Um amor em Paris

Capítulo 05 - " Dètermination et volonté!"

" A distância que separa seus sonhos da realidade é do mesmo tamanho da sua paciência e força de vontade."
(Autor desconhecido)

SAFIRA DOS ANJOS

Orgulhosa de mim mesma por finalmente, depois de tantos obstáculos, estar em solo brasileiro, me dirijo à esteira 04, local para onde minhas malas foram enviadas e aprecio a pequena caminhada.

Em posse de minhas coisas é inevitável não pensar em minha irmã, que com certeza amaria o calor dos trópicos! Clarissa costuma sofrer com o frio exagerado de Paris, desde pequena!

Ávida a explorar cada pequeno detalhe da Cidade Maravilhosa, ando apressada e meus olhos brilham ao ver uma espécie de boutique em pleno aeroporto!

Philips, que insistiu a me ajudar com as malas, mal pisca enquanto falo sem parar sobre cada uma das jóias da vitrine:

_ É impressionante a vasta bagagem de conhecimento que a Senhorita tem sobre as jóias! Jamais encontrei alguém como você que, a cada instante, ensina algo diferente!

Completamente sem reação e calada, agora quem mal pisca sou eu, que não esperava receber um elogio desses!

_ Não me entenda mal com o que vou dizer agora, mas o que pretende com esses elogios? Não sou o tipo de mulher acostumada a isso! Geralmente, as críticas e olhares nada amistosos são mais comuns e vêm primeiro, quando se trata de mim!

_ Desculpe se fui intrometido ou indelicado, mas são apenas elogios, sem segundas intenções! Acredite!

O clima tenso paira no ar, antes que eu possa perceber e decido entrar na loja para evitar algum constrangimento. Philips me olha, como se precisasse de permissão para me acompanhar:

_ Se pretende comprar algo na boutique devo alertá-la: aeroportos costumam cobrar um preço alto para arrecadar, seja em lojas ou lanchonetes, então pense bem antes de apresentar o cartão de crédito, senão as pessoas podem levar todo o seu dinheiro!

_ Céus, Philips! Como os brasileiros gostam de cobrar caro por aqui! Um simples colar e pingente custar tanto assim? Nossa! É melhor voltar outro dia!

Encaro a vendedora, que não pôde deixar de ouvir meu comentário, ainda que eu tenha sido discreta e me despeço, deixando a graciosa loja para trás.

O parisiense ao meu lado, não consegue evitar a risada ao se lembrar da expressão chocada da vendedora com o meu singelo comentário e insiste em querer imitar a pobre mulher.

Suspiro aliviada ao perceber que o clima pesado deu lugar à descontração e esboço um tímido sorriso.

Caminho lado a lado com Philips, que quebra o silêncio, depois que se recupera das gargalhadas:

_ Quer comer alguma coisa? Deve estar faminta ou o esfomeado sou eu?

_ Não acabou de dizer que tudo por aqui custa caro?

_ Por aqui sim, mas conheço um lugar há poucas quadras que, certamente é mais barato e de melhor qualidade também! Quer conhecer?

Surpresa com tamanha gentileza e disponibilidade, demoro um pouco a responder:

_ O que faz da vida? Conversamos por horas no avião e não perguntei a você!