A seleção

Capítulo 28

Pov Joalin

Quando eu penso que tudo está dando certo, a vida simplesmente me dá uma rasteira e eu caio de cara no chão.

Nour me avisou as pressas que Diarra havia sido pega por traição a coroa. Tinham descoberto que ela estava passando informações a Savannah.

Agora eu estava cortando a floresta tentando chegar no castelo. As portas estavam abertas para que a população visse a sua sentença de morte, e ficasse com receio de ir contra o que a monarquia impõe.

Para as portas estarem abertas, Diarra ia ser enforcada ou queimada viva. E pior é saber que dificilmente eu vou poder fazer alguma coisa. Não teve nem como eu avisar ao meu povo para invadir o castelo, eu estava na província e vim direto de lá.

Pelas portas abertas, se eu me apresentasse com os rebeldes, iria perder bem mais pessoas do que apenas Diarra. Por mais triste que isso pareça ser.

Porra! Eu jurei a ela proteção!

Amarrei meu cavalo pelos arredores do castelo, e subi o gorro da minha capa para cobrir meu rosto.

Fui entrando no castelo e me infiltrando no meio das pessoas. Cheguei bem próximo a onde estava Diarra. Ela estava amarrada em um tronco, a fogueira dela era feita de livros.

Meu olhar se encontrou com o dela. Diarra estava com medo. Seu olhar entregava.

Percebi ela fazer movimentos repetitivos com a boca. Ela falava: "Me mate por favor, me mate por favor" seguidas vezes. Meus olhos se encheram de lágrimas.

Pulei uma janela do castelo, olhei ao redor, era um quartinho aparentemente abandonado. Percebi que iriam acender a fogueira.

Assistindo estava apenas Sina, seu pai e sua mãe. Savannah não estava aqui, será que ela impediria de Diarra ser morta? Será que minha futura rainha não foi avisada que sua professora estava sendo morta em uma fogueira de livros?

Tinha guardas para todos os lados. Eu me sinto inútil por não ter o que fazer.

Olhei para a realeza novamente e não vi mais Sina. Onde diabos essa loira foi? Será que ela vai fazer alguma coisa?

Com muita dor no coração puxei meu arco e flecha das costas. Eu não tinha o que fazer. Não podia deixar Diarra ser queimada viva. É um nível de desumanidade absurda, meu país ficará abalado com a perca da nossa grande mulher.

Mirei meu arco e flecha no peito de Diara, minha mira estava ótima, eu não erraria dali. Eu só precisava de coragem. E isso realmente estava faltando. Eu sou fraca, eu não tenho coragem para mata-la, minhas mãos tremia, e o suor escorria no meu rosto.

— Fique parada onde está, e não se mova, tem duas espadas apontada pra você. – Senti uma das lâminas nas minhas costas. — Abaixe o arco e flecha devagar sem movimentos bruscos.

Pela voz com certeza era Sina. Como diabos essa desgraçada me achou?

Fiz o que ela mandou, mas não tirei os olhos de Diarra, ela olhava ao redor, devia estar me procurando. Me abaixei devagar e coloquei o arco no chão, já levantando em seguida.

— Quem é você? O que vocês querem? Diarra era uma de vocês? – Sina me encheu de perguntas.

— Somos o que antes era o México. Um país escondido no meio desse mundo governado por vermes, no meio desse monte de reis com sangues nas mãos.

A lâmina pressionou ainda mais minhas costas.

— O que vocês querem?

— Reerguer o mundo da forma correta.

Meu coração acelerou, quando eu vi a fogueira ser acessa e as chamas avançar para cima de Diarra.

— Me de um motivo para eu não te matar agora mesmo. Ou te colocar naquela fogueira amarra com sua amiga.

— Não me mataria se soubesse quem eu sou.

— É uma rebelde nojenta! Que matou a rainha de Edriun! – Sina aumentou o tom de voz.

No mesmo momento me virei, com um golpe eu a desarmei e tomei a espada de aço de suas mãos.

— Tem certeza que quer me matar Sina? –. A desafiei olhando em seus olhos.

Sina parece ter vacilado, os olhos dela não saiam dos meus.

— Meu nome é Susan Deinert Bardot, sua irmã, herdeira legítima desse reino.

Sina tomou a espada da mão de Shivani e partiu para cima de mim.

— Não brinque comigo sua desgraçada! Minha irmã está morta! – Ela falou rude e com lágrimas nos olhos enquanto nossas espadas se batiam.

— Estou na sua frente! Fui trocada por uma criança morta, por sua querida tia Adélia. Mãe de sua namorada! – Eu respondi no mesmo tom de voz.

Senti Sina vacilar novamente, em um ataque eu a desarmei novamente e fiquei com as duas espada nas mãos. Sina e sua guarda são até boa em combates. Mas eu as mataria sozinha em um piscar de olhos.

— Eu não posso deixar Diarra morrer queimada. Por favor! Eu não quero matar vocês.

Sina caminhou em minha direção sem medo algum. Ela pegou meu arco e flecha no chão, mirou para Diarra e disparou uma flecha. Olhei para trás apenas para ver a flecha cravada em seu coração, a cabeça de Diarra foi abaixando aos poucos.

Ela está morta...

Olhei para Sina, ela me entregava meu arco e flecha. Eu abaixei as duas armas e entreguei a elas. Ela pegou a lâmina e colocou na bainha presa em sua calça.

— Eu quero conhecer o México. – Disse ela.

Pensei a respeito. Agora que Diarra está morta, conquistar Sina para nosso lado é uma jogada de mestre.

— Te encontro amanhã na pensão da minha irmã. Vá sozinha, no máximo com essa garota aí. – Apontei para Shivani.

— Quem é sua irmã?

— Heyoon.

— Heyoon é sua irmã?

— Não se atrase loira!

Pulei a janela novamente e sai no meio da multidão. Parei próximo ao corpo de Diarra que estava sendo queimado, mesmo com ela já morta. Fiz uma reverência para ela.

— Até nosso reencontrar guerreira! – Falei baixo, quase em sussuros.

Meus olhos estavam cheios de lágrimas. Mas uma esperança em Sina fazia meu coração ter uma pequena esperança. Parece que agora entramos em uma fase mais avançada da batalha contra os reinos.

Sem Diarra dando informações a Savannah seria um milhão de vezes mais difícil. Mas se Sina estiver do nosso lado, tudo pode ser mais fácil. Se ela e Savannah aceitar nossas propostas, se elas se interessarem pra lutar pela causa do nosso lado, é só tirar a rainha e o rei de cena. Fazer de Savannah a rainha de Hayun. Fazer Sina apresentar o nosso mundo a Sabina. Com Hayau e Edriun se aliando a nós, seremos mais fortes para vencer e ter nosso mundo de volta. O mundo que os ambiciosos regrediram.

(.) (.)

É agora que eu saio correndo e nunca mais volto? ><