Prólogo🎈

544 63 12
                                    

- Eu odeio balões, odeio o som que eles fazem quando estouram, odeio o barulho que eles fazem quando passamos a unha em sua superfície dar borracha, eu odeio balões.

Levantei os olhos ao ouvir o psiquiatra suspirar, os olhos por trás dos óculos quadrados eram cansados, as olheiras já se encontravam bem acentuadas, o homem de quarenta e cinco anos emanava uma fadiga perturbadora.

- Gahyeon, - sua voz era controlada e acolhedora. - eu entendo, sério, toda a sua história, seu pesadelo com balões, mas preciso que me ajude a acha-ló, sabe quem estamos procurando, não sabe, Gahyeon?

- Você sabia que ela achava divertido estourar balões enquanto me fazia perguntas? - a lembrança me causou arrepios horríveis, lá no fundo do meu cérebro eu conseguia ouvir os balões estourarem.

- Gahyeon! - olhei assustada com a mudança de voz do homem a minha frente. - Precisa colaborar comigo, sabe que o FBI está na sua cola? Bem, pois está! Se não me der alguma informação útilpara a investigação eles vão requisitar sua presença, eles não vão ser pacientes, não vão ser delicados e muito menos gentis com você!

- Ela também costumava gritar comigo quando perdia a paciência. - cruzei as pernas observando o carpete da sala de consulta, era creme e combinava com o ambiente totalmente branco. O corte em minha bochecha começou a doer, mesmo por baixo de todos aqueles gases e esparadrapos eu conseguia sentir aquela coisa estranha que um dia foi a minha pele. Agora estava costurada para se passar por uma.

- Perdão. - Ele suspirou pesadamente, parecia realmente arrependido, por um momento me senti mal por dar tanto trabalho, mas eu não queria lembra mais daquilo, eu não queria falar daquilo, ela não gostaria de me ouvir falando daquilo.

- Posso ir para o quarto? - Pergunto mesmo prevendo a resposta.

- Não hoje, Gahyeon. - Robert aperta a prancheta na mão e morde o interior da bochecha.

- Foi oque eu pensei. - suspiro, falar se tornou algo chato, doloroso e complicado, minha voz ainda soa estranha.

- Desculpe, por isso e por tudo. - ele enterra o rosto nas mãos e coça a cabeça perdido.

A sala fica em silêncio absoluto, o tempo se arrasta devagar enquanto encaro o relógio.

- Foi no aniversário da minha mãe, eu precisava comprar balões. - Fala sentindo um frio na espinha, todo meu joelho três vezes em um tic nervoso.

Robert levanta a cabeça subitamente.

- É isso que você ia fazer antes dela te sequestrar? - os olhos do homem brilharam quando eu concordo, ele rabisca furiosamente na prancheta.

- Ela parecia normal, era...linda - Engulo em seco.

- O que aconteceu? Por favor, preciso que me conte! - suplicou.

- Papai e JiU concordaram que mamãe merecia um aniversário mais que especial...

BalloonsOnde histórias criam vida. Descubra agora