Capítulo 09 - "Philips Bittencourt Guerra"

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"Acreditar na mentira, desconfiar da verdade, amar os culpados, odiar os inocentes. Assim, a vida vai nos levando!"
                                         (Angela J.)

PHILIPS BITTENCOURT GUERRA

Parisiense de berço e filho único, me foi ensinado, desde menino, que os negócios são o pilar de sustentação de uma família, principalmente a linhagem Bittencourt, a qual pertenço. Quase me esqueço de me apresentar, perdoem - me: Philips Bittencourt Guerra.

Augustus e Brigitte Bittencourt Guerra, meus avós, se responsabilizaram por minha criação, desde que um trágico acidente tirou a vida de meus pais, um fato que, até hoje, não fora solucionado e virou tabu no lugar onde vivo. Nada se comenta sobre a tragédia. Somente o que se escuta é o silêncio!

Para suprir o afeto que me foi negado quando criança, Brigitte se dedica mais a mim do que a si mesma, na maioria das vezes, atitude essa, que muito incomoda ao Senhor Augustus, meu rígido, controlador e rancoroso avô.

Cresci em uma verdadeira mansão, com tudo do mais alto luxo e padrão de classe alta da sociedade: empregados a todo canto, motoristas à disposição, chef francês ocupando a cozinha e copa, talheres de prata distribuídos em mesas das salas de estar e jantar e uma ampla biblioteca, na qual continham inúmeras prateleiras com os mais variados livros.

Mas, nenhuma dessas coisas, conseguiu preencher o vazio que há dentro de mim, desde garoto, devido à dolorosa ausência de meus pais. Eu trocaria todo esse luxo por eles: as pessoas que me permitiram viver.

Assim que atingi idade suficiente, 17 para 18 anos, Lorde Augustus, como ele prefere ser chamado, praticamente me intimou a participar de uma transação comercial, sem entrar em detalhes sobre do que se tratava o tal negócio. Não pensei duas vezes em aceitar, afinal tenho imensa gratidão por ele ter me recebido e criado em sua casa, apesar de, bem lá no fundo, guardar uma pequena desconfiança acerca de tudo isso.

Brigitte é uma mulher negra, dona de uma força interior e determinação raras de se encontrar e a pessoa por quem nutro grande carinho, zelo e afeição. A história de luta da Senhora Bittencourt Guerra é inspiradora e muito emocionante. Minha avó tem a personalidade pareada a de Safira dos Anjos, a mulher mais encantadora que já conheci, depois de Dona Brigitte, é claro.

A linhagem Bittencourt Guerra mantém muitos segredos debaixo do tapete e, por conta disso, não é vantajoso que as atenções estejam sobre nós. Logo, procuro me misturar às pessoas para não estar em evidência e, de quebra, descobrir uma coisinha aqui, outra ali.

Patrick Johnson, meu amigo de infância, a primeira e única criança com quem troquei tímidas palavras é o que eu gosto de chamar de homem de sorte, até certo ponto, e já vou esclarecer o porquê: Dona Ruth é a mãe mais amorosa do planeta Terra e um exemplo de mulher guerreira. Como se todas essas qualidades não bastassem, ela ainda trata a mim, como um integrante da família Johnson; já Mirela, é a caçula que sonha em ter sua independência e trabalhar fora. A típica família "comercial de margarina", se não fosse por um detalhe: o pai de Patty abandonou a todos e nunca mais voltou.

Mirela Johnson foi a primeira garota por quem me apaixonei e Dona Brigitte, como sempre, apoiou meu interesse amoroso:

__ Phil, meu querido. Se você realmente gosta dessa moça, eu prometo ajudá - lo com seu avô. Tem a minha palavra. Você sabe o quanto ele é rabugento com as visitas e, principalmente, se ela for entrar para a família.

__ Eu tenho muito carinho pela Mirela, você sabe, vovó. Cheguei a me apaixonar, mas aquele amor, que faz suar frio, bambear as pernas, desaprender a falar, querer estar por perto todas as horas do dia, isso, eu não senti nem por ela, nem por ninguém.

Minha avó esboça um sorrisinho de lado e, convicta de cada palavra, me tranquiliza a alma segurando firme em minhas mãos:

__ Eu tenho a impressão de que você vai descobrir muito sobre si mesmo ainda, meu neto. Sobre os seus verdadeiros interesses. Eu não costumo me enganar com intuições e você é como eu: intui as coisas facilmente e, raramente erra alguma informação.

Decido deixar esse assunto de lado, apesar de ter plena certeza, de que voltaria a pensar nas palavras de minha avó e sou solicitado por Lorde Augustus:

Flashback on:

__ Meu querido neto, eu preciso compartilhar de uma informação de que recebi: uma jovem, bonita e promissora, de cujo nome Safira Dos Anjos, quer ter a própria joalheria.

__ E, o que isso me diz respeito, meu avô?

__ Isso tem tudo a ver com os nossos negócios, Philips! Preste mais atenção, sim? Você vai atrás dessa moça, a fim de descobrir mais sobre ela. Jogue todo o seu charme, invente histórias, faça o que achar melhor, mas nunca, jamais, sob nenhuma hipótese, caia na armadilha de se apaixonar, você entendeu? Apenas a convença a vir para o nosso lado e nada mais.

__ Antes disso, vovô, eu quero saber: que transação comercial é essa?

Flashback off.

Assisto meu avô ficar vermelho e possesso de raiva, pelo simples fato, de ter sido questionado por mim e bater às mãos à mesa, apontando o indicador em minha direção:

__ Quem você pensa que é, seu moleque? Como ousa me questionar e duvidar dos nossos negócios? Na hora certa, você vai saber de tudo. Agora: faz o que eu tô mandando. Anda! Sai da minha frente!

Dona Brigitte domina todo o espaço com graça e elegância, típicas de alguém como ela e, disposta a me defender, como uma leoa, eleva o tom de voz para Seu Augustus que, no susto, assustadoramente se cala, mas por pouco tempo:

__ O que você está fazendo, Augustus? Olha aqui: nem pense em sequer levantar um dedo na direção do Phil, senão eu conto tudo o que eu sei a respeito dos seus negócios, não só ao nosso neto, mas ao Patrick e a família dele também. Ele vai adorar saber...

__ CHEGA! CHEGA!!! SUA INSOLENTE! EU AINDA JOGO VOCÊ E TODAS AS SUAS COISAS NO OLHO DA RUA!!!

__ Se você fizer isso, eu carrego o Philips comigo e você nunca mais põe os olhos nele. E sem o nosso neto, quem vai ajudá-lo a manter o nome da família Bittencourt Guerra? Perdeu a língua, querido marido?

Dona Brigitte assume uma postura irônica diante de meu avô e, conscientemente, acaba por me dar um pouco mais de tempo, para que eu arrume minhas coisas e parta até o aeroporto para um encontro "casual" com Safira dos Anjos.

Assim, minha jornada começa: envolta em segredos que, com certeza, muito em breve, serão revelados. Incluindo o meu real interesse amoroso. Afinal, eu sou o mocinho ou o vilão?

Notas finais:

Não é miragem, meus amigos! Sou eu mesma: a autora de Um Amor em Paris is back!!!! Se alguma alma ainda estiver por aqui e puder me dizer o que acharam do capítulo, só colocar nos comentários!!! Quero muito interagir com vocês!!!! Bora??? Beijokas!















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⏰ Última atualização: Feb 02, 2021 ⏰

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