Katherine Spencer lutava com a forte corda que lhe amarrava as mãos atrás das costas. A dor nos pulsos feridos era imensa mas ela persistiu... a fuga era sua única chance.
Finalmente, conseguiu alcançar o nó com a ponta dos dedos lamentando não gostar de usar unhas mais longas, o que talvez tivesse lhe facilitado um pouco as coisas agora. Era providencial que criminosos costumassem dar péssimos nós. Se havia uma coisa que o pai que adorara velejar lhe ensinara... na verdade, a única coisa que ela se lembrava de ele ter reservado tempo para lhe ensinar... fora a dar um bom nó.
Durante o percurso desde a universidade, amarrada, amordaça¬da e sacolejando no porta-malas de um carro caindo aos pedaços, até seu cativeiro tivera tempo o bastante para pensar sobre como aquele sequestro provavelmente se desenrolaria.
Sabia que seria feito um pedido de resgate por ela. A dupla de sequestradores tivera a cortesia de lhe dizer ao menos aquilo en¬quanto a atacara. Os bandidos tinham feito bem seu serviço... até certo ponto. Apenas descobrir qual era a aparência dela já devia ler sido complicado o bastante. Se seus pais da alta-roda tinham leito uma coisa corretamente fora mantê-la longe dos holofotes enquanto crescera. Achava que uma foto sua não apaiecera nem sequer em alguma das publicações de seus trabalhos. Mas os se¬questradores não tinham se aprofundado o bastante em sua pes¬quisa. Se tivessem sabido um pouco a seu respeito, teriam perce¬bido a falha em seu plano.
Resgate algum seria pago por Katherine Spencer. O homem que os sequestradores planejavam contactar para o pedido de resgate não era mais o noivo dela. Horas antes de seu sequestro, ela devolvera o anel de noivado a ele, que ficara furioso com o rompimento. Ele não pagaria o resgate com o dinheiro de sua fortuna. Nem tampouco o resgate seria pago com dinheiro da herança dela. Os contadores e advogados de seus falecidos pais seguiriam procedimentos policiais padrão e se recusariam a pagar por uma questão de- princípio.
Quando seus sequestradores se dessem conta de que ela lhes seria inútil...
Um calafrio percorreu-a, mas Katherine esforçou-se para rela¬xar e reanimar-se com um pensamento mais positivo. Os bandidos haviam cometido mais dois erros e aqueles eram a seu favor.
Primeiramente, ao lado do colchão duro onde fora atirada sem a menor cerimónia, havia uma janela. E estava aberta. Uma tela fina e uma descida de cerca de dois metros até o chão eram tudo o que havia entre ela e sua liberdade. O providencial segundo erro fora que, enquanto os sequestradores a haviam arrastado para fora do porta-malas e batido a porta, tinham deixado as chaves na fechadura.
Ela tinha de chegar até aquele carro antes que os dois dessem pela falta das chaves. Com renovado vigor, voltou a lutar com o nó da corda. Era difícil acreditar que poucas horas antes estivera se divertindo a valer numa festa de despedida que os colegas da universidade haviam lhe oferecido. Ela finalmente reunira cora¬gem para romper com Michael e estivera ansiosa pelas férias de verão de seu trabalho como professora e psicóloga infantil.
Planejara aquelas férias muito antes, mas seus casos tinham interferido. Parecera que, a cada vez que pensara em tirar férias, um de seus pacientes chegara a alguma fase crítica do tratamento. Como podia desapontar as crianças que confiavam e dependiam dela?
Finalmente, o tão esperado momento chegara, Katherine pro¬meteu a si mesma não pensar em trabalho durante aquele período. Não dissera sequer aos amigos, colegas de trabalho, nem empre¬gados de casa para onde estava indo. Deveria ao menos ter contado seu destino de viagem a Jacob e Matty, os antigos mordomo e
cozinheira de sua família, que haviam sido como pais para ela durante tantos anos, mas, quando lhes falara pela última vez, não decidira ainda para onde iria. Resolvera ser impulsiva pela primei¬ra vez em sua vida e... bastava olhar aonde aquilo a levara.
— Vejo vocês no início do outono — fora tudo o que dissera aos amigos quando deixara a festa.
Ela continuou tentando desapertar o nó até que sentiu que ele se afrouxava, a adrenalina percorrendo-a. Quando as mãos estavam finalmente livres das cordas, desamarrou depressa o lenço que a amordaçava e inclinou-se para desatar a corda em seus tornozelos.
As pernas livres, levantou-se e andou na ponta dos pés até a janela. Empurrou a tela, esperando conseguir deslocá-la sem fazer muito barulho. Sua sorte se manteve. A tela soltou-se, abrindo-se para fora sem ruído. Ela descalçou os escarpins vermelhos de salto médio, colocando-os debaixo do braço e passou pela abertura na janela, pousando a salvo no mato do outro lado.
Contornou cuidadosamente a casa e viu o velho Cadillac. O monte de sucata, com suas chaves reluzentes ainda na fechadura do porta-malas, agora se parecia com uma carruagem dos deuses. Ela caminhou na ponta dos pés até o veículo, tentando não produzir ruído no cascalho. Abaixou-se quando passou diante da janela da sala, onde ouvia o som baixo da tevê e o que esperava ser o ronco de pelo menos um dos sequestradores.
Quando chegou até o carro, tirou as chaves da fechadura do porta-malas e abriu a porta do motorista. Uma vez sentada ao vo¬lante, fechou a porta apenas com um ligeiro clique e travou todas as quatro portas. Atirando os sapatos no chão do carro, pôs a chave na ignição.
Com o coração disparado, fez uma prece silenciosa de agrade¬cimento quando o motor do carro pegou. Sem demora, deu a ré, arranjando o espaço necessário para manobrar o carro, virando-o na direção da saída do caminho de cascalho. Enquanto terminava a manobra, olhou pelo espelho retrovisor a tempo de ver os se-questradores saindo abruptamente da casa, tropeçando um no outro enquanto corriam.
Pisando fundo no acelerador com o pé descalço, atirou uma saraivada de cascalho em seus aturdidos ex-raptores e seguiu ve¬lozmente pelo caminho.
Soltou um grito eufórico enquanto abria um pouco o vidro da janela. Colocando o braço para fora pelo vão, fez um gesto apropriado de despedida aos sequestradores.
— Apenas uma pequena mostra da minha estima, rapazes!
Durante o trajeto noturno até aquele lugar isolado, ela memo¬rizara a sequência de curvas que haviam feito uma vez que tinham deixado a estrada principal e entrado naquela toda esburacada e de terra. Virando à direita, seguiu na direção da rodovia. Embora o céu do Kansas estivesse cinzento e ameaçador, não se importou. Estava livre.
— Mais depressa! Mais depressa, papai! O tornado está cada vez mais perto de nós!
Tom Weaver olhou para a nuvem negra e afunilada pelo retro¬visor pelo que devia ter sido a centésima vez nos cinco minutos anteriores. Jamey tinha razão. O tornado estava se aproximando rapidamente, uma coluna escura em forma de cone invertido que avançava em violento redemoinho, levantando poeira e detritos. Relâmpagos ameaçadores rasgavam o céu num cenário de tempes¬tade dos mais assustadores. Uma onda de puro pânico tomou conta de Tom. Lançou um rápido olhar ao filho no banco do passageiro da grande caminhonete. O menino estava visivelmente aterroriza¬do. Ele desejou poder dizer algo para confortar o filho, mas, em¬bora Jamey tivesse apenas cinco anos, sabia exatainente em que problema se encontravam.
Tom tornou a olhar pelo retrovisor e cerrou os dentes. A maldita coisa estava mais próxima, embora ele estivesse praticamente de pé sobre o acelerador. Se conseguissem chegar ao menos até a passarela um pouco adiante, talvez tivessem uma chance.
— O tornado vai atirar uma casa em cima de nós, como aquela que levantou em O Mágico de Ozl — indagou Jamey.
— Não, filho — respondeu Tom sem saber se a violência do tornado não poderia fazer exatamente aquilo, embora aquela parte da rodovia de mão dupla atravessasse fazendas na maior parte, havia bem poucas casas por perto.
Ele começara a se arrepender de ter comprado aquele vídeo de O Mágico de Oz para Jamey. O filho devia tê-lo assistido uma centena de vezes. Precisava ter uma conversa com ele sobre aquele hábito de assistir tevê demais... ou seja, se ambos vivessem para ver o amanhã.
Mais adiante, o céu estava nublado, mas tranquilo. A segurança, na forma da passarela da rodovia Roberts, achava-se a uns cem metros de distância agora. O retrovisor refletia os tons púrpura e amarelados de uma terrível tempestade. A mente dele recusava-se a medir a distância entre o tornado e a caminhonete.
Quando chegaram à passarela, Tom parara de olhar pelo retro¬visor, mas, tão logo desligou o motor, o horrível som da tempestade tornou-se ensurdecedor. Saltando da caminhonete, colocou o filho depressa por sobre o ombro e começou a correr. O capim enchar¬cado da beira da estrada estava tão escorregadio que quase caiu, mas, quando chegou ao concreto áspero, as pesadas botas de tra¬balho deram-lhe mais firmeza. O vento sugava-lhe as costas da jaqueta jeans como se quisesse puxá-lo na direção da tempestade, mas Tom fez força para continuar avançando, correndo até debaixo da rampa de concreto de acesso à passarela em segundos. Acomo-dou-se no vão, estreitando-se o mais que pôde no ângulo formado pela rampa e o chão, ao mesmo tempo em que se curvava sobre o pequeno corpo do filho soluçante.
O tornado estava sobre eles agora, porém ambos não teriam como ficar mais seguros do que aquilo, e Tom ousou abrir os olhos. O violento tornado pareceu perder sua forma enquanto se aproxi¬mava e, então, passou sobre eles, varrendo o capim alto furiosa¬mente com sua passagem. Quando ele continuou seu caminho pela rodovia, retomou sua forma.
Soltando um profundo suspiro de alívio, Tom relaxou e afrou¬xou os braços em torno de Jamey. Os dois observaram o tornado se afastando em absoluto silêncio, estupefatos. Então, Tom viu algo que fez seu sangue gelar novamente. Um carro, o qual não vira antes, vindo pela pista oposta diretamente para o caminho de passagem do furacão, estava tentando dar meia-volta na estrada.
Era tarde demais para o motorista ao menos se atirar na valeta no acostamento da estrada. O tornado avançava diretamente para o carro.
Tom engoliu em seco, quase certo de que o motorista não so¬breviveria.
O tornado atingiu o carro em cheio e o ergueu, fazendo-o bater repetidamente de encontro ao asfalto feito uma bola de basquete — Veja, papai! Veja aquilo!
— Jamey apontou na direção do
carro.
— Estou vendo. — Tom contraiu o rosto, enquanto o tornado tazia o carro bater no chão bruscamente uma última vez como uma criança irritada largando de lado um brinquedo quebrado Então, o tornado seguiu seu caminho. — Vamos!
Tom pegou a mão de Jamey e ambos correram até a caminho¬nete, que acabara não sofrendo danos sob a passarela. Enquanto ligava o motor, ele olhou para o menino. Não o teria sujeitado a tabulação ou trauma algum nem por todo o milho do Kansas mas nao tinha escolha. Tinha de verificar como estava aquele motorista mais adiante na estrada, ou o que sobrara dele.
Chegaram até o carro numa questão de segundos. Dando ins¬truções expressas ao filho para que permanecesse na cabine Tom desceu e adiantou-se até o carro, preparando-se para o que poderia encontrar. Era um antigo Cadillac azul-claro, se não estava enga¬nado, ou fora até que o tornado o transformara em algo que se parecia mais com um acordeão. Felizmente, estava virado nara cima, ao menos.
_ Enquanto parava junto à porta do motorista, prendeu a respira¬ção. Uma mulher, ainda presa pelo cinto de segurança, estava caída por cima do volante. Uma profusão de longos cabelos loiros en-cobna-lhe o rosto.
Tom não tinha conhecimento suficiente sobre primeiros socorros para tentar mover a mulher e, portanto, pediria ajuda pelo ce¬lular. Quando ligasse para o Corpo de Bombeiros, provavelmente iriam querer ter alguma ideia sobre o estado dela.
Rapidamente, ele colocou a mão pela janela aberta do carro Primeiro, teria de afastar-lhe aquela cabeleira loira para chegar até o pescoço dela para sentir a pulsação. Quando seus dedos tocaram as mechas sedosas, afastou depressa a mão como se tivesse sido queimado. Aquela mulher estava viva, sem dúvida. Não poderia ter dito a razão, mas soube daquilo instintivamente, embora não tivesse lhe sentido o pulso.
Através de sua pele áspera pelo trabalho, o contato dos cabelos daquela mulher anónima produziu-lhe um turbilhão de emoções conflitantes, nem todas agradáveis. Havia assim tanto tempo que não tocava os cabelos de uma mulher? Amaldiçoou a si mesmo. Aquela mulher precisava de ajuda, e ele estava se comportando feito um idiota.
Fez nova tentativa, afastando-lhe os cabelos até que lhe tocou o pescoço. Tentou ignorar a textura acetinada da pele enquanto procurava lhe sentir o pulso. Fechar os olhos para auxiliar em sua concentração apenas acentuou a percepção da maciez e do calor daquela pele, enquanto seus dedos a percorriam. Encontrou-lhe, então, a pulsação, fraca mas regular.
Fez uma prece simples de agradecimento e correu de volta até a caminhonete. Entrou na cabine e ligou para o número de emer¬gência local pelo celular, fazendo um gesto para silenciar uma avalanche de perguntas de Jamey. Depois de descrever o que acon¬tecera e dar sua localização, correu de volta até o carro para esperar uma ambulância da unidade de resgate. Ficou de olho atento na mulher, mas ela se manteve inconsciente.
Embora lhe parecessem horas, a ambulância chegou em poucos minutos. Enquanto os paramédicos a retiravam do carro e a deita¬vam cuidadosamente na maca para o exame preliminar, Tom notou que, por baixo do blazer vermelho, ela usava um sofisticado ves¬tido preto, de comprimento logo acima dos joelhos. Era alta e magra, com curvas nos lugares certos, e estava descalça. Os cabe¬los exuberantes, em completo desalinho, ainda lhe encobriam o rosto. Tom descobriu-se ansiando por ver o rosto oculto por aquela bela cabeleira.
Enquanto os paramédicos lhe prestavam os primeiros socorros, um deles afastou-lhe os cabelos com cuidado, dando a Tom uma clara visão da misteriosa motorista do Cadillac. Exceto por um grande hematoma arroxeado na fronte, ela parecia bem. E era ex¬tremamente... bonita. O machucado era o único defeito num rosto oval perfeito. Cílios espessos acariciavam-lhe as faces rosadas. A pele era como porcelana, os lábios cheios e bem-feitos.
Abra os olhos, suplicou ele silenciosamente.
E ela os abriu.
Como num passe de mágica, o sol saiu, e as cores da área ver¬dejante que os cercava passaram das apagadas e sombrias da tem¬pestade para as brilhantes de um dia ensolarado num piscar dos intensos olhos azuis dela. Tom soltou o ar devagar, dando-se conta de que estivera prendendo a respiração.
Os paramédicos fizeram algumas perguntas a ela e, numa voz trémula, a mulher respondeu algumas de modo satisfatório, mas pareceu indecisa em outras. Quando lhe perguntaram seu nome, a mulher franziu as sobrancelhas delicadas em grande concentração e seus lábios se entreabriram como se fosse dizer algo, mas ne¬nhuma palavra saiu.
— Quem é você? — repetiu um dos paramédicos gentilmente. — Qual é o seu nome?
A mulher estudou os rostos a sua volta e piscou, confusa.
— Eu não sei.
Houve um momento de silêncio e, então, Tom se deu conta de que Jamey, o qual permitira que ficasse a seu lado depois que a mulher começara a ser socorrida, havia se aproximado dela agora. O menino segurava um escarpim vermelho de salto médio em cada mão.
— Dorothy!
Os paramédicos olharam para o garotinho. A mulher ferida olhou para Jamey esperançosa, como se talvez ele a conhecesse.
— Jamey — interveio Tom. — Não comece... A criança ignorou-o.
—É exatamente como no filme. O tornado apanhou-a e, depois, colocou-a de volta no chão. E ela tinha um galo na cabeça. E a Dorothy! Eu até encontrei seus sapatos vermelhos! — Jamey er¬gueu os escarpins de couro vermelhos com ar triunfante.
— Jamey! Por que você entrou naquele carro? Você poderia ter-se cortado no vidro quebrado.
O menino deu de ombros. Um dos paramédicos sorriu, bem-humorado.
— Jamey, quando você entrou no carro, encontrou a bolsa da moça? Ou qualquer outra coisa contendo uma identificação?
— Não. E não há nada no porta-luvas também. Só havia estes sapatos no chão do carro.
Tom olhou para o filho, exasperado consigo mesmo por ter-se distraído tanto que tirara os olhos do menino por vários minutos no local de um acidente.
Os paramédicos anunciaram que era momento de levar a mulher para o hospital, e Tom ajudou os dois a colocaram a maca na ambulância. Sentiu inevitável compaixão pela mulher, cujo rosto evidenciava sua luta contra o pânico e a tentativa de manter algum controle. Sua memória voltaria? O que acontecia com pessoas cuja memória nunca voltava? Com certeza, ela teria uma família que a amava, parentes que a estariam procurando naquele instante. Um marido, talvez. Mas e se não os tivesse?
Enquanto a ambulância deixava o acostamento e seguia pela rodovia, Tom observou-a em silêncio. Ele e o filho deveriam voltar para casa agora. Havia centenas de tarefas que precisavam ser feitas. Mas a imagem daqueles olhos confusos e tão adoráveis não lhe saía da mente.
— Nós vamos até o hospital, papai? — perguntou Jamey, es¬perançoso. — Para ver se ela está bem?
Tom olhou para o rosto ansioso do filho. Oh, droga, pensou, o que eram umas duas horas no grande esquema das coisas, afinal? Passou a mão pelos cabelos do menino.
— Vou lhe dizer uma coisa, rapazinho. Vamos alimentar os animais. Depois nós nos lavaremos e iremos até o hospital para ver como a moça está passando.
— Obrigado, papai!
Os dois se adiantaram de volta até a caminhonete. O garotinho pulou uma poça de lama. Depois, soltou uma exclamação contente e apontou para o céu.
— Veja, papai! Um arco-íris!
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Fazendeiro Apaixonado - Degustação
ChickLitKatherine não se lembra de nada: nem do tornado que atingiu seu carro nem da pancada na cabeça, nem sequer de seu nome. Tudo o que sabe é que, desde o momento em que um sexy fazendeiro do Kansas, Tom, e seu cativante filho de cinco anos, Jamey, a ac...