05 | enquanto há tempo.

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Adeus, Harry

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Adeus, Harry.

O quão fodido eu preciso ser para ter sido recusado mais uma vez?

Eu me senti dentro da porra de um dejavú, como se aquilo já houvesse acontecido antes — quando, na realidade, essa não passava de uma péssima lembrança. De um passado nem tão distante assim. A diferença é que, agora, tive o desprazer de presenciar toda a cena cara a cara. Cada palavra, cada movimento.

E... Porra, doeu de uma forma inovadoramente dilacerante.

Olhar ela, ouvi-la, tornava tudo muito mais imersivo do que da primeira vez, quando eu estava do outro lado do país. Meu coração afundou no peito, porque nenhuma mensagem de texto poderia ter me preparado para todo o desprezo daquele momento.

O que aconteceu com ela?

Parece louca a ideia da Maeve que eu conheci, ser a mesma Maeve que não pensou duas vezes em bater à porta na minha cara, ou que simplesmente me deu um chute no saco na frente de todo mundo. Só havia uma justificativa plausível para isso. Se eu tivesse quebrado o seu coração.

Quando foi ela quem partiu o meu primeiro.

Por que diabos ela está agindo como se eu fosse o vilão da história?

Ou talvez ela só tenha se transformado nessa pessoa, no fim das contas, e é isso o que minha mente tenta me convencer, porque talvez essa seja a forma mais saudável de me conformar, e não entornando toda essa cerveja goela abaixo, na mesa mais isolada do Sydney's, enquanto a noite de transforma em madrugada.

O boné e o casaco preto cumprem muito bem seu papel em me passar despercebido, mas, aparentemente, meu momento como um mero cidadão americano comum não perdura por tanto tempo.

Eu estava errado.

— Aí, meu Deus! Você é mesmo o Harry Styles?!

Uma menina praticamente grita, se esforçando muito para se conter na entonação, e eu deslizo a atenção da minha caneca já pela metade, para a loira de pé à minha frente, que sem sombra de dúvidas tem idade o suficiente para ter entrado ali com identidade falsa. Ela emana juventude. Bochechas rosadas, boca repuxada em um sorriso que luta em se retrair por conta do entusiasmado com a suposta "descoberta", e os olhos... os olhos cintilantes me lembram os meus, quando eu tinha a sua idade. Todas as emoções, nessa época, parecem triplicar. É meio nostálgico. Eu com certeza ficaria eufórico só com a cogitação de esbarrar com o meu ídolo em um bar, aleatoriamente, e ao mesmo tempo que ainda tento me acostumar com isso, parece impossível que o fato de que me tornei esse tipo de referencial para essas adolescentes se torne normal para mim, um dia. Mais porque, de certa forma, o fardo, na grande maioria das vezes, é muito pesado.

Não consigo dizer nada, porque ela rapidamente engata, já fazendo menção de pegar o seu celular.

Previsível.

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