Eu te amo, Zulema Zahir

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O céu de Madrid era incrivelmente lindo ao anoitecer, a ruas tão iluminadas, as pessoas andavam pra lá e pra cá como se houvessem pressa, mas sempre havia uns e outros que assim como eu, observava a beleza daquela cidade, era surreal. Analiso em minha volta e pude notar uma certa movimentação em um lugar que parecia um bar ou uma casa de shows e eu não pude conter a curiosidade e me aproximei, a música ecoava abafada para o lado de fora e era realmente atrativa, me informei se poderia entrar e permitiram. Assim que entrei fiquei meio desnorteada, se não fossem as luzes coloridas que piscavam pelo ambiente, estaríamos em um completo breu. Fui em direção ao balcão:
– Uma caipirinha por favor- pedi ao barman que em questão de segundos me trouxe a bebida.
Meu olhar foi em direção ao palco em busca da voz que agitava a todos e lá estava uma mulher, em torno de 40 anos, cabelos negros e traços marcantes.
– Quem é aquela? - perguntei ao Barman enquanto apontava
– É a Zahir
– Zahir? - pergunto meio confusa, que caralha de nome é esse
– É o nome dela... na verdade é Zulema, mas ela gosta de ser chamada de Zahir - ele disse enquanto um homem o chamava e ele foi atende-lo
– Zulema Zahir... - eu sussurrei

A noite mal havia começado e eu já estava no meu 5º copo de caipirinha e pulava freneticamente na pista de dança, mesmo que agora tocasse uma música lenta e depressiva. Cansada de tanto pular e pagar mico, decido ir ao banheiro e fico me encarando no espelho, o suor escorria pela minha testa e eu estava me sentindo tão nostálgica, era um sentimento tão... bom?

– Fico muito feliz que tenha gostado das minhas músicas- a mulher de cabelos negros que ia entrando dizia. - Você pulando enquanto a maioria enfiava a cara na cachaça e chorava foi realmente incrível - ela  dizia ao ligar a torneira e lavar as mãos.
– Você toca bem - eu respondi meio nervosa, o olhar dela era tão intenso, ela abusava do lápis de olho e isso fizeras meu corpo estremecer.
– Mas eu não toco, eu canto - ela sorri e se aproxima de mim, secando as mãos em uma toalha e logo estende uma na intenção de me cumprimentar- Sou a Zulema, e você?
– Macarena- retribuo o aperto.
– Foi um prazer te conhecer Macarena, mas agora tenho que voltar para o palco - ela pisca e vai em direção a saída e eu fico lá, no meio do banheiro até recuperar o fôlego, que mulher maravilhosa senhor Jesus, volto a me olha no espelho e levo um susto
– Misericórdia que canhão - senti até vergonha por ela ter me visto desse jeito, aquele encontro repentino me deixou com uma sensação estranha, eu tinha a impressão que conhecia Zulema, de onde? Eu não sei, mas ela me deixava tensa.
Me despedi daqueles pensamentos e voltei para o balcão, mas dessa vez decidi pedir uma água, o álcool já tinha tomado conta do meu cérebro e então, depois de alguns minutos pude notar que Zahir não estava mais ali, cantando, e sim um homem que por sinal cantava mal pra carajo.

– Está me procurando? - eu levo um susto e vejo a morena sentando ao meu lado
– ah...é... - eu não sabia o que responder, mas logo ela me interrompe
– A gente se conhece de algum lugar? Você me é tão familiar...
– Acho que não, é a primeira vez que venho aqui - respondi
– Entendi. Ei Fábio me trás uma cerveja - ela pede ao barman enquanto puxa um maço de cigarros, colocando um entre os lábios, me oferecendo o restante e eu nego rapidamente, ela da de ombros e o acende, dando uma intensa tragada.

Ficamos ali, em silêncio, Zulema já havia tomado sua cerveja e eu só ficava analisando seu rosto que ficará tão mais bonito com as luzes coloridas que ali refletia

– O que tanto me olha? - ela diz e eu fico sem reação
– Você é muito bonita - falei sem pensar e ela esboça um sorriso
– Você também não é feia - ela respondeu, isso foi um elogio? Sei lá, apenas retribuo o sorriso
– Quer sair daqui? - Zahir pergunta
– Como assim? - respondi
– Sai daqui ué, ir para outro lugar
– Pra onde?
– Quer ir pra praia? - eu achei uma sugestão estranha, até porque eu não a conhecia, mas aceitei e então fomos em direção ao seu carro.

One shots • Najwa Nimri Onde histórias criam vida. Descubra agora