PRÓLOGO

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- Sampaio, minha sala em 5 minutos.

Anuncia a Alves enquanto pega um café na maquina. Todos os olhares se voltam para mim, a Alves é minha superior, tem uma personalidade bem difícil, junto dela tem o Oliveira e a Martins que a auxiliam(normalmente eu só tenho contato com eles), quando chega a passar pela mão dela só segura que lá vem bomba.

- Senta ai, Sampaio.

Fala o Oliveira assim que eu entro na sala, ele sempre foi o mais descontraído.

- Houve alguma coisa, Alves?

Pergunto com as mãos suadas, não sou de fraquejar por conta de cara feia, mas o meu sexto sentido quase explode de tanto me alerta de que algo esta por vim.

- Você sempre me foi muito útil, Sampaio. - Vish, lá vem demissão. Penso comigo mesmo. - Você é ágil, sabe se safar das piores situações, sabe mentir como ninguém - A Martins me olha e eu só penso na mentira que dei cedo por conta do meu atraso - É bem bonita, tem bastante força física, foi bem preparada e tanta outras coisas.. Você é uma camaleoa. Você é apta para esse caso externo.

Meu coração é bombardeado e eu começo a sentir um misto de empolgação e desespero. Meu primeiro caso externo.

- Eu não sou a favor de pegar esse caso, a militar daria conta, ele não nos atrapalha, temos coisas muito pior em mãos.

Diz a Martins retrucando com a Alves. Pelo clima acalorado eles tiveram uma discussão antes que eu chegasse.

- Nem sabemos sobre ele, nem temos provas para investigar. É arriscado para a corporação.

Foi a vez do Oliveira abrir a boca. Eu continuo ali, sem reação por fora, apesar de dentro estar surtada.

- Calem a boca. - a Alves fala grosso com eles, respira fundo e volta a se dirigir a mim - Nós suspeitamos de que ele estuprou e depois matou a filha de apenas 8 anos de um outro vagabundo, esse era conhecido como Relíquia. O local do crime foi a casa da família, encontraram a criança, o marginal, e a esposa que teve o corpo violado post mortem.

A Alves falava e ia mostrando fotos ao mesmo tempo, senti o meu café querer subir pela garganta e ir parar bem em cima de sua mesa. Todos na sala, exceto a Alves estavam com aquela famosa cara de repulsa. Ela ao perceber nossa cara recolhe as fotos e volta a andar em círculos pela sala enquanto fala comigo.

- Assim que eu bati o olho nesse caso percebi que tenho de resolver isso. Conto com sua ajuda, Sampaio.

Respiro fundo e volto ao meu estado normal, completamente profissional e de fisionomia impassível.

- Mas é tudo muito raso. O crime é horrível, não tenho duvidas, porem o que eu tenho de fazer? Preciso de mais informação, me preparar melhor, simplesmente saber para poder articular.

- Tenho um dossiê com 26 paginas onde contem exatamente tudo que a policia sabe. Resolvi não falar pois é sigiloso e só quem esta de dentro do caso pode tomar conhecimento, caso aceite, ele é seu. VOCÊ terá total acesso a todas as informações - os outros dois na sala fecharam a cara na hora - Te darei um mês para que descubra a melhor forma de se infiltrar no meio deles, quando descobrir como me coloque a par e se eu tiver de acordo é só seguir com o plano. Você vai ter 6 meses para conseguir o máximo de provas sobre qualquer crime que ele possa ter cometido, até os lápis que ele possa ter furtado em época escolar eu quero saber.

Ela foi alterando a voz, falando cada vez com mais firmeza e determinação. Isso realmente é muito importante pra ela, pensei.

- Eu quero o caso.

Falo com mais firmeza ainda ficando de pé.

- O dossiê estará na sua mesa até o fim do seu expediente, qualquer duvida pode me procurar.

Ela sorri dando dois tapinhas no meu ombro e se retirando da sua própria sala me deixando apenas com o Oliveira e a Martins.

- Eu to passada.

Anuncia a Martins. Tomamos um susto quando a Alves reaparece das cinzas.

- Ah, Luana. A propósito, o investigado é seu ex noivo.

Minha pressão abaixa, sinto meu corpo amolecendo, a vista confusa e um arrepio percorrer a minha espinha. 

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