Parte 1 - Supergirl

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Movimentei meu corpo lentamente, o sangue presente em minha boca estava seco agora, os hematomas manchavam minha pele, gerando pontos de dor que irradiavam para cada canto de meu ser. Cada movimento era um momento de agonia, arrancando gemidos abafados de meus lábios e enchendo meus olhos de lágrimas. Deitada na precária cama que destinaram como meu local de "descanso", sem conseguir encontrar uma posição confortável, observei o escuro que me cercava no pequeno local onde mantinha-me.

O chão era tomado por terra e lama seca, as paredes de cimento queimado sem decoração e as grades, a minha frente, tão enferrujadas que ameaçam de tétano quem ousasse as desafiar repousando as mãos em seu material. A cela não possuía iluminação própria, muito menos janelas, a pouca claridade que recebia vinha de um corredor lateral onde uma grande lâmpada florescente estava pendurada no teto baixo do lugar. O escuro ajudava na tentativa de dormir, entretanto, os ferimentos atrapalhavam a tarefa, fazendo com que meus momentos antes dos interrogatórios, fossem penosos instantes de agonia, que antecipavam a dor maior que se aproximava. Tentei movimentar-me novamente, um grito quase escapou de minha garganta, cobri a boca com uma das mãos antes que o som saísse sem autorização, negava-me a demonstrar reações para eles. Todavia, o lado esquerdo de meu corpo parecia em frangalhos, a coloração era um roxo doentio, os chutes na altura da costela cobravam um preço muito alto a cada respiração, como se uma faca quente estivesse perfurando minha pela a cada lufada de ar.

De acordo com minhas contas, estava presa há 3 dias, apenas...a verdade é que talvez tenha passado três dias, passei boa parte do tempo inconsciente depois das surras, então acredito que apenas tenha passado pouco tempo. Lembro de ser interrogada três vezes..., mas, quem sabe? Poderia ter passado até um mês e não estava mais sã.

Não consigo indicar minha localização ou quais meios foram utilizados para me trazer até aqui, a última lembrança que tenho é de estar na L-corp. Estava em pé, de costas para a entrada de meu escritório, debruçada sobre a mesa, organizando alguns contratos e pretendia descer para meu laboratório em alguns instantes. Era tarde, perto da meia noite, era a única pessoa presente no prédio naquele momento; a noite estava fria, havia fechado a porta que dava acesso a sacada... um costume que adquiri após saber da traição de Kara e seu alterego, mas, aquela noite estava particularmente fria. Olhei para o painel de vidro e meus pensamentos vagaram em direção a loira, algumas noites pude a observar passar voando pela fachada do prédio sem diminuir a velocidade, repreendi-me rapidamente por me deixar pensar nela, retornei meu olhar aos papéis...então... tudo escureceu...

Quando despertei, estava em uma sala completamente branca, sem móveis, a luz ambiente era muito forte, incomoda, minha cabeça latejava, denunciando o motivo de meu desmaio anterior, minhas mãos estavam algemadas nas costas e estava sentada em uma cadeira simples, "Houve algum barulho? Será que estava tão imersa em meu trabalho que não pude detectar nenhum ruído?". Pensei tentando lembrar dos acontecimentos na L-corp. Um rangido ecoou no recinto, o barulho de passos se aproximando cortou minha linha de pensamento.


— Senhora Luthor, como está se sentindo? Desculpe a abordagem um tanto indelicada, me chamo Mark —. Um homem alto, pele clara, cabelos castanhos alinhados em um corte militar, roupas negras surradas e traços severos se dirigiu a mim. Permaneci calada, encarando o sujeito tentando guardar sua aparência para quando escapasse. — Ótimo, sem perda de tempo, então. Senhora Luthor, precisamos de um favor seu, precisamos entrar em contato com sua amiga.


Um semblante confuso se formou em meu rosto, não sabia do que estava falando, possuía algumas amigas, não muitas, entretanto, nenhuma parecia gerar interesse de alguém como o homem em minha frente. Mark fitou por alguns segundos minha confusão e esclareceu sua frase anterior.

Poor Lena (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora