"Até mais"

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POV Chiara

Ela se aproximou e eu permaneci sentada no sofá de três lugares que agora parecia tão maior. Eu me sentia uma formiguinha.

- Posso me sentar? – Sua voz saiu calma e mais baixa que o normal, enquanto apontava para meu lado no sofá.

- É, claro – Pensei por uns segundos, mas cheguei à conclusão de que seria ridículo dizer "não", afinal ela já estava ali mesmo e eu já havia permitido sua entrada.

Ela sentou-se próxima a mim. Pude perceber seu meio sorriso quando ela percebeu que minha pele arrepiou. Ela sabia o efeito que tinha e ela abusava desse efeito.

- Você foi incrível. Como sempre. Não esperava menos de um show seu. - Ela voltou seu olhar para mim e eu me senti nua.

Pensei por alguns segundos o que dizer, mas nada parecia adequado.

- Grazie. - Monossilábica é o que consegui ser. Eu que sempre me senti à vontade perto dela. Eu que não parava de tagarelar sobre qualquer coisa quando estava junto a ela. Eu que gostava de falar até da cor da parede com ela, consegui soltar uma única palavra.

- Você tá nervosa demais. Não gosto de causar isso em você. Quer que eu vá embora? - Seu olhar percorreu meu corpo e eu senti a pontinha de um arrepio.

- No. Pode ficar. - Misturei italiano e português, e ela sorriu.

Levantou sem falar nada e foi até uma mesinha onde tinha algumas bebidas. Serviu dois copos de whisky e me entregou um.

- Vamos beber? - Ela levantou a sobrancelha e ficou parada na minha frente.

Peguei o copo e assenti. Suspirei quando ela começou a andar pelo camarim olhando o que tinha por ali.

- Ana - Chamei seu nome e ela me olhou enquanto bebia um gole generoso da bebida que estava em seu copo. - O que você realmente quer aqui? 

- Eu vim ver seu show, você sabe que sempre gostei de te ver cantar - Ela respondeu simplesmente e bebeu mais um gole. Tentava parecer plenamente calma, mas eu a vi vacilar baixando um pouco o olhar.

Levantei-me e larguei o copo na mesinha. Fui até sua frente e parei ali. Cruzei os braços na altura do peito. Sua respiração falhou com a proximidade. A minha também.

- Tutto bene, você veio ver meu show, mas por que veio até aqui? Até o camarim! Tu poderia ter visto e ido embora. Por que está aqui? - Falei tudo olhando fixamente em seus olhos. Ela pareceu surpresa. Sua guarda baixou. Já não parecia tão confiante.

- Porque eu queria te ver. De perto. - Sua voz saiu mais baixa que o normal. - Porque você me causa efeito ainda. Porque eu queria ver se eu ainda te causo algum efeito. Porque eu queria que sua respiração falhasse ainda quando chego perto. Porque eu queria saber se você tá sentindo o mesmo que eu.

Seu olhar se perdeu no meu. Depois seu olhar caiu até minha boca. Arrepiei. Suspirei. Desejei que ela me beijasse para que depois eu pudesse pôr a culpa nela.

POV Ana

Quando te der saudade de mim

Quando tua garganta apertar

Basta dar um suspiro

Que eu vou ligeiro

Te consolar

Fitei a boca dela e senti o mesmo frio na barriga que me atingiu na primeira vez que fiz isso. Meu coração saltava no peito. Eu podia jurar que ouvia o saltitar dele em meu ouvido. O desejo me fazendo ofegar. Tive que morder os lábios para não ceder a tentação de beijá-la. Não era a hora de fazer isso. Eu queria trazê-la para perto, não afastá-la.

Se apro gli occhi e ti trovo ancora?Onde histórias criam vida. Descubra agora