Balões são inflamáveis🎈

207 48 12
                                    

– Ah, você acordou, por que demorou tanto? — Dami tinha um olhar repressor para mim, era evidente que ela não estava satisfeita com o que quer que teve que fazer.

– Eu quero ir para casa, por que está fazendo isso comigo? O que eu te fiz? Por quê eu? — as perguntas saíram sussurradas, eu não tinha mais nenhuma vontade de falar. Meus braços ardiam e estavam cobertos por gases que ganhavam tons amarelados ou avermelhados conforme o sangue escorria.

– São perguntas demais. — ela chacoalhou a cabeça aturdida. — Você fez xixi na van. — observei ela tapar a boca com a mão contendo um riso infantil. Ao respirar fundo senti o cheiro de urina que se espalhava pela van úmida, minha calça estava molhada e aquilo passou a me agoniar ainda mais.

– Está tudo bem, não condenamos as crianças por fazerem xixi no show.

– Isso não é um maldito show, sua filha da puta maluca! — cuspi em seu rosto que estava próximo ao meu.

Dami passou a mão lentamente no rosto, seus olhos pequenos estavam arregalados, porém distantes, a essa altura eu sabia que ela estava revivendo alguma coisa, desejei ter algo que não fosse balões para me defender.

– Você cuspiu em mim. — ela disse baixo. Minha pele toda se arrepiou, aquele tom acompanhado da voz firme da garota deixava tudo pior, uma voz fria e morta.

Em um movimento rápido ela segurou meu pescoço me obrigando a deitar no fundo da van, minha cabeça bateu em alguma coisa, e mais uma vez vi estrelas.

– Sabe quem fez isso, Gahyeon? — perguntou transferindo um tapa no meu rosto, eu engasgava tentando puxar algum ar para meus pulmões. — Aquele homem loiro, aquele maldito Han, aquele homem que entrou na lona do meu pai sem autorização!

Ela soltou meu pescoço, tossi até conseguir que o ar circulasse direito pelos meus pulmões, minha visão escurecia, mas eu não queria desmaiar de novo, eu não queria ficar mais tempo naquele lugar.

Há quanto tempo eu estava lá dentro? Um dia? Dois? Uma semana? Que horas eram? Era dia? Noite? Eu não fazia idéia.

Ouvi sons ocasionais de alguns carros passando, não nos encontrávamos mais no mesmo lugar estávamos, disso eu tinha absoluta certeza, porque antes eu não conseguia ouvir nada, talvez se estivéssemos em uma estrada deserta, parecia propício para uma situação como aquela, mas agora só havia sons.

– Eu entrei naquela lona, Gahyeon. — a encarei a tempo de ver seus olhos brilharem com lágrimas contidas. Mas aquilo não importava, porque eu não tinha pena dela.

Flashback on - Dami...

– Vejo que suas apresentações estão indo bem, Lee — disse o homem loiro que momentos antes havia se apresentado como Lee YoonG.

– Estamos sim, senhor Han. — era notável que meu pai estava nervoso diante da visita do empresário.

– Imagino que esteja lucrando muito com os shows, mas enquanto a sua dívida? Não se esqueceu dela, esqueceu, Lee?

Observei meu pai engolir em seco, é claro que não havíamos esquecido da dívida, mas nossos shows não andavam tão bem quanto aquele homem achava.

– Não esqueci, e irei pagar, um Lee nunca descumpre uma promessa.

– Besteira!— Han bateu na mesa com força assustando todos, inclusive sua filha que tentava se fundir com o vermelho da lona.— Por que não  me paga agora, huh? Se parassem de bancar os bonzinhos ao destinar dinheiro para aqueles bandos de azarados sem lares, talvez tivesse dinheiro para quitar a dívida que fizeram comigo!— gritou o homem batendo na mesa outra vez.

BalloonsOnde histórias criam vida. Descubra agora