiadamente concentrado na imagem do pôr do sol esboçado e o que ocorria através da janela aberta.

A destra implorou descanso; Os olhos, também. Resignado, recostou as costas ao espaldar da confortável cadeira, expirando profundamente. Retirou os óculos, repousando-os em cima da mesa repleta de folhas sulfites. Umas usadas; Outras, não. Apanhou a garrafa térmica, dando uma longa golada d’água. Estalou o pescoço, exausto. Ouviu uma música.

Vinha de fora.

Enrugou o cenho, erguendo-se minimamente, colocando sua cabeça rente ao vidro. Observou a BMW vermelha aproximar-se da fachada da casa ao lado. Tocava, decerto, um som de tradução indecente. Não sabia. Não se importava. Escutou vozes – mais para gritos e risadas – adjuntas, chamando por alguém. Pôde avistar, como motorista, Mitchell Davis; Como carona, Taylor Brown e no banco de trás, Kim Yongsun junto de James Melton. Todos olhavam para a porta.

Não se lembra do dia exato em que viu o vizinho pela última vez. Sua cabeça reforçava em não pensar sobre o dito cujo, visto que era um caminho sem volta; Um poço sem fundo. Caía facilmente nas tentações que o outro, sem querer, implantava. Não é sua culpa que Jungkook seja louco por si. E sinta mais saudades do que deveria.

Então, Park Jimin saiu, trajando as costumeiras peças escuras. Ele empurrou o capuz, logo após penteando os cabelos ruivos com os dedos pintados de esmalte preto.

A função do órgão cardíaco é transferida aos mirantes arregalados, que pulsaram, sentindo as próprias pupilas dilatarem-se. A boca seca, e um calafrio percorre a espinha, deixando partes menos expostas mais molhadas. Os membros se amolecem; A respiração, acelera. Prendeu o lábio inferior entre os dentes incisivos, conforme apreciava a figura esguia do Park se deslocar, risonho, conversível adentro.

— Tão...

— Jungkook?

Seu pé, que permaneceu sobre um dos suportes da cadeira de rodinhas, se impulsionou. O assento derrapou e, na tentativa de segurá-lo, foi rápido demais. Acabou tropeçando e caiu ali. Resmungou, dolorido, massageando o joelho que sofrera com a queda. A garota, que o chamou, correu e se agachou, passando uma mecha do cabelo escuro à parte posterior da orelha. Afastou a cadeira de perto do irmão e ajudou-o a se levantar.

— Que tombo, hein. Achei que havia parado de ser tão desengonçado há, não sei, cinco anos? – bufou, apertando entre o indicador e o polegar o nariz de Jungkook. — Está tudo bem?

— Sim, eu 'tô legal. O que quer, Márjory? – empurrou o pulso da irmã, delicadamente, voltando a olhá-la devidamente.

— Jantar. A mãe e o pai estão chamando. Venha logo e pare de chorar.

— Não estou chorando!

— Vai se a mamãe se irritar com você e te fazer cortar as cebolas no almoço de amanhã. Anda logo, Jungkook. – revirou os olhos e deu de ombros, saindo do cômodo, ajeitando seu coque pelo corredor.

O Jeon mais novo coçou a nuca, relembrando de momentos atrás, quando descaradamente encarava os chatos de seu colégio e Jimin. Tão bonito. Embora, tão popular. Quando ele se tornou assim? Foi antes ou depois da turnê que fez com o amigo guitarrista? Quem sabe, tenham descoberto de sua viagem a Sydney a prol dos animais marinhos. O mundo admira uma boa ação, a qual poderia ser cotidiana com o simples uso de canudos biodegradáveis.

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