Chaves Celestes_ Almas

Capítulo 5 _ Sempre no momento errado

_ Se você continuar me encarando vou ser obrigada a te esmurrar_ Faz mais ou menos 2 horas que estamos estudando. Metade desse tempo ele ficou me encarando e a outra metade tentando me fazer enteder a maravilha que é a filosofia. Minha paciência já está quase no fim_ Se quer perguntar algo, só pergunte. Não fique me encarando.
_  Sinto muito_ Seu rosto fica tão vermelho quanto um pimentão_ É que mesmo sendo início do ano letivo, é um pouco estranho entrar  alunos novos na nossa escola. Fiquei curioso pra saber da onde você veio. Você não parece ser britânica. Londres é extremamente grande mas com toda certeza eu saberia se você fosse daqui. E o outro aluno novo? Ele é seu parente? É aquele garoto estranho que me convenceu de te ajudar?
_ Opa, opa, uma pergunta de cada vez. De confusão já basta a filosofia aqui_ Digo dando um sorriso e fazendo ele ficar envergonhado de novo.
_ De novo, Sinto muito. Ser curioso é um dos meus defeitos_ Ele está sentado na minha frente, e é realmente fácil de ver suas expressões_ Sei que você não me conhece então...
_ Não, tudo bem. Afinal não é um grande segredo_ fecho o livro, agradecendo por finalmente um assunto que não seja sobre filosofia_ Realmente não sou britânica. E o outro aluno novo é meu irmão gêmeo. Aquele imbecil também é meu irmão, meu irmão mais velho, que devo dizer é só mais velho na idade. Eu e todos os meus irmãos nascemos em um povoado na Romênia. tanto a família do meu pai quanto a da minha mãe são originárias da Romênia.
_ Romena é... interessante. Então quantos irmãos você tem? Você diz como se fosse um batalhão. Mas então me diz você já viu algum vampiro ou lobisomem?_ Ele faz as perguntas com entusiasmo. Realmente muito curioso.
_Eu tenho 4 Irmãos, todos mais velhos. Ichiro que você já conheceu. James e Jhonatan Também são gêmeos e meu irmão gêmeo, 5 minutos e 27 segundos mais velho. E é claro que não vi nenhum vampiro ou lobisomem. Você não tá muito grandinho para acreditar nesse tipo de coisa?_ Ele sorri. E caramba que sorriso. Tá legal Alene, pare de reparar nisso. Apenas não repare nesse sorriso não repare em nada. Seu coração está se recuperando, vai com calma.
_ Foi uma brincadeira. É bem engraçado fazer esse tipo de pergunta_ Ele arruma o cabelo que começou a cair em seus olhos. Por que exatamente eu estou reparando nisso? Alene já não mandei você parar?_ Porquê você se mudou?_ A pergunta que eu mais temia. É inevitável, mudo minha expressão imediatamente.
_ Acontecimentos infelizes que mudam sua vida de maneira inesperada. Muitas vezes as sequelas são extremamente profundas_ Sussurro o mais baixo possível. Abaixo a cabeça tentando esconder a tristeza que tomou meu rosto, mas parece que ele percebeu. Seu sorriso desaparece.
_ Desculpa. Não imaginei. Sinto muito se te trouxe lembranças ruins_ O silêncio se instala por alguns segundos. É como se ele estivesse dando um tempo para eu me recompor_ Ei, Alene. Conversar em uma biblioteca não é muito agradável. Tem uma cafeteira aqui perto. É uma das melhores cafeteiras dessa cidade. Você vai amar. Mas é claro, se você quiser ir.
         Espera. Ele está me convidando pra tomar um café mesmo? Eu não tenho a mínima ideia do que fazer. O que James me diria em um momento desses?Ele dá os melhores concelhos, e sempre me lembro deles em momentos necessários. Se me lembro bem, depois que tudo aconteceu, uns 3 dias depois, eu realmente estava mal por perder alguém tão importante, James se deitou comigo e me abraçou o mais forte que podia, sempre dizendo que chorar não era uma fraqueza, e sim um sinal de força. Enquanto me abraçava ele sussurrava que era o momento de deixá-lo ir. Não por que o destino ou os anjos o tiraram de mim, mas sim pelo simples fato de que eu poderia me afundar pelas lembranças. E até mesmo agora, a única coisa que consigo pensar é em seu sorriso. Me lembro em como seu abraço era quente e aconchegante, ou em como era bom acariciar seus cabelos dourados, em como seus olhos castanhos brilhavam quando estávamos juntos, e o sabor de seus lábios insiste em permanecer nos meus. No fim James está certo, as lembranças vão me afundar, não posso me prender a ele. Ele nos traiu, traiu sua família, sua raça, seus irmãos e seus pais. Ele me traiu. E seu fim foi justo. Devo continuar não é? Me esquecer dele. Ou tentar.
_ Claro. Por que não. Um café agora parece uma ideia maravilhosa_ Nos levantamos e devolvemos os livros para as prateleiras. No fim, Nathan não parecer ser uma pessoa ruim. A cada segundo minha curiosidade aumenta. Saímos da biblioteca e quando o olhei mais uma vez ele estava sorrindo. Por que esse sorriso está mechendo tanto comigo?
_Depois de tantas perguntas que te fiz, responderei qualquer pergunta que você fizer, sem exceções. Até mesmo as mais vergonhosas. É uma promessa_  Ele estende o dedo mindinho, como uma maneira infantil de firmar uma promessa. Mas eu realmente achei fofo. Só por agora, quero esquecer de tudo o que aconteceu, ele parece ser... Incrível
_ Sim, uma promessa_ uma promessa tão simples, mas que me fez sorrir.
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James (8 anos antes_ Escola preparatória para Paladinos ou Epps_ Em algum lugar da Ásia)