Um amor em Paris

Capítulo 08 - " Objectifs et obstacles"

" Comprometa - se com suas metas e encare os obstáculos como etapas para atingir o objetivo final."

(Lair Ribeiro)

SAFIRA DOS ANJOS

Buzinas ritmadas e fora de controle, xingamentos nada sutis e motoristas altamente estressados, devido ao teor alcoólico elevado no organismo. Percebi tudo isso observando e pesquisando acerca do estilo de vida dos brasileiros.

Sem dúvidas, esse é o panorama mais direto que já tracei sobre lugares desconhecidos. A sinfonia de buzinas, semelhante a uma orquestra desafinada e descontrolada, que necessita de um regente com urgência e vozes alteradas, que se misturam a todo instante, confirmam minha pequena impressão sobre a Cidade Maravilhosa.

Ainda assim, sigo confiante de que, por se tratar de um ambiente o qual nunca visitei antes, talvez a segunda impressão seja melhor do que a primeira e eu tenha cometido um equívoco. Mal posso esperar para conhecer as instalações do Copacabana Palace!

O homem responsável por me levar até o Hotel Palace, um dos mais refinados, aconchegantes e luxuosos do Rio de Janeiro, de acordo com o Google, fez questão de alertar quanto ao salgado preço da estadia:

__ Se a Senhorita me permite dizer, esse Hotel é um dos mais caros do Rio de Janeiro. Se eu quisesse passar apenas uma noite lá, com certeza, estaria sem um rim. Só assim conseguiria pagar!

A agradável conversa não dura muito, apesar de me divertir bastante com o jeito engraçado de falar do sujeito. Mas, esperem: o que ele quis dizer com: estaria sem um rim? Céus! Será que arrancam os órgãos à força, para que as pessoas possam pagar o Hotel?

Enquanto recupero a página a qual parei em meu livro, para que pudesse falar e prestar a devida atenção ao motorista, um carro desgovernado quase se choca ao táxi onde eu estava, o que me impulsiona ao para - brisa do carro, no mesmo instante. Felizmente, não sofro nenhum arranhão, graças ao cinto de segurança que eu usava. Ainda assim, não consigo evitar o susto, afinal tudo aconteceu rápido demais.

Como se isso não bastasse, o livro o qual muito aprecio, durante toda a confusão no trânsito, escapou de minhas mãos, já que, por muito pouco, não encontrei o para - brisa do táxi e bati com o rosto.

O carro reduz a velocidade e o motorista me oferece uma garrafa d'água ao notar o quanto eu estava pálida. Aceito a gentileza e sou informada, de que, em alguns minutos chegaria ao Hotel. Estranho, de início, porque o trânsito não parecia dar sinais de melhora e as buzinas continuavam como se não houvesse o amanhã.

Não demoro a descobrir o truque extremamente inteligente do rapaz: ele tem um sinalizador, objeto utilizado encima de ambulâncias, aquele com uma luz vermelha de cegar os olhos, para chamar a atenção dos outros motoristas e liberar a passagem:

__ O Senhor não tem vergonha de enganar as pessoas dessa maneira? Elas sofrem no trânsito, enquanto o senhor consegue andar por aí tranquilo?

__ A Senhorita prefere passar horas no engarrafamento? Nesse país, as pessoas não cedem passagem para ninguém, nem mesmo para idosos, acredite.

Sinto uma grande indignação com o que ouço e demoro a processar tantas informações. O senhor me encara pelo retrovisor à espera de uma resposta e estaciona o carro: