Capítulo 2

6.8K 687 1.2K
                                    

Pov Savannah

Estou vestida em um longo vestido rodado, com jóias, e um salto, estava com vontade de me sentir exuberante, e resolvi me arrumar perfeitamente para o jantar.

Desci as escadas até o salão, papai sorriu ao me ver, ele estava sentado a mesa na presença de minha mãe, rainha Aurora está sempre em sua pose elegante, nos mais belos vestidos e com as mais belas jóias.

— Está lindíssima está noite minha filha! – Disse minha mãe como uma verdadeira mãe coruja.

— Que mulher espetacular é essa na minha sala! – Sina parou ao meu lado, ela também estava entrando na sala de jantar e parou ao meu lado olhando meu vestido.

Sina segurou na minha mão e me conduziu a dar um giro. Sina seria um grande galanteador se fosse um homem, deixaria as mulheres de Hayau encantadas.

Enquanto eu estava em um longo, vestido trabalhado e feito sobre medida para mim, Sina usava uma calça da cor nude, e uma camisa branca folgada sem detalhe.

— Boa noite papai! – Sina deu um beijo no cabelo dele. — Bom noite minha rainha, linda, belíssima, a maior jóia desse reino. – Sina falou para mamãe, que soltou uma alta risada, Sina deixou um beijo delicado na mão da mamãe, que sempre se derretia com a filha casula.

Sina puxou minha cadeira e eu me sentei, em seguida ela deu a volta e se sentou de frente para mim.

— Filha esteve no mercadinho saqueado junto dos soldados? – Disse papai para minha irmã.

— Eles não levaram nada, parece que queriam apenas chamar a atenção. – Respondeu minha irmã enquanto abria uma garrafa de vinho e serviu a todos na mesa.

Papai ficou pensativo.

Eles continuaram uma conversa, enquanto isso eu e mamãe apenas ouvia calada a conversa deles, vez ou outra eu saboreava um gole do meu vinho.

A verdade é que eu estudava a história desse reino, era treinada para assumir e se tornar a futura rainha, mas Sina era muito mais preparada para isso do que eu, ela está por dentro de tudo que acontece nesse reino, entende de lucros, sabe muito da história, mesmo sem nunca ter pegado um livro para ler, além de tudo ela sabe tomar decisões sábias.

O jantar foi servido. Comemos em silêncio, papai não gosta muito de conversas na mesa.

— Savannah, estive conversando com sua mãe recentemente. – Disse papai quando concluímos o jantar.

— Algo que eu precise saber? – Disse ao limpar minha boca e descansei o lenço sobre a mesa.

Tomei um pouco do vinho tinto enquanto esperava sua resposta.

— Iremos fazer a sua seleção! – Disse minha mãe.

Meu olhos lacrimejaram, o vinho desceu com tudo, e eu me engasguei, peguei o lenço que estava sobre a mesa e coloquei sobre minha boca para que eu pudesse tossir.

Senti os olhos de Sina em mim, ela parecia tão nervosa quanto eu.

— Papai! O senhor me prometeu que eu não faria seleção, que me deixaria escolher meu rei! – Tentei não soar rude, mas mesmo assim saiu sem querer.

— Querida, precisamos distrair o reino desses ataques, os rebeldes estão ganhando força, isso está ganhando manchete nos jornais, se tiver a seleção, você vai tomar a frente de todas as capas de jornais.

Fechei meus olhos procurando a calmaria, me imaginei com 34 homens disputando meu coração, 34 homens dentro desse castelo, e um deles será o meu marido em alguns meses.

— Filha, daqui a alguns dias, fará 18 anos. Futuramente será a nova rainha, precisa de um homem ao seu lado. – Disse minha mãe ao colocar a mão sobre a minha, tantando me passar um certo conforto.

— Mamãe eu não preciso de um homem ao meu lado, sou treinada para isso desde que eu nasci! – Falei e me levantei da mesa.

Meus olhos lacrimejaram, eu segurei na saia do vestido e saí correndo daquela sala de jantar com um pouco de dificuldade tanto pelo vestido quanto pelo salto.

— Papai uma seleção? – Ainda ouvi a voz de Sina, e o som de cadeira arrastando.

Sai correndo para ir ao jardim, eu precisava tomar um ar fresco, as estrelas poderiam me acalmar. Ao chegar nos portões os guardas não permitiram que eu saísse.

— Deixe-me sair! Eu serei sua nova rainha, exijo que abra esse portão!

Os guardas apenas me encaram, mas não falaram nada, nem ao menos se mexeram.

— ABRAM ESSE PORTÃO!

Eu precisava tomar um ar, estava a ponto de desmaiar.

Ouvi alguém correr pelo corredor, olhei para trás rapidamente e vi a imagem de Sina chegando próximo a mim.

— Deixe-a sair! Eu me responsabilizo. – Ouvi a voz firme de Sina.

Os guardas olharam para ela, em seguida abaixaram a alavanca e o portão abriu.

Sai correndo pelo jardim, meu salto acabou ficando preso na grama e eu caí.

Me deitei sobre a grama no mesmo local que eu cai e fiquei olhando as estrelas.

Eu não devia ser a herdeira desse maldito reino, eu só queria ser alguém normal, eu só queria fazer minhas próprias escolhas, se Suzan não tivesse morrido ao nascer, ela seria a herdeira, ela que estaria no meu lugar, eu não nasci para comandar um reino.

Meu olhar desviou das estrelas, apenas para olhar para Sina parada próxima a mim, com as mãos nos bolsos.

— Se sente mais calma? – Ela falou e se sentou na grama ao meu lado.

— Por que não nasceu primeiro que eu? – Sina me olhou e fez uma careta.

— Eu não seria uma rainha Savannah, estou longe disso aliás. Eu tenho orgulho de você, mesmo tão jovem, tem postura de uma grande mulher, você será uma grande rainha, eu tenho certeza. – Ela falou enquanto olhava para as estrelas.

— Você é muito mais esperta que eu, toma decisões rapidamente, sabe agir.

Ela desviou o olhar para mim.

— Eu sei tomar decisões em guerra, comandar tropas de soldados, não sei fazer leis, não sei como governar um reino.

— Sina? – Ela me olhou como se mandasse eu prosseguir. — O que você faria se eu morresse? Digo, se eu morresse você seria a futura rainha.

Sina coçou o cabelo e olhou para as estrelas antes de responder.

— Eu sinceramente acho que eu fugiria.

Eu comecei a rir, e me sentei do lado dela.

— Não vai aceitar a seleção? – Ela perguntou depois de um longo silêncio.

Eu encostei minha cabeça no ombro de Sina.

— Eu não tenho escolha.

Sina também encostou a cabeça na minha.

— Serão 34 homens te disputando, isso é tão assustador.

— Papai podia fazer a sua seleção também não é? Afinal, temos a mesma ideia.

Sina empurrou minha cabeça do ombro dela.

— Nem vem Savannah clarke, eu não nasci para casar-me com homens! – Ela parecia ofendida.

— Irar casa-se com uma mulher então? – Joguei de volta.

— Eu... Anh... Claro que não! Mas que raios de pergunta é essa?

Ela se levantou da grama e seguiu para o castelo. Estranho, jamais havia visto Sina tão desconfortável com uma simples brincadeira. 

Permaneci mais alguns minutos no jardim pensando sobre aquilo, até que percebi que já havia abusado da boa vontade dos guardas, e resolvi voltar, e ir para meus aposentos, uma boa noite de sono, para esquecer que esse maldito dia aconteceu.

(.) (.)

A seleçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora