2 Capítulo

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A cerimônia correu bem. Todo o povoado e os reinos vizinhos estavam presentes, deixando Violet ainda  mais nervosa e Francisco mais ansioso para descobrir os mistérios que o pequeno corpo dela esconderia. Tudo que Violet queria naquele momento era que a noite acabasse e que a cerimônia de coroação ocorresse, pois só depois de ter a coroa em sua cabeça que ficaria tranquila e saberia que jamais alguém a tiraria de lá.

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Adentrou em seus aposentos com as mãos suadas e os olhos lacrimejando… Era agora, a hora em que sua pureza seria tirada dela, sem mais delongas. Ela se entregaria a um homem que mal conhecia, e o pior, pelo qual não sentia nenhum desejo carnal.

— Apenas feche os olhos e deixe-o acabar o que começou — disse a mesma dama de companhia, entrando nos aposentos. — Será desconfortável, por isso feche os olhos e deixe passar, criança.

Violet queria chorar, gritar, fugir, bater em alguém... Qualquer coisa que não a fizesse ir para o quarto onde seu marido a esperava. Não só ele, como os reis vizinhos. Como manda a tradição, os reis vizinhos devem ver a pureza da futura rainha indo embora.  Fez o sinal da cruz, antes de entrar na alcova. Os homens estavam ao redor da cama. Violet se sentiu como um cervo pronto para ser devorado pelos leões. Um olhar forte caiu sobre ela, e não era o de seu marido… Claro, todos ali a desejavam, porém, apenas um par de olhos coloridos, uma íris de cada cor - um azul, outra marrom avermelhado - chamou sua atenção. Já tinha lido sobre esse feito em algum de seus livros de ciências. "Heterocromia" lembrou-se.

Francisco, deitado na cama, sentia-se vigoroso. Todos ali desejavam sua rainha, porém, nenhum deles poderia tocá-la, caso o contrário, ele mandaria que cortassem suas cabeças, sem conjecturar.

Violet retirou suas vestes, ficando apenas com uma pequena camisola transparente cobrindo seu corpo. Seus cabelos compridos e ruivos cobriam seus mamilos. Adrenalina corria por suas veias, era a única coisa que estava fazendo seu coração bombear sangue pelo seu corpo. Ela tinha certeza que a qualquer momento poderia desmaiar. A primeira vez de muitas. Deitou-se na cama de olhos fechados, sentindo um corpo pequeno e pesado em cima do seu. Uma ânsia de vômito a atingiu ao sentir beijos pelo seu pescoço.  Quantas vezes fazer isso seria necessário para gerar um bebê? Assim como a dama de companhia lhe falou, ela apenas fechou os olhos e deixou que ele acabasse logo.

Foi bem mais rápido do que imaginou. Sentiu o membro do marido entrando com dificuldade na região seca, causando-lhe dor. Palavras sem sentido são pronunciadas em seu ouvido. Tudo que Violet imagina são os olhos policromo do homem misterioso. Depois de alguns movimentos, finalmente, Francisco chegou ao seu ápice para o alívio de Violet. Ela se levantou rápido, quase correndo. Foi embora com lágrimas caindo por todos os lugares. Lá no quarto, Francisco mostrava para todos os homens presentes a pureza de sua ex-virgem esposa e futura rainha.

— Isso, senhores, é o meu poder — ele disse sorrindo, sabendo que tanto o futuro de Violet como o do Reino Unido estavam em suas mãos e na sua bondade. — Vamos comemorar.

Colocou um robe vermelho com listras douradas e foi embora junto com seus aliados, ou melhor, aliados do momento. Violet chegou aos seus aposentos chorando como um recém-nascido quando chega ao mundo. Depois de alguns minutos, finalmente se acalmou.

“Tu tens o reino, apenas isto basta” falou para si mesma. “Será preciso me deitar apenas algumas vezes com aquele velho nojento… depois engravidar e estará feito.”

Bom, a verdade sempre aparece, não é? Pobre criança inocente. De uma coisa eu tenho certeza, tudo que Violet fez e fará será para o bem de seu reinado. A prova disso é que, atualmente, a pessoa que vos narra, essa drama, ainda se  lembra dela.

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17/05/1505

Quatro anos se passou, aliás, o que pode acontecer em quatro anos? Em relação ao casamento de Violet, tudo continuava como no início… Franscisco II apenas usava o seu belo corpo ainda jovem, depois o jogava fora como algo já gasto. Violet não o amava, queria apenas seu respeito, e isso ela conseguiu, pelo menos nos primeiros dois anos, depois disso, seu marido começou a dormir com outras mulheres: empregadas, damas de companhia, prostitutas e mulheres que fazem parte da corte.

O fato é que as pessoas riam pela suas costas, chamado-a de rainha fraca que não consegue segura seu rei pelas calças… Violet estava perdendo a majestade. Ela apenas erguia sua postura, ajeitava sua coroa pesada, por causa do ouro, e os deixava falando. Por sua vez, Francisco apenas bebia e se divertia com as mulheres, nada lhe importava, nem sua mulher era capaz de lhe conceder um primogênito.

Violet não engravidar agravava ainda mais o seu constrangimento. Pensava que talvez fosse igual a sua mãe, que não conseguiria gerar o futuro rei. Seria possível? Não, ela precisava gerar um fruto de seu ventre e fazer dele uma boa pessoa. O conflito com os protestantes estava piorando. Ela recebeu uma mensagem anônima informando que alguns deles estavam vindo do mar do norte, e, com isso, a corte não parava por nenhum segundo, tentando achar alguma maneira de fazer os  protestos acabarem. Ela cuidava da economia, política e tudo que era de respeito ao seu reinado, ainda assim,  ninguém a via como uma verdadeira rainha.

— Rainha Violet, Violet — alguma dama de companhia a chama loucamente.

— O que houve? Por que estás tão nervosa? — Violet pergunta preocupada.

— Rainha, aconteceu algo bastante ruim… eu... — Violet respirou fundo, já sabendo que seu marido fez alguma burrice. — O Rei... seu marido dormiu com a rainha da Dinamarca, e o Rei Henrique I, neste momento, mandou uma carta informando que irá arrancar a cabeça de seu marido.

Não poderia ser, mais uma vez Francisco não conseguiu manter seu pênis dentro das calças. Violet andou apressadamente pelos corredores até chegar aos aposentos de seu marido. Entrou sem bater na porta.

— Violet? O que faz aqui? — perguntou ele, cínico e bêbado.

Ela pôde sentir o cheiro de álcool de longe. Sempre se perguntava o porquê a Igreja ter escolhido Francisco para governar o seu reino, ele era apenas uma mera peça do xadrez que nunca fora movida no jogo.

— O que faço aqui, Francisco? O Rei da Dinamarca, Henrique entraram em guerra conosco — disse ela,  andando de um lado para outro, deixando o rei zonzo. — O que tens na cabeça, homem? Será que não consegue segurar isto. — Aponta para os meios das pernas do homem. — Faça algo, senão, eu mesma farei.

Francisco estava tão bêbado que apenas bebeu mais uma taça de vinho, vendo Violet indo embora com seus cabelos cor de fogo balançando.

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Benevolência de Violet (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora