Capítulo 2_ Para mim, vida e morte são um casal que amam brigar

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     "Build it up with wood and clay, Wood and clay, wood and clay, Build it up with wood and clay, My fair lady."
      Ele cantarolava enquanto passava pelas labaredas ardentes. Corria os olhos ao redor procurando por sobreviventes. Mas pelo que parece, seus demônios fizeram um ótimo trabalho.
        "Wood and clay will wash away, Wash away, wash away, Wood and clay will wash away, My fair lady."
_ Sangue, sangue, vai jorrar, minha bota encharcar, e com certeza vou gargalhar, Sangue, sangue, vou derramar, e o mundo todo vai pagar... Espere por mim irmãozinho prometo que chegarei logo
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_Mas que merda, porque essa porra de chão tem que ter tantos buracos_ Já faz mais ou menos 10 minutos que chegamos em casa e James não consegue nem mesmo andar sem tropeçar nos próprios pés. Talvez eu esteja cercada de imbecis.
_ Não era pra ficarmos calados? Chamaríamos menos atenção entrando pela porta da frente_ Quem sabe um pouco de pressão o faça andar mais rápido.
_ Pois então entre pela porta da frente e chame a atenção do papai. Faça nosso esforço de pular os portões sem os guardas nos verem ir por água abaixo princesinha_ Papai sempre gostou de casas grandes, mas sinceramente comprar uma mansão quase do tamanho do Palácio de Buckingham, com milhares de guardas foi longe demais. Correr todo quintal sem chamar a atenção é uma missão quase impossível. Ok, talvez tenhamos saído sem a permissão dele mas porque temos que nos esgueirar pela nossa própria casa, isso é realmente constrangedor.
_ Ei, é a troca de turnos, não há guardas do jardim a piscina, vamos logo_ Dimitri nos apressa a cada segundo.
       Passamos correndo pela área da piscina até a porta dos fundos que dá na garagem, que deixamos aberta antes de sairmos. O jardim parece mais como um campo minado, a cada passo que damos, devemos nos preocupar com sensores de movimento. Isso é uma mansão ou uma base do exército?
_A porta ainda está aberta, andem logo e entrem_ Dimitri é o primeiro a entrar, seguido de Jhonny, James e eu sou a última a entrar. No instante que coloco o pé na garagem a luz se ascende. Ao lado de um dos carros, papai estava com os braços cruzados e com os cabelos negros cobrindo o rosto. Realmente assustador.
_ Pensei ter dito que não era pra sair_ Ele levanta os olhos e nos lança um olhar frio.
_ Pai, por favor deixe-nos...
_ Jhonatan, por favor cale-se_ ele caminha até a porta que leva a cozinha dando passos pesados e lentos_ Dimitri, você pode ir para seu quarto, James irá daqui a pouco
_ Sim, senhor Trevor_ Dimitri se despede de nós e  sussurra um "boa sorte" com puro olhar de deboche. Garoto chato
_ Vocês, venham. Conversarei com vocês no meu escritório_ É incrível como papai tem o dom de pronunciar algumas palavras e nos deixar tremendo de medo. Todo o caminho até o escritório foi silenciosamente torturante. Da cozinha a corredores que pareciam não acabar, só era possível ouvir nossos passos ressoando. É incrível em como resolvo apreciar a incrível e complicada arquitetura da mansão em momentos como esse. Tudo pra tentar esquecer que dentro de alguns minutos, receberei um sermão.
_ Alene, quero conversar com você primeiro, meninos esperem sentados no sofá_ Os meninos se sentam no sofá e dão de ombros como se tivessem levado a melhor, já que papai sempre usa seus argumentos e desconta seu descontentamento no primeiro "sortudo".
        O escritório é realmente enorme. Em cima da mesa de centro que em dias comuns está cheia de empresários e advogados, está cheia de livros e caixas. A imensa janela coberta por uma pesada cortina com cor avermelhada, e a pouca luz que há na sala deixam tudo com um ar assustador. As paredes são, de cima a baixo, cheias de livros. Me apoio na mesa e espero papai se sentar para começar a falar.
_ Pai, eu sinto muito por ter saído sem sua permissão, mas não a motivos para ficar bravo_ No momento que pronuncio tais palavras, papai da um sorriso de canto como se fosse exatamente o que ele queria ouvir.
_ Alguma vez te disse que algo iria acontecer e não aconteceu?
_Hmmmmm, não...
_ Exatamente, nunca. Eu disse a você e seus irmãos não sairem. Porque uma hora ou outra, acabaram machucados. A frase " se recuperando de um acidente recente" não significa nada pra você, filha?
_ Pai, eu já tô bem. Tenho certeza que já estou totalmente recuperada_ Dou um enorme sorriso tentando convencê-lo de que estou melhor_ Viu sorrir não é problema.
_ Como se os problemas que uma bala na cabeça acarretam são apenas dificuldade de sorrir_  Ele se levanta e pega uma das caixas que estava em cima da mesa_ Dentro desta caixa, há pertences daquele que nos traiu Alene. Um Paladino, como você. Assim como você, ele também tinha sangue de anjo nas veias. E mesmo assim escolheu o outro lado. Como você acha que ele mudou de lado?
_ Suborno talvez...
_ Exatamente. Se os demônios teem o poder de subornar um de nós da realeza. Imagina fora da realeza Alene. Sair em um momento como esse, é pedir para ser morta
_ Pai que mórbido_ Mas pensando bem, ele tem razão. Sermos traídos por uma pessoa que confiavamos, realmente nos abalou.E cada um de nós saímos com cicatriz, seja elas físicas ou emocionais. Vindo de alguém que eu amava, as cicatrizes que ficaram cravadas em mim foram ainda mais profundas. E mesmo depois disso, saímos escondido pra caçar com uma tempestade devastando os telhados. Todo pai ficaria preocupado. Mas talvez essa seja a hora de voltarmos a atacar. Quando os demônios pensam que estamos vulneráveis. Seria a melhor escolha a se fazer não é?
_Alene, não é hora pra ficar presa em seus devaneios_ Papai disse em um tom ameaçador que era difícil não se surpreender. Ele tolera tudo, menos mentiras e teimosia_ Não é mórbido, é a realidade, e sinceramente, esperava isso dos seus irmãos, não de você filha. Você é minha herdeira, não deveria ficar agindo como uma criança mimada e inconsequente, você já está com 17 anos, suas responsabilidades aumentarão ainda mais a partir de agora _ Ele me olhava com um olhar de profundo decepção_ não tem nada a dizer?
_ Eu já disse que sinto muito pai. Mas vocês me tratam como uma princesinha indefesa, mesmo eu sabendo usar uma faca como ninguém. Não vou ficar vendo todos morrerem por minha causa e ficar sem fazer nada.
_Eu entendo filha, mas faz pouco tempo que ...
_ Faz pouco tempo que o que?_ O interrompo sem pensar, e deixo as palavras saírem sem arrependimento_ Faz pouco tempo que o imbecil enfiou uma bola na minha cabeça. Mas deixa eu refrescar a sua memória pai eu matei esse imbecil com a mesma arma que ele me matou.
_ Sim, você o fez, sobreviveu a uma bala na cabeça, e matou quem a enterrou na sua cabeça, mas se vc sobreviveu, ele também pode ter sobrevivido.
_ Pai...
_ Ainda não terminei Alene. Nesse momento você é um alvo que todos cobiçam, deve ter mais cuidado ao sair de casa, principalmente quando for caçar.
_ Eu entendo pai. Então... Me dará permissão para voltar a caçar?
_ Não. Pelo menos não pelas próximas semanas. Eu e Nikolai temos que fazer a limpeza primeiro.
_ Mas pai...
_ Mas nada, agora saia e mande seus irmãos entrarem. Minha conversa com eles é longa. E nada de ficar tentando ouvir pelo lado de fora mocinha
_ Sim, Senhor

Chaves Celestes_ AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora