Capítulo 6 • Leon Bardeau

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I nfernizar os deuses deixou Leon um pouco mais empolgado para o julgamento.

O filho de Hades se sentia como um criminoso diante do dodecateão. Com algemas nas mãos, delitos, ferimentos e pecados em comum, Bardeau e Scarface estavam a quase dez metros de distância um do outro. Ela parecia acordada agora, estável e sob controle, mas era difícil para Leon saber ao certo. Haviam pelo menos duas dezenas de guardas entre eles e não houve nenhum diálogo real entre os dois enquanto estivesse acordada.

O cenário da reunião não era muito promissor. Não estava nos planos de nenhum Olimpiano ter que opinar sobre a vida de dois tributos brigões às duas da manhã e isso ficava ainda mais explícito nas suas expressões. Leon retomou a postura firme e assistiu Zeus bater com seu cajado no chão.

— Declaro iniciado este sínodo olimpiano de emergência.

— O segundo em dois dias de jogos... Deve ser um novo recorde. — Apolo sorriu ao complementar o pai, arqueando as sobrancelhas de forma debochada.

— Atena. — o deus do trovão deu pouca importância à intromissão de Apolo — Leia a disposição inicial com narração fática.

— Urgh... — Ares revirou os olhos enjoado — São duas da madrugada, podemos pular algumas partes do protocolo? Todos nós já sabemos o que aconteceu. O filho de Hades ali levou uns socos da minha filha, e daí?

— Os tributos não podem causar dano uns aos outros antes dos Jogos. — Hefesto retrucou.

— Is tribitis ni pidim quisir dini... — Ares remendou — Ah, tenha santa paciência, Hefesto. Eles vão se matar na arena, que diferença faz um olho roxo?

O clima não parecia dos melhores entre os dois.

— Ele não vai estar atraente no desfile de tributos. — Afrodite se intrometeu, direcionando um olhar julgador a Leon — Pode prejudicar com os patrocinadores.

O deus da guerra olhou na direção de sua amante como se tivesse acabado de ser traído.

— Ela merece punição, meu tributo está horroroso. Olhem para ele. — Poseidon apontou indignado.

Sempre tão gentil, tio Po. Leon pensou em responder, mas guardou a observação para si mesmo. A última coisa que queria naquele momento era assistir os deuses discutindo sua aparência.

— Seu tributo não é nenhum santo, Poseidon. — Atena manifestou-se — Devo lembrá-lo que Leon Bardeau invadiu um quarto de hospital. Sequestrou uma paciente sedada e atacou dois servos de Apolo.

Leon começou a se sentir mais intimidado do que envergonhado. Ares o encarava nos olhos, como se fosse uma mosca desagradável em cima do seu jantar. O deus da guerra visivelmente desejava matá-lo com um tabefe de mão aberta. Suas expressões faciais vagaram rapidamente de raiva à questionamento durante o discurso de Atena.

— Espere um pouco... Por que Scarface estava sendo sedada mesmo? — Ares mordeu o lábio — Ah, é verdade. É porque ela foi eletrocutada pelos guardas de Zeus.

A voz grave e indignada do deus ecoou de forma ampla pelo cômodo. Soara como uma acusação ao Rei do Olimpo.

— Estavam tentando contê-la. — Zeus se defendeu.

— Não querendo defender Ares, pai, mas foi uma agressão injusta e desproporcional. Aqueles tasers tinham corrente elétrica suficiente para fulminar um rinoceronte. — Atena argumentou de forma racional.

— Exato! — Ares bradou como se o posicionamento de Atena fosse uma cesta de três dos Giants — Meu tributo está tremendo até agora. Está em pânico e mal pode formular palavras. Quem vai querer patrocinar uma garota que não consegue ficar parada? Creio que ela já foi punida mais do que suficiente por seus delitos.

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