Por que me odeia, Zahir? (Parte 1)

965 56 19
                                    

Esse capítulo será dividido em duas partes, pois ficou muito longo. Me desculpe qualquer erro e votem 💛

Ouço o som do despertador e respiro fundo, o desligo e coloco meu braço encima do rosto na intenção de esconder a fresta de luz que entrava pela janela.
Puxo o coberto e viro para a parede, não queria levantar daquela cama, hoje era o pior dia da semana; Quarta-feira. Três turnos seguidos de árabe, eu tinha pavor daquela professora, completamente louca, arrogante, bipolar, egocêntrica e tinha um cheiro de cigarro que fazia arder a garganta de tão forte, e o pior, a raiva era recíproca, ela me olhava de um jeito que se pudesse me enforcar ali, no meio da sala de aula, ela enforcaria. E além do mais hoje teria um seminário que a própria havia passado há semanas e eu só fui lembrar quando estava deitando na cama para dormir, então optei por dormir.

-Levanta mocinha, já tá na hora - ouço a voz abafada de minha mãe que batia na porta.
– ah mãe deixa eu faltar hoje - digo chorosa e ela entra em seguida
-Por que? Está doente?
– Sim - falo balançando a cabeça  de forma positiva
-Tá sentindo o que?
–  dor de cabeça
-Também só fica nesse celular, a cabeça não aguenta
– nada a ver mãe...mas eai posso faltar?
-Não, está quase no final do ano letivo e você já faltou demais, vou lá embaixo separar um remédio e fazer um café bem reforçado pra você aguentar o dia, caso piore você vai na direção e pede para eles me ligarem e eu te busco - ela se retira do quarto e eu coloco o travesseiro encima de minha face, ódio.
Me levanto e vou para o banheiro fazer o que tinha que fazer, visto o uniforme, pego minha bolsa e desço a escada em uma melancolia profunda, já previa a humilhação que aquela árabe iria me fazer passar.
– Não tem como eu faltar hoje mesmo? - sento na mesa e faço cara de quem está preste a chorar.
-Já falei que não Helena, toma seu remédio e come logo, temos que ir em 10 minutos - ela dizia andando de um lado para o outro procurando a chave do carro, minha mãe era uma mulher muito nervosa, então decidi não implorar.

Chegamos em frente à escola e eu desci do carro sem ao menos me despedir, entro e sento em um banco até os portões abrirem para poder ir pra sala.

_ Chegou cedo... você tá estranha, tá tudo bem? - Saray, minha melhor amiga pergunta enquanto senta ao meu lado.
– Você fez o trabalho da árabe? - digo ignorando sua pergunta anterior
_ Fiz, demorei tanto pra decorar aquela bosta, ela disse que quem lesse lá na frente iria perder dois pontos por minuto, maluca... - eu balançava as pernas freneticamente - você tá nervosa por isso? Relaxa, eu acho que zero você não tira, pelo nota 2 tu ganha - Saray completa enquanto sorri
– o problema é que eu não fiz
_ como assim?! - ela arregala os olhos - mulher você tá doida? Ela disse que quem não fizesse ia levar uma punição, você tava surda?
– Saray eu fui lembrar desse trabalho hoje de madrugada e eu preferi dormir do que fazer e agora tô aqui... coloca meu nome no seu? Aí eu enrolo lá na frente...depois eu te pago um pastel
_ tava surda mesmo, ela disse que é individual loca!... mas eu aceito o pastel.

O sinal toca, levantamos indo em direção a sala, agarrada no braço de Saray a acompanhei até sua carteira que era na fileira ao lado da janela, puxei uma cadeira e sentei próximo a ela, antes ela sentava atrás de mim, mas a árabe havia nos separamos dizendo que conversávamos demais, mas quando tínhamos chances sentávamos juntas.

— ELA TÁ VINDOO - Estefânia , uma garota da nossa sala que vivia na porta vendo se os professores estavam vindo, gritou e rapidamente todos se sentaram em seus lugares, e como eu estava no outro lado da sala, peguei a cadeira, a coloquei no lugar e fui em direção a minha mesa, mas quando estava no meio do caminho ela entra, trajando uma calça jeans preta, moletom preto e para combinar tênis preto.

~ Como sempre você né Helena - ela coloca seus livros encima da mesa
– Desculpa professora, só fui jogar o papel no lixo
~ Professora Zahir - ela me corrige - guardava o papel na bolsa, você sabe que eu não suporto gente vagando na sala sem minha permissão, agora vá sentar - me viro, respirando fundo e contando até 10 mentalmente e assim que sento ela volta a falar.
~ Pensando bem...levante-se, você vai ser a primeira a apresentar o seminário - eu conseguia enxergar o cinismo em sua cara.
– ah... é que... eu esqueci em casa - o que era cinismo agora virou fúria.
~ Essa não cola Helena, levanta-se e venha aqui na frente
– Pra que? Eu já disse que estou sem o trabalho
~ AGORA! - e assim fiz ficando exposta para todos.
~ Eu já estou perdendo a paciência com você, todo dia é um motivo para me irritar, ou conversa demais, ou fica de namoricos por aí... - ela dizia e pensei, namoricos? O que isso tem a ver com ela ~ você não faz nada do que eu peço garota, você tem algum problema? - ela completou, dizia isso em alto e bom som para todos ouvirem , ao meu lado ela me encarava e minha cor que há alguns estantes atrás era branca, se tornou vermelha por causa da vergonha que me assolava.
– Desculpa professora - respondi cabisbaixa
~ PROFESSORA ZAHIR - ela gritou
_ Ei não precisa gritar com ela assim, a menina só esqueceu o trabalho - Saray disse
~ Fica quieta Saray, o assunto não chegou até você. Helena, fora. - ela apontou para a porta
– Como assim? - pergunto a encarando, seus olhos esverdeados se encaixaram no meu, aquele contato me fez sentir... sei lá.
~ Pegue sua bolsa e saia, te encontro no refeitório em alguns minutos, precisamos ter uma conversa e já manda mensagem para seus pais, pq hoje você chega com uma suspensão. - minha boca formou um formato de "O", e sem hesitar sai dali
~ Eu avisei, quem não fizesse essa porcaria iria ser punido - pude escutar Zulema gritar ao restante dos alunos.
Eu não entendia como uma surtada poderia ser professora, tenho certeza que ela dava pro diretor, aquele Hierro é um puto, dá encima de todo mundo e com ela não seria diferente.
Chego no refeitório que estava completamente vazio e fico lá, esperando. Hoje eu não havia trago o celular, então fiquei olhando minhas mãos que se movimentavam encima da mesa formando círculos contínuos.

One shots • Najwa Nimri Onde histórias criam vida. Descubra agora