Capítulo Um

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— O que faz aqui? Ainda mais essa hora da madrugada? Perdeu o juízo de vez?

Respirei fundo fechando meu roupão enquanto parava no meio da escada. Aquele homem só pode ser maluco. Aparecer na porta da minha casa, me acordar e ainda querer falar comigo depois de tudo que fez.

— Por favor, minha filha. Me ajude.

Claro. Ele só iria me procurar se estivesse precisando de alguma coisa, caso contrário, continuaria por aí, sem me dar notícias.

O homem parado em minha frente é meu pai. Ou, algo parecido. Ele abandonou a mim e minha mãe quando eu ainda era criança. Decidiu sozinho que não podia ter a obrigação de ser pai, muito menos de cuidar de uma família. Nos viramos. Eu e minha mãe demos um jeito e conseguimos nos cuidar sozinhas sem um centavo sequer dele. Algum tempo depois, quando eu me tornei adulta, e CEO da maior empresa de cosméticos de Seul, ele apareceu, dizendo que queria consertar tudo e que agora, tinha uma nova família. Eu não dei ideia para as mentiras dele e ilusões, e ele foi embora. Jurava que nunca mais o veria. Até agora.

— Não me chame assim. Não sou sua filha. Muito menos responsável por você, cuide dos seus problemas sozinho.

— Eu te imploro, Jennie! Eu não tenho mais saída. Eu não viria aqui se o assunto não fosse sério, por favor. Eu preciso que você me ajude, minha filha!

Ele estava desesperado e posso dizer que me deu um pouco de pena. Afinal, querendo ou não, foi aquele homem quem me trouxe ao mundo.

Eu estaria sendo desumana se pelo menos, não escutasse opõe ele tem a me pedir.

— Você tem cinco minutos para me convencer.

Ele suspirou aliviado. Meu pai, digamos assim, era um homem elegante, não bonito, apenas elegante. Possuía dinheiro e muita fama. Assim como eu. Talvez, isso esteja no sangue. Ele se portava como um homem de classe, com roupas elegantes e muito caras, das melhores marcas.

— Eu perdi tudo, minha filha. Todos os meus bens. Eu fui tolo e imbecil. Pensei que estava fazendo a coisa certa e investi tudo que tinha em uma empresa clandestina. — A esse ponto, lágrimas enchiam seus olhos. — Descobri ontem que tudo que eu tinha no banco também foi roubado. Me tornei um miserável, querida, estou sem solução alguma e preciso...

Antes que ele terminasse a frase, eu ri em deboche. Como ele ousava vir até mim para me pedir dinheiro? Aquele que me virou as costas e que não me ajudou nem a pagar as mensalidades da minha faculdade? Muita coragem eu diria.

— Está me pedindo dinheiro? É isso mesmo?

— Não. Claro que não. Eu nunca lhe pediria isso! — Ele abanava as mãos a sua frente, em negação. E balançava a cabeça de um lado para o outro. — Não vim pedir dinheiro ou abrigo, quero apenas que cuide de Lisa.

Ele realmente não podia estar dizendo a verdade.

Queria que eu cuidasse da filha bastarda dele?

Nem seu filha era. Era filha da mulher que ele se casou. Eu nunca a vi e não sei nada além do seu nome e não faço questão nenhuma de procurar sobre.

Acabei rindo mais ainda. Um riso de nervoso e desprezo. Eu não estava suportando nem mais um minuto perto daquele homem.

— Vá embora, por favor. Não irei cuidar de criança nenhuma!

— Você está enganada. Lisa não é uma criança! Está perto dos 20 anos. Mas eu e a mãe dela decidimos que cuidaríamos dela o resto da vida. Lisa não sabe nem lavar o próprio prato. Além disso, ela é intersexual, tem noção o quão é difícil encaixá-la devidamente na sociedade?! Lisa sofreu bastante por conta disso. Eu não estou pedindo nada além de que fique com ela por alguns meses até eu conseguir recuperar meu dinheiro e poder buscá-la. Eu prometo que não durará muito tempo. Por favor, minha filha, ajude seu pobre pai somente uma vez.

Yes, Mommy | JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora