São 8h07 de uma noite de sexta-feira,e Jeon Jungkook está pensando em nós.
Ele tem 15 anos e está indo a pé para a casa de seu namorado,Park Jimin.Eles estão juntos há um ano,e Jungkook começa refletindo sobre como parece ser bastante tempo.Desde o começo,todos dizem que não vai durar.Mas agora,mesmo que não dure para sempre,parece que durou o bastante para ser importante.
Os pais de Jimin tratam Jeon como um segundo filho,e, apesar de os pais de Jungkook ainda ficarem alternadamente confusos e perturbados,eles não trancaram nenhuma das portas.
Jeon está com dois DVDs,duas garrafas de refrigerante,massa de biscoito para assar e um livro de poemas na mochila.
Isso é tudo de que ele precisa para se sentir um cara de sorte.Mas aprendemos que sorte na verdade faz parte de uma equação invisível.
A dois quarteirões da casa de Jimin,Jeon tem um vislumbre
disso e é tomado de uma sensação de gratidão profunda e sem nome.Ele percebe que parte da sorte que tem é por sua posição na história e pensa brevemente em nós,os que vieram antes.Não somos nomes nem rostos para ele; somos uma abstração,uma força.A gratidão dele é uma coisa rara; é muito mais provável que um garoto sinta gratidão pelas garrafas de refrigerante do que por estar vivo e com saúde, por ser capaz de caminhar até a casa do namorado aos 15 anos sem nenhuma dúvida de que é a coisa certa a se fazer.
Ele não faz ideia do quanto é lindo ao caminhar pela entrada e tocar a campainha.
Ele não faz ideia do quanto o comum fica lindo depois que desaparece.
Se você é adolescente agora, é improvável que tenha nos conhecido bem.Somos seus tios sombra,seus padrinhos anjos, o melhor amigo da sua mãe ou da sua avó da faculdade, o autor daquele livro que você encontrou na seção gay da biblioteca.
Somos os personagens em uma peça de Shakespeare ou nomes em uma colcha que raramente é usada.
Somos os fantasmas da geração mais velha que sobrou.Você conhece algumas das nossas músicas.
Não queremos assombrar você com melancolia demais.
Não queremos que nosso legado seja gravitas.
Você não iria querer viver sua vida assim,e também não vai
querer ser lembrado assim.
Seu erro seria ver nossa semelhança em nossa morte.
A parte da vida foi mais importante.
Nós te ensinamos a dançar.É verdade.Olhem para Kai na pista de dança.
É sério,olhem para ele.
Um metro e noventa de altura,67 quilos,e tudo isso pode ser convertido pela roupa certa e pela música certa em um amontoado de alegria alheia a tudo.
(O corte de cabelo certo também ajuda.)
Ele trata o corpo como se fosse feito de fogos de artifício, cada um sincronizado com a batida. Ele está dançando sozinho ou com todo mundo no salão?Eis o segredo: não importa.
Ele viajou por duas horas para chegar à cidade, e,quando tudo acabar, vai levar mais duas horas para chegar em casa.Mas vale a pena.
A liberdade não é só uma questão de votar e casar e beijar na rua,embora todas essas coisas sejam importantes.
A liberdade também é uma questão do que você vai se
permitir fazer.Observamos Kai quando está na aula de espanhol,desenhando mapas imaginários no caderno. Observamos Kai quando está no refeitório, lançando
olhares velados para os garotos mais velhos.
Observamos Kai quando coloca as roupas na cama e cria o contorno da pessoa que ele será esta noite.
Passamos anos fazendo essas coisas.
E era isso que esperávamos com ansiedade, a mesma coisa que Kai espera com ansiedade.
Essa libertação.
A música não é muito diferente agora do que era quando nós íamos para a pista de dança.
Isso quer dizer alguma coisa.Encontramos uma coisa universal.
Engarrafamos esse desejo e o soltamos nas ondas sonoras.
O som bate nos seus corpos e vocês se movem.
Estamos nessas partículas que enviamos para vocês.
Estamos naquela música.
Dance para nós,Kai.
Sinta-nos na sua liberdade.
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〃boy meets boy〃
FanfictionDo lado de fora da escola,ao ar livre,rodeados por câmeras e por uma multidão que,em parte apoia e em parte repudia o que estão fazendo,Taehyung e Hoseok estão tentando quebrar o recorde mundial do beijo mais longo. Hoseok e Taehyung não são mais um...